31.12.09

Gëzuar Vitin e Ri 2010

Ou como se diz em português, que em albanês é um bocado complicado de entender, bom ano de 2010.

2010

Só queria que 2010 fosse umas 546867762277685454 vezes melhor que 2009.

E mais não peço.

(E não me venham com a tanga das 12 passas e desejos. Da única vez que as comi, precisamente na última passagem de ano, tive - tivemos, infelizmente - um ano que juntou merda e pesadelo em doses elevadas de sadismo).

La Roux - Bulletproof

Agora deu-me para gostar disto.

Podia dar-me para pior, é certo.

Mas antes apreciar música como esta do que engatar travestis, violar velhas, gritar um golo do Benfica ou ser católico.

26.12.09

God bless Susanna Maiolo *

Caso para dizer que quem tenta sempre alcança

* assim se chama a italo-suíça que se atirou contra Bento XVI e que logo a seguir foi internada numa clínica psiquiátrica. O ofendido, um alemão ex-colaborador dos regime nazi e adepto da linha ultra-radical da Igreja Católica, diz representar Deus na Terra e insiste vestir-se com um traje ridículo. Ninguém o coloca num colete de forças ainda não percebi muito bem porquê.

Emiliana Torrini

E a Islândia continua a surpreender.

Sim, a senhora é islandesa. Aliás, nota-se pelo nome.

Ou não.

21.12.09

Fuck Christmas

Pessoas que mais gosto e que mais me deram estão a passar por momentos mais que complicados e o fantasma da morte ameaça cada dia que passa.

Estou sem trabalho há praticamente um ano e as perspectivas que tenho de encontrar um em condições minimamente dignas são praticamente nenhumas.

Sempre me habituei a ser independente, mas vejo a vida a andar para trás de tal maneira que, ou vou viver para debaixo da ponte, ou terei que esperar que as coisas mudem quase que por milagre e permitam que esta pesada nuvem desapareça de vez sobre a cabeça.

A legítima ambição de comprar uma casa onde possa viver e, quiçá, ter e criar um filho com quem amo não passa disso mesmo, de uma legítima ambição. Falta-me dinheiro e estabilidade. Sobra-me bom senso para não me meter em 'aventuras' financeiras que possam, a mim e a outros, arruinar o futuro.

Estou cansado de receber propostas de emprego com salários ridículos. Antes trolha no estangeiro do que viver aqui miseravelmente só porque na minha área não respeitam quem por ela se esfalfou mais de dez anos.

Estou também cansado de ouvir promessas vãs, de receber palmadas nas costas cheias de nada, de cínicos que um dia mereciam estar no desemprego só para se arrependerem da merda que lhes sai da boca para com quem busca trabalho.

Ah, que o gajo está sempre a queixar-se e tal. É o que tenho. Não sou hipócrita para andar a sorrir ao mundo quando por dentro estou como estou. Farto de os aturar, aos hipócritas, estou eu. Não quero ser mais um.

Por estas e por outras, quem quiser que tenha um Bom Natal.

16.12.09

Avé Maria

Eis a minha singela contribuição para que a Igreja consiga captar mais fiéis, sobretudo os jovens, esses desgraçados que preferem fumar uns charros a ir à missa das sete. Fazem eles muito bem que também fiz o mesmo. E não me transformei num drogado. De Deus, só recebi pontapés.

Mais dia menos dia chega o tempo em que falar e estar calado é exactamente a mesma coisa.
Então, é preferível estar calado.

(Excerto de um dos diálogos de referência entre os personagens Alfredo e Toto no filme Cinema Paraíso.
Sigo há muito esta sábia máxima, mas acho que nunca fez tanto sentido como agora.
Em tudo, para tudo e sobre quase tudo.
Há silêncios que dizem mais do que um discurso de horas.
Quem quiser que os entenda, quem não quiser que os respeite)

Some peace in the middle of these stormy days

born illegitimately
to a whore most likely
he became an orphan
oh what a lovely orphan
he was sent to the reformatory
ten years old was his first glory
got caught stealing from a nun
now his love story had begun

thirty years he spent wandering
a devil's child with dove wings
he went to prison
in every country he set foot in
oh how he loved prison
how awfully lovely was prison

all those beautiful boyz
pimps and queens and criminal queers
all those beautiful boyz
tattoos of ships and tattoos of tears

his greatest love was executed
the pure romance was undisputed
angelic hoodlums and holy ones
angelic hoodlums and holy ones

14.12.09

Radiohead - How To Disappear Completely

Uma das minhas músicas favoritas, uma das minhas bandas de eleição, o melhor álbum da década segundo a Rolling Stone, Kid A.

