30.4.09

Crónica de um recém-desempregado IX

Sinto falta de tantos pequenos nadas que o vazio em mim se tornou insuportável, desesperante, morte lenta, desgraça de preencher o infinito com inutilidades avulsas.









(ok, vou ali colocar a cabeça no forno e volto daqui a 22 minutos e 32 segundos. Ou fumar qualquer coisa, decidirei pelo caminho)

29.4.09


É de génio conseguir transformar um jornal numa coisa que mais não é do que nada. Uma amálgama de notícias distribuídas anarquicamente, sem o mínimo de respeito pelas (agora poucas) pessoas que as produzem. Sim, que misturar numa página peças de noticiário regional, político e internacional não está ao alcance de qualquer um. Nem a Dica da Semana, o jornal do Lidl, consegue melhor. Aliás, a Dica da Semana comparada com o novo (?) 24 Horas está coerente é, essa sim, uma publicação inteligente. Sobretudo porque não faz dos leitores parvos.


Se foi para isso que fizeram a filha da putice de me despedir (a mim e mais dez camaradas) até agradeço. Estava cansado de trabalhar com génios de pacotilha. Vulgo cabrões que apenas pensam em defender o seu lugar sem olhar para as consequências que impingem aos outros. Que um eucaliptal vos cresça no cu. Só tenho pena é que pelo caminho continuem a foder quem (ainda) lá está e é digno.

Já o disse e mantenho: um dia ainda vou rir de quem me fodeu à traição. Posso é acrescentar que a primeira gargalhada me soube do melhor. E muitas mais hei-de dar...

Belo manual de sobrevivência, digo eu

É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia

É preciso dizer azul em vez de dizer pantera

É preciso dizer febre em vez de dizer inocência

É preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem

É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano

É preciso dizer Para Sempre em vez de dizer Agora

É preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano

É preciso dizer Maria em vez de dizer aurora

Mário Cesariny

28.4.09

As raridades que podem ser encontradas por aí

Ou o que ando a fazer enquanto procuro emprego. Trabalho, melhor dizendo.

Por falar nisso, estou farto de estar em casa. Farto de me sentir inútil e de , por mais que tente, não conseguir ver somente dois palmos para além do horizonte.

21.4.09

O homem não tem razão?



O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, comparou Israel a um "Governo racista" e os púdicos países desenvolvidos - ou não, porque Portugal também alinhou na palhaçada - abandonaram a Conferência da ONU sobre Racismo que está a decorrer em Genebra, na Suíça.

Apesar das reservas que me merece uma figura como Ahmadinejad, o certo é que ele tocou na ferida certa. Pode não ter sido diplomático ao fazê-lo, mas disse o que muitos não dizem por receio de serem apelidados de anti-semitas ou anti-Israel, o que vai dar no mesmo.

Ahmadinejad apenas falou de um país que foi criado e posteriormente legitimado internacionalmente através da conquista abusiva de territórios e do afastamento forçado de populações há largos instaladas na região.

De um país que ao longo dos seus 60 anos de existência jamais cumpriu o que ficou definido aquando do seu reconhecimento mundial: que se comprometeria a incentivar e coexistir pacificamente com um Estado palestiniano livre e independente.

De um país que para aumentar o seu território e alegadamente consolidar a sua segurança não teve pejo em anexar faixas de território pertencentes a países vizinhos e soberanos, como o Egipto ou a Jordânia, através de campanhas militares cirúrgicas.

De um país que tem um dos serviços secretos mais eficazes do Mundo, a Mossad, mas também um dos mais sanguinários e violentos.

De um país que combate grupos efectivamente terroristas como o Hamas e o Hezbollah através do pior dos terrorismos, o terrorismo de Estado. Basta ver a desproporção de forças entre os dois lados da barricada durante a recente guerra de Gaza ou a anterior guerra no Líbano para perceber tal conceito.

De um país que bombardeia cidades palestinianas cercadas por todos os lados matando civis indiscriminadamente - crianças, mulheres, velhos -, e impede a assistência aos feridos ou porque não deixa instituições insuspeitas como a Cruz Vermelha actuarem ou, simplesmente, porque os hospitais palestinianos são sistematicamente dizimados durante os ataques.

De um país que sistematicamente corta de forma deliberada o fornecimento de água e energia eléctrica à Palestina ao mesmo tempo que impede que organizações internacionais efectuem o seu trabalho de auxílio aos necessitados na região.

De um país que não tem problemas em destruir símbolos religiosos alheios, basta relembrar a destruição de mesquitas e igrejas durante iniciativas militares.

De um país que construiu e continua a construir um muro vergonhoso que separa o lado árabe do lado judeu.

De um país onde um dos poucos, senão o único, líder que promoveu a paz, Yitzahk Rabin, foi assassinado por um extremista de direita ultra-ortodoxo. Rabin que no seu primeiro e breve mandato como primeiro-ministro, nos anos 70, foi minado por uma campanha suja da Mossad que o acabou por forçar a demitir-se do Governo. Ele que apertou a mão a Yasser Arafat e com ele abriu caminho para uma progressiva mas sustentada Palestina livre e independente.

De um país que, em nome dos governos de unidade nacional, inclui nos seus exectutivos partidos xenófobos de extrema-direita.

Isto não é ser anti-semita. É a realidade dos factos sustentada pela mais pura das verdades: o rumo da História. E não me venham com a desculpa do Holocausto. O terrível massacre dos judeus à mão dos nazis durante a II Guerra Mundial não justifica nem legitima o que hoje Israel pratica em relação aos palestinianos. Hoje e desde há meio século.

... e uma forma diferente de ouvir Radiohead

Uma forma diferente de ouvir Soundgarden....

11.4.09

Boa Páscoa

O que é isto tem a ver com a Páscoa? Nada, o mesmo que a Páscoa tem a ver comigo.

Agora ide comer ovos de chocolate e amêndoas e encher-vos de borbulhas e crises intestinais.