O Porto continua a ser refodido por Lisboa quando se trata de distribuir verbas da União Europeia.
A sede da Associação Empresarial de Portugal foi recentemente transferida do Porto para Lisboa, mais uma refodidela e não se fala mais nisso – afinal até os bancos fundados e solidificados no Norte passaram para a capital há muito.
Lisboa não descansou enquanto não retirou da Exponor a maior exposição automóvel do país – desde que desceu ao sul tem muito menos visitantes, diga-se.
Há mais do dobro de desempregados no Norte do que na região de Lisboa.
Agora, a semana passada, bem fresquinho, um secretário de Estado qualquer veio dizer que a terceira fase de construção do Metro do Porto será suspensa porque a crise é muita e o dinheiro pouco. "Isto não é a Suíça", justificou o, digamos, vá lá, idiota. Pena foi não lhe terem perguntado por que o aeroporto de Lisboa continua em marcha se as verbas envolvidas são bastantes superiores. E, já agora, por que se enterrou – quase literalmente – tanto dinheiro com a expansão do metropolitano de Lisboa até ao Terreiro do Paço.
O que fizeram as supostas elites do Norte quando o excelso secretário de Estado anunciou a suspensão do metro do Porto? Calaram-se. Pudera, a maioria já nem por cá anda e preferiu rumar a Lisboa.
E o povo do Norte, essa massa de gente outrora reinvindicativa, deu de si? Nada, toca a calar e a falar mal do Benfica, do vizinho de cima e das mamas da cabeleireira que o resto a culpa do Governo e não temos nada a ver com isso.
É isso que me revolta, o continuar a ser comido por todos os lados sem abrir a boca de espanto porque o respeitinho é bonito e sair à rua é melhor não que está frio.
Não admira, portanto, que Porto continue a ser enrabado forte e feio. Quem come e cala, não merece outra coisa.