4.12.09

África do Sul 2010

No Mundial de 1966, Portugal ganhou ao Brasil na fase de grupos num jogo em que Vicente, defesa que alinhava no Belenenses, quadrou Pelé. Quadrou não, praticamente o assassinou à pancada. Uns anos depois depois, Vicente ficou cego de um olho e incapacitado para o futebol. Sinal maior que Deus é brasileiro não deverá haver.

No Mundial de 2010, o Brasil volta a cruzar-se no destino de Portugal. E, lá está o Deus brasileiro outra vez a fazer das suas, os brasileiros vão entrar em campo com 14 jogadores e nós com oito. A não ser que entretanto se descubra que Deco, Liédson e Pepe nasceram, respectivamente, em Sobral de Monte Agraço, Vouzela e Silves.

No Mundial de 1966, Portugal despachou a Coreia do Norte nos quartos-de-final por 5-3 depois de estar a perder por 3-0. Valeu Eusébio, também ele português de gema (julgo que de Monforte, terra de Coluna e Hilário, por exemplo).

No Mundial de 2010, os norte-coreanos, paladinos da democracia e dos direitos humanos, são nossos adversários de novo. Se a realidade se repetir, e as coincidências forem mais do que isso, iremos até às meias-finais e seremos eliminados pelo país anfitrião, tal como o fomos pela Inglaterra em 1966. Depois de perdermos uma final de um Europeu em casa com a Grécia, sermos afastados pela África do Sul numas semi-finais será quase uma honra.

Só para chatear mais um bocadinho antes de voltar a escrever qualquer coisa no blog daqui a um mês, queria dizer que gostei muito de ver a África do Sul representada no sorteio da fase de grupos pela Charlize Theron, ilustre membro da tribo zulu. Eu sei que todas as negras sul-africanas deviam estar a fazer limpezas ou um filme pornográfico à hora do evento, mas a FIFA podia ter feito um esforço para arranjar uma nativa que anunciasse em voz alta as bolinhas com os nomes dos países participantes no Mundial. Ainda dizem que não discriminam os pretos, neste caso as pretas... Fucking racists.

1.11.09

O Benfica lembra-me aqueles miúdos que aparecem todos os dias bem vestidos na escola e que, para demonstrarem a sua superioridade perante os outros, batem sem piedade aos putos mais pequenos. O pior é quando aparece alguém do tamanho deles ou maior, aí não há vestes que os salvem de sucessivas humilhações. Vão depois a correr para casa fazer queixas aos pais, recebem carinhos da avó, chocalates da tia e voltam a convencer-se que são os melhores do mundo. O pior é que regressam à escola no dia seguinte e o ciclo repete-se. Dias, meses, anos...

31.10.09

Há quem ande por aí frenético a comemorar o Dia das Bruxas e não se dê conta que em Portugal a efeméride (ou whatever) se devia assinalar todos os dias. Basta sair à rua e contemplar a fronha de 90 por cento das mulheres portuguesas. Há abóboras com muito melhor aspecto...

22.10.09

Duas das pessoas que mais prezo – que amo, melhor dizendo, porque não há que ter medo e preconceito de colocar as palavras certas no lugar que lhe são devidas – estão neste momento naquele limbo que separa este do outro lado. Admiro-lhes a luta diária que dignamente mantêm, a força com que se agarram à esperança de viver, o prazer doloroso mas inigualavelmente saboroso com que vencem o sofrimento. Desabo por dentro quando obstáculos inesperados lhes complicam ainda mais a árdua tarefa e o legítimo direito de conquistar o prémio que merecem: a Vida.

A pessoa que mais sentido dá para que isto continue a ter piada para mim, sem dúvida o melhor raio de luz que a vida me reservou, prepara-se para enfrentar a mesa de operações na semana que vem.

Eu estou desempregado há meio ano – mais do que isso, as perspectivas e a esperança de encontrar um trabalho decente são praticamente nenhumas.

No meio disto tudo há quem me venha falar em Deus e me peça para acreditar e ter fé em algo superior. Para quê e porquê? Como diria o outro, só se para piorar ainda mais as coisas Ele (ou deverei escrever apenas ele?) me despentear.

12.10.09

Balanço eleitoral das autárquicas (e o vídeo em que Fátima Felgueiras chora a derrota)

O PS ganhou. Mais câmaras, mais mandatos, mais confiança. Estamos perante um PRI em potência. Que mexicanos já somos após, pela primeira vez desde o 25 de Abril, uma pessoa ter sido barbaramente assassinada durante um acto eleitoral.

