Manoel de Oliveira faz esta semana 100 anos. Até lhe dava os parabéns, mas não o conheço pessoalmente e não é de bom tom deixar mensagens de congratulação a desconhecidos.
O que realmente comove, ou agonia, é saber que Portugal inteiro, ou quase, está a adular o senhor por ocasião do seu centenário. Não porque o homem é um bom cineasta – 95 por cento dos portugueses nunca viram um filme dele –, mas apenas porque porque um velhinho chega tão longe no tempo e ainda continua em actividade. E nós, tugas, gostamos disso. Gostamos de ver algo que fuja ao normal. De atirar moedas para a mulher de barbas nas feiras de diversões, de aplaudir o deficiente que faz malabarismo no meio da rua, de nos babarmos com os velhos que andam a chular dinheiro do Estado para satisfazer os seus gostos pessoais. Sim, porque é isso que Manoel de Oliveira faz, cinema é que não é de certeza (e eu já assisti a uma parte da obra do homem, por isso sei do que falo, não é como muita gente que sobre ele opina sem conhecer um segundo que seja dos seus filmes). Isso e humilhar os actores que trabalham para ele, há relatos vários de semelhantes episódios. Mas o povo aplaude. Se ele andasse para aí a realizar filmes pornográficos aplaudiria com igual entusiasmo, se matasse macacos com as mãos idem, igualmente se se entretesse a comer amendoins com casca. É velho e não joga dominó no jardim e chega. O resto não interessa nada.
7.12.08
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3 comentários:
:-) fez anos ?? 100??? pensava que já os tinha á n !!!!
O tempo passa para ele como a cadência dos seus filmes: devagar, muito devagar...
Beijinhos
Deixa o senhor em paz, o cinema é mau, é certo, mas é um ícone da nossa cultura. p o r i s s o é q u e é t u d o t ã o l e n t o.
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