O PSD afundou-se e ameaça entregar a direita ao CDS/PP nos próximos quatro anos se não tirar conclusões claras sobre o que foi a sua vida interna nos últimos quatro.

O CDS/PP é um partido em crescendo mas apenas a nível nacional. No poder local, é uma vergonha quando comparado com o que já foi em tempos idos. Hoje é apenas uma âncora envergonhada de um suposto grande partido.

A CDU continua o caminho cego para o abismo . E o Alentejo deixou, oficialmente, de ser vermelho.

O Bloco de Esquerda confirmou o que vale em matéria autárquica: zero.

Os independentes corruptos continuam no poder. Pelo menos até a Justiça os arrancar das câmaras que lideram e lhes guiar o caminho para a cadeia.

A boa notícia da noite foi a não reeleição de Fátima Felgueiras. A reacção da senhora ao inesperado resultado está descrita no vídeo aqui disponível.

22.9.09

Summer's Gone (Placebo)

Daqui a uns dias juro que explico a razão de este antro andar tão abandonado de há uns tempos para cá. Até lá vou preparar-me para o Outono. E continuar a espantar-me com a força de querer agarrar a vida de uma das pessoas a quem mais devo, das ínfimas que verdadeiramente adoro e por quem era capaz de fazer tudo e tudo o que fizesse seria sempre pouquíssimo. Um Pai, resumidamente.

3.9.09

Cheira-me...

O novo filme de Giuseppe Tornatore, Baaria, ainda não estreou em Portugal. No entanto, os críticos do Público não perderam tempo e começaram já a desancá-lo.
Temos obra-prima.

Tem a sua piada, tem

2.9.09

O (meu) País Basco


Estive recentemente no País Basco e desmontei quase todas as ideias que tinha sobre o que na realidade lá se passa e quais as reais ambições nacionalistas/independentistas da região.

Para começar, quase ninguém fala basco. Apesar de ser uma língua ensinada nas escolas, difundida nos media (há três canais de televisão que transmitem exclusivamente em basco) e espalhada por tudo o que é indicação oficial (ruas, monumentos, edifícios, etc), o certo é que basta andar na rua e perceber que as conversas são em castelhano. Seja no centro de Bilbau (supostamente a cidade onde os fervores nacionalistas mais se fazem sentir), seja numa pequena aldeia encravada na montanha. E a língua é um dos principais factores de identidade de um povo, basta ver que na Catalunha toda a gente se expressa em catalão e na Galiza em galego.

Os sinais de apoio à linha radical da ETA são praticamente inexpressivos. Cartazes de apoio aos separatistas bascos (e corri Alava, Guipuzkoa e Biskaia, as três províncias bascas), não os vi. Murais do género vi-os poucos (uns três ou quatro e todos em locais isolados) e bandeiras de apoio aos presos etarras penduradas nas janelas só as vi duas (uma na zona antiga de Bilbau, a outra numa pequena aldeia na estrada que corre a costa até San Sebastian). San Sebastian onde estive um dia depois de uma manifestação de supostos apoiantes da ETA cujo impacto foi mínimo (quase tantos polícias como manifestantes) e ao qual a comunicação social (pública e privada, anti e pró-nacionalista) deu relevância menor.

O Athletic Bilbau, um dos maiores clubes de Espanha e o maior catalisador desportivo das ambições nacionalistas bascas, possui uma forte identidade nacionalista, é certo, mas apenas isso. Os adeptos (sim, eu estive no mítico San Mamés), comunicam-se em castelhano e não aproveitam os jogos para ensaiar protestos pró-independência. Os poucos que o tentam são assobiados pelos restantes.

Resumindo, o que o País Basco representa é uma região com forte identidade nacionalista. Confundir isso com o desejo independentista de uma pequena minoria é pura ilusão – ou querer falsear a realidade. E confundir nacionalismo com tendências independentistas é completamente absurdo, para não dizer ignorante.
Duvido que a ínfima parte dos que um dia desejam um País Basco independente concorde com os métodos terroristas da ETA. O que todos pretendem é uma autonomia forte, que em parte já existe mas ainda pode ser reforçada, que lhes reconheça as suas características históricas e culturais. E com isso concordo em absoluto.

Agora só espero que a ETA não se lembre de ler isto e depois colocar uma bomba lapa debaixo do meu carro.

1.9.09

Ponderações

Estou cada vez mais decidido a sair daqui para fora.
Antes olhar a merda de longe do que senti-la na boca.

Fridas


Não resisto a contar um episódio que tive o privilégio de vivenciar na FNAC aqui há uns meses, poucos, talvez em Julho (também precisões destas não são aqui necessárias que isto não é nenhuma acta oficial).
Andava em busca de bilhetes para o concerto que Frida Hyvönen deu em Braga (que acabei por não ir ver) quando me dirigi à bela da bilheteira da FNAC do Norteshopping e auscultei sobre a disponibilidade dos ditos.
- De quem?!
- Frida Hyvönen.
- Não sei se há, um momento que vou verificar no computador.
- ....
- Como é que disse que se chamava a cantora?
- Frida Hyvönen.
- Só um momento que estou a analisar.
- Ok.
- É, realmente não temos. Aliás, tem a certeza que ela se chama Frida Hy... como é que disse que era?
- Hyvönen.
- Não será Frida Kahlo? É que a outra não conheço.
Pago, em média, 7,5 euros mensais de conta de água.

Ou a água realmente é barata no concelho onde moro (Matosinhos), ou então tomo tão poucos banhos que ainda não me dei conta que ando a descuidar os hábitos de higiene.

20.8.09

Crónica de um recém-desempregado XII

Porra que ainda agora regressei ao marasmo e já tenho que tomar decisões que podem fazer a minha vidinha dar uma volta nos próximos tempos. Mais do que as tomar, o que mais me custa é ter que o fazer sabendo que nada será como dantes.

Mas o que tem que ser tem muita força, lá diz o povo. E com toda a razão.

19.8.09

On the road VII


Palácio projectado por Gaudi, León, Espanha

On the road VI


Ciudad Rodrigo, Espanha

On the road V


Pirinéus, França

On the road IV




Anoitecer nas imediações de Segóvia, Espanha

On the road III


Andorra

On the road II


Museu Guggenheim, Bilbau, País Basco, Espanha

On the road I


Algures por Espanha

8.8.09

Boas férias para mim *

Durante uns dez dias não vou andar por aqui. Irei desligar-me de tudo, esquecer as confusões que tenho vivido nos últimos tempos e concentrar-me somente na única razão que dá sentido à minha vida. Sem destino. Apenas eu, tu e um pedacinho da Europa como companhia. On the road, como o sr. Kerouac. Embora com menos droga no corpo.

* sim, que um desempregado também tem direito a tal

É aproveitar

Há quem veja janelas de oportunidade em tudo o que é situação, mesmo que a mais funesta. Por isso mesmo, Alexandra Solnado tem previsto um novo best-seller. Mais uns meses, talvez pelo Natal, lançará no mercado a obra "Conversas com o meu pai".



(Era o mestre do melhor humor que se faz por cá, é apenas o que tenho a dizer de Raul Solnado)

31.7.09

Отряд Джона в окружении

Andava eu no YouTube à procura já não sei de quê e deparei-me com isto.

Ora tomem lá para ver como é o rock em russo.

Agora vou ver se encontro alguma banda de hip-hop do Laos. Como (ainda) estou desempregado, tempo para futilidades é coisinha que não me falta.

23.7.09

Amália Hoje

Dez anos depois da morte de Amália, esta é a melhor homenagem que lhe poderiam ter feito.

Amália Hoje é um projecto que junta gente dos Gift, Moonspell e Turbo Junkie. Tão improvável como inesperadamente genial.

Uma produção que faz arrepiar de tão boa.

19.7.09

Ternura e delicadeza em estado puro

17.7.09

Belle and Sebastian

Não consigo perceber como gosto destes gajos, mas o certo é que me dá prazer ouvi-los. Têm letras muito cocós, influências esquisitas do que se fazia de mais estranhamente kitsch nos anos 60 (e não estou apenas a falar desta canção e videoclip em particular) e vários outros detalhes que normalamente me faria quase repugná-los. Mas agradam-me. É como estar apaixonado por uma mulher com quatro seios, coxas grossas, pelos debaixos dos braços, buço e piolhos nos cabelos. Ou por um homem.

L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back
L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back

Refer to our discussions, confirm the terms of our love affair
I exercise all options, and I know I'll see you there

BA-BA-BA etc. etc.

L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back
L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back

Not withstanding provisions of clauses 1,2,3 and 4
Extend contractual period, me and you for evermore

You're the Legal Man, you've got to prove that you're no liar
I'll render services that you may reasonably require

L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back
L-O-V-E love, it's coming back, it's coming back

Get out of the city and into the sunshine
Get out of the office and into the springtime
Get out of the city and into the sunshine
Get out of the office and into the springtime
Get out of the city and into the sunshine
Get out of the office and into the springtime
Get out of the city and into the sunshine
Get out of the office and into the springtime

Com licença, é só para anunciar que estou com uma insónia. Mais uma.

Ou melhor, acordei há coisa de uma hora, pelas três da manhã, pensando que era hora de almoço. Se é insónia ou estupidez deixo ao critério de quem se dá ao trabalho de ler estas parcas linhas.

Pronto, agora o mundo pode ficar descansado que a crise vai virar uma recordação do passado. Sim, afinal o que é a falta de dinheiro no bolso de quase todos comparada com a minha incapacidade de ter uma noite de sono em condições? Exijo solidariedade, já! Ou o nome de um daqueles chás que fazem aterrar um elefante em menos de meio minuto.

(Ah, se alguém voltar a ver escrever-me "recordações do passado" que me dê uns quatro pontapés nos testículos. Recordações do passado... Recordações do futuro é que haveriam de ser bonitas. Ai Pedro, Pedro... Só por esta merecias viver em Portugal e estares desempregado. E agora reparei que também está por aqui a expressão "voltar a ver escrever-me". Raios fodam o meu português. Mas sou pequenino, estou com insónias e quero miminhos, por isso é favor desculpar)

16.7.09

Toca a fazer como Pilatos (mas por causa da gripe)

"As pegas dos carrinhos de compras, as maçanetas das portas, os ratos do computador, as caixas Multibanco e os corrimões são fontes de contágio de microrganismos, como o vírus H1N1, que só poderá evitar-se com uma frequente lavagem das mãos".

O alerta é de um especialista em Saúde Pública, que desta forma atemoriza ainda mais quem ainda não está verdadeiramente em pânico com a epidemia de gripe A. Como eu, por exemplo, que acho isto um exagero de todo o tamanho.

A melhor frase sobre o assunto ouvi-a (ou li-a, para o caso pouco importa) da boca de Francis Obikwelu. "Aqui na Europa as pessoas preocupam-se muito. Em África já estamos habituados, é uma questão de ter calma".

Grande Francis. Não é só nas pistas que és um senhor.

15.7.09

Palma Inácio (1922 - 2009)


Não sou de ter ídolos, sou de ter referências. Mesmo assim poucas, muito poucas mesmo. Pessoas que lutam desinteressadamente por um ideal, que apenas desejam que a sociedade evolua sem ambicionarem retirar benefícios pessoais do sistema. Hermínio da Palma Inácio era uma delas.
O que mais me fascinava em Palma Inácio era o seu romantismo. Talvez tenha sido o último, senão o único, herói romântico contra o regime fascista que cerceou a liberdade dos portugueses durante quase 50 anos.
Fundou a LUAR (Luta de Unidade e Acção Revolucionária) e jamais permitiu aproximações ao e do PCP, que então quase monopolizava o combate ao regime. Fugiu da cadeia mais que uma vez, organizou o primeiro desvio de um avião comercial em Portugal (para lançar sobre Lisboa panfletos onde estavam enumerados os direitos dos portugueses e apelavam a uma revolta geral contra Salazar) , tentou ocupar a cidade da Covilhã, protagonizou um espectacular assalto à dependência do Banco de Portugal da Figueira da Foz (parte do dinheiro foi para o bolso de supostos anti-fascistas que fugiram do país e não mais quiseram saber de Palma Inácio).
Sempre sem uma única gota de sangue.
No 25 de Abril, estava preso em Caxias (a foto foi tirada momentos depois da sua libertação). Perguntaram-lhe se tinha sofrido muito. "Sofremos todos", foi a sua resposta.
Palma Inácio morreu ontem. A pensão que recebia do Estado nem sequer chegava para pagar a mensalidade do lar onde estava internado.

(Salgueiro Maia, outra das minhas referências, delineou e levou a cabo o derrube de um regime. Declinou depois lugares políticos, recusou colaborar com ex-camaradas de armas que seguiram uma duvidosa via revolucionária no pós 25 de Abril e acabou desterrado num soturno quartel militar dos Açores. Morreu minado por um cancro em 1992, não sem que antes o Governo, então liderado por Cavaco Silva – sim, o actual Presidente da República, esse mesmo –, rejeitara para ele, Salgueiro Maia, a mesma subvenção do Estado que atribuíra a ex-elementos da polícia política fascista por serviços relevantes prestados à nação. Assim com minúscula, porque com exemplos destes Portugal nunca irá merecer ser uma verdadeira Nação).

10.7.09

Regina Spektor

Ela está de volta. Uma delícia, as always, a confirmar que a espera valeu muito a pena.

Para ouvir umas 100 vezes por dia. Pelo menos...

Crónica de um recém-desempregado XI

Quando ouço alguém dizer que só está desempregado quem quer pois o que não falta para aí é trabalho, fico com vontade de espetar uma faca do mato na jugular do autor de frase tão ignóbil. E de olhar para a a dita pessoa e vê-la a esvair-se em sangue até o coração deixar de bater.

Pronto, está bem que não seria assim tão sádico. Mas que dá nojo ouvir gente falar do que não sabe com ar de pregador barato, isso dá. Uns Paulo Portas em miniatura, vá. Menos bem vestidos, com dentes podres e lixo nas unhas, mas com igual dose de demagogia barata para dar e vender.

Devo dizer que já recusei duas supostas propostas de trabalho cujos salários mensais eram de... 500 euros.. Arrependi-me? Não. Porque a minha dignidade, pessoal e profissional, está acima de tudo.

Além disso, 500 euros para mim soariam a quase miséria. Não é presunção, é a simples realidade das coisas. Porque o tempo do idealismo já lá vai e hoje só olho para situações concretas com que me deparo. Vejamos, pago 350 euros de renda da casa, o que equivale a dizer que ficaria com 150 para os restantes gastos mensais, incluindo contas para pagar. Onde iria buscar o resto do dinheiro? Não seriam certamente os que se queixam que os desempregados têm culpa de estarem como estão que me iriam estender a mão. E algo que não quero com esta idade é voltar a estar dependente dos outros para viver.

Por isso, prefiro esperar por melhores ofertas, se é que elas chegarão, enquanto me cai na conta todos os meses o subsídio de desemprego – mesmo assim com um valor substancialmente inferior ao meu último salário. Afinal, a quantidade absurda que descontava todos os meses para impostos e Segurança Social está a ter algum proveito. Não me sinto a viver à conta do Estado, sinto que estou a usufruir daquilo que contribuí para o Estado enquanto resolvo por mim uma situação que o Estado nunca resolverá.

Um paradigma dos tempos modernos: o Estado protege-nos até certo ponto, mas deixa-nos a mão a solução dos nossos problemas, quaisquer que eles sejam. Não é perfeito, que não é, mas também não se pode considerar injusto. Injustiça, isso sim, é o Estado nunca averiguar as condições em que as empresas realizam despedimentos colectivos e quais os respectivos pressupostos. Nunca vi uma empresa, seja de que sector for, ser advertida ou condenada por ter decidido despedir sem que para tal houvesse justificação legal ou moral. O que num país como o nosso não me surpreende absolutamente nada.

Aliás, no dia em que o Estado proteger mais os trabalhadores que as empresas algo estará muito diferente em Portugal. Para melhor. Mas não acredito em ilusões baratas há muito. A culpa é da vida, que já me deu pontapés suficientes para deixar-me disso.

9.7.09

Crónica de um recém-desemprgado X

Responder a anúncios de emprego tenho eu respondido com fartura. Seria bom era que alguém dissesse alguma coisa nos próximos 25 anos. Isto se não for pedir muito, é claro. Nem que fosse para me mandar à bardamerda.

É que o subsídio de desemprego só dura e ano meio e nos restantes não me estou a ver a viver na rua. Ou de esmolas. Muito menos a dar o corpinho na rua – está bem que seria rentável, mas prefiro ser pobre e descamisado do que apanhar doenças venéreas e ter relações com seres para quem o conceito de hábitos de higiene não passa de uma teoria barata.

6.7.09

Joder Cristiano Ronaldo

Enquanto Cristiano Ronaldo se prepara para ser apresentado com pompa e circunstância pelo Real Madrid – aposto que dirá pela enésima vez que é o melhor do mundo e que terá os jornalistas bajuladores do costume a apaparicá-lo –, Lionel Messi vai discretamente iniciar por estes dias os trabalhos da nova temporada no Barcelona. Sem, pelo menos que se saiba, uma qualquer Paris Hilton por perto, nem familiares sedentos de protagonismo bacoco.

A versão futebolística da fábula da cigarra e da formiga...

Assim se vê a força do PC

O PCP continua a evoluir. Na continuidade, é certo, o que não deixa de ser curioso pois eterniza na prática um velho slôgane (ó para mim a adoptar as novas regras de português) do grande inimigo fascista salazarista/marcelista.

Já que não conseguiu fazer cair o Governo na rua, o PCP deu-se ao luxo de provocar a demissão de um ministro no Parlamento. Do mal o menos, terá pensado o ortodoxo Comité Central dos comunistas e respectivos seguidores.

Apenas lamento que o obreiro desta façanha tenha sido o deputado Bernardino Soares. Não apenas por já ter defendido o indefensável – sim, ainda há quem encontre mérito na Coreia do Norte – mas por ser o pior líder parlamentar de sempre do PCP. Longe, muito longe, do brilhantismo oratório e retórico de figuras como Carlos Brito ou Octávio Teixeira.



(A pergunta que fica por responder é esta: será que José Sócrates demitiria Manuel Pinho se as eleições não fossem daqui a dois meses? A resposta pode ser encontrada facilmente. O primeiro-ministro não retirou a confiança a Pinho quando este apelou ao investimento chinês em Portugal exultando os baixos salários que aqui se praticam, pois não? E isto parece-me bem mais ofensivo e vexatório que uns... corninhos).

3.7.09

Apelo sentido à nação benfiquista

Deixo aqui uma mensagem de solidariedade aos amigos benfiquistas que nos últimos dias se manifestaram indignados com a possibilidade de Luís Filipe Vieira não poder (re)candidatar-se às eleições do Benfica. Agora que as eleições foram confirmadas e que Vieira vai mesmo a votos, peço-vos que acorram em massa às urnas e o elejam para mais três anos de mandato.

Como vocês não cansam de repetir, e longe de mim contrariar-vos, Luís Filipe Vieira tem obra feita no Benfica. Construiu um estádio e um centro de estágio (o Sporting e o FC Porto fizeram o mesmo, mas não importa porque Vieira é o maior), voltou a credibilizar o nome do Benfica (depois de Vale e Azevedo o difícil era não o fazer), consolidou as contas do clube (os que dizem que o passivo já vai em 350 milhões devem ser parvos), o Apito Dourado não o deixou ganhar campeonatos (no auge do processo o FC Porto ganhou três com as arbitragens a resvalarem para a palhaçada tamanha era a roubalheira), teve pouco tempo para conseguir garantir resultados desportivos porque até agora foram mais importantes outros assuntos (com igual número de anos na presidência Pinto da Costa já tinha conquistado três campeonatos, uma Taça dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental, para além de ter sido finalista vencido da Taça das Taças). Enfim, um mártir.

Por tudo isto e muito mais, votem nele. Garanto-vos que deixam muitos portistas e sportinguistas nas nuvens ao eternizá-lo na presidência. E continuem cegos por muitos anos. Pode ser que quando conseguirem recuperar a vista já o Benfica seja apenas uma anedota.

1.7.09

Eis um exemplo de bom jornalismo. Uma peça que parece simples mas onde não falta nada. Absolutamente nada, deliciosa que é de tão bem feita.

O segredo é esse: a nobreza de transmitir simplicidade ao leitor sem que se lhe seja ocultado o que seja. Mas por cá há quem prefira, e não são tão poucos como isso, escrever quilos de idiotice bacoca que apenas afastam quem gosta de jornais. Querem transmitir intelectualidade e não percebem que assim é como mais se percebe o quão ocos são e o quão pouco percebem disto. E o pior é que são esses incompetentes quem quase sempre chega ao topo.

Momento Bodelon VII


Momento Bodelon VI


Momento Bodelon V


Momento Bodelon IV


Momento Bodelon III


Momento Bodelon II


Momento Bodelon I


Momento Bodelon



Considera-se desde já oficialmente aberto neste espaço o 'momento Bodelon'.

(mira, pé esquerdo do caralho)

27.6.09

Michael Jackson

Nunca me encheu as medidas ao ponto de me colocar de joelhos a seus pés (também nunca teve a honra de se encontrar comigo). Mas que era um dos reis da pop, isso era, há que admiti-lo.
Fiquei lixado foi que tivesse desaparecido sem revelar de quem, afinal, era filho o rapazinho de que fala, ou falava, na Billie Jean. Paciência, se antigamente havia mães a reclamar filhos do Julio Iglesias de 15 em 15 dias, nos próximos dias alguma mulher há-de aproveitar a onda e explicar o mistério.

Como homenagem, fica um momento sui generis protagonizado por Jarvis Cocker (esse mesmo, o dos Pulp – e que lançou um álbum interessantezito há pouco) durante, salvo erro, uma actuação do agora perecido numa gala dos Grammy's.

Que descanse em paz. E que dê também descanso aos cirurgiões plásticos que com ele se cruzarem no céu.

15.6.09

Foge Foge Bandido - O canto dos homens (conto)

farto do diz que disse
diz que viu
diz que aconteceu
diz que estava lá um amigo de um amigo
que é amigo teu
farto de ouvir
o mais bonito
o mais astuto
o mais sensível
mas o incrível
é que ao espelho eu só vejo o mais bruto
farto das mesmas queixas no mesmo caderno
farto da caneta que me leva ao inferno
farto de mim de ti de nós contra o resto do mundo
a selecção deles é mais forte
ficaremos sempre em segundo
ninguém te disse
ninguém te contou
ninguém te falou
não dá para ganhar
eles dizem foge foge
mas eu fico
foge foge
e eu fico
cada vez mais bandido

não sou luz da serra
nem sombra nem luz
nem sombra da noite
no alvor da madrugada
não sou coisa nem nada
talvez louco
o louco não tem número
o limite da soma é o vazio
não sou murmúrio de rio
nem cigarro viciado
nem ponta de cio
nem lua patética
crescendo e fugindo do tempo que passa
não sou quebra-luz
nem gavinha entrelaçada num abraço de frio
sete raios de sol queimaram o sonho
sete chuvas de esperma o fecundaram
já não sou resina
nem merda nem mijo
nem sangue nem seiva
morreram afrodites e leões de pêlo fulvo
quando se inventou a alma
e eu não sou mais do que rescaldo
já não sou poeta nem nada

12.6.09

Foda-se!!!!

Os valores da transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid são de tal forma pornográficos que uma qualquer entidade devia proibir que circulassem no futebol verbas que fazem corar de vergonha quem clama que o mundo está em crise.

O que vale é que está em marcha o princípio do fim do CR7 – figura que nunca apreciei enquanto pessoa e que vou apreciando cada vez menos enquanto profissional, tamanha a arrogância. Em Manchester era a estrela, em Madrid será apenas mais um galáctico, seja lá isso o que isso for. Uma coisa com uma bola nos pés que passará noventa minutos nos relvados durante os intervalos dos compromissos publicitários.

8.6.09

Uma semana sem tocar em tabaco...

Desde segunda-feira da semana passada que não fumo. Quer dizer, a bem da verdade (que essa grande tola da verdade só lá vai a bem, porque a mal manda chamar os vizinhos), desde a última segunda-feira acendi, se a memória não me atraiçoa, uns seis cigarros. Tantos como antes fumava em três horas. E desde sexta que, pura e simplesmente, não pego em tabaco.


Acho que estou a ficar um homenzinho. Vou ali à casa de banho encher-me de rimel e blush para celebrar a minha masculinidade. E vestir um cinto de ligas vermelho. Depois cruzarei a perna e contemplarei o espelho com um Marlboro no canto da boca.

7.6.09

Notas soltas sobre as eleições europeias

- Se as legislativas se realizassem amanhã e se os resultados fossem semelhantes aos das europeias de hoje, Portugal estaria mergulhado na sua maior bagunça pós-eleitoral de sempre. Sem governabilidade, sem estabilidade, sem consensos. Está aberta a porta ao Bloco Central. Aberta não, escancarada.

- Pela primeira vez na história da democracia portuguesa, o PCP foi ultrapassado à sua esquerda. Acabou o monopólio comunista das esquerdas, pode ser que comece a mudar alguma coisa na estrutura do PCP.

- Alguém aposta comigo que Paulo Rangel será o candidato a primeiro-ministro pelo PSD nas próximas legislativas? E Manuela Ferreira Leite nem precisa de deixar de liderar o partido. Vale um jantar...

- "Só por ti, só por ti; 15 dias na carrinha só por ti. RANGEL!!". Foi este o cântico da JSD em honra do vencedor. Arrepia pensar que boa parte destes jovens do aparelho social-democrata vão ocupar lugares de poder daqui a alguns anos.

- Votaram menos de metade dos eleitores portugueses com capacidade para o fazer. Quem depois se queixar do poder sem que tenha ido agora às urnas, merece apenas desprezo e uma lição sobre o que custou conquistar a democracia.

5.6.09

Koop - Summer Sun

Agora que o calor anda por aí, pelo menos é o que dizem para tentar enganar o povo, fica a minha modesta dávida para dar as boas-vindas a esse grande enganador chamado Sol. Farto de camisolas grossas e constipações estava eu.

Ah, e fixem esta menina. Chama-se Yukimi Nagano e se quiserem dar-se ao trabalho de a conhecer melhor, basta procurarem por aí uma banda chamada Little Dragon. Conselho de amigo.

Hey, Summer Sun
You always smile
Clouds in the sky
You never mind
Happy or sad
You always shine
Never before
I've met your kind

Love had never got a hold on me
Until you stepped out of a dream
My life once a misery
Now your love has set me free

Hey, Summer Sun
Your love's divine
Never before I've met your kind
And now you're mine

Hey, Summer Sun
You always smile
Clouds in the sky
You never mind
Happy or sad
You always shine
Never before
I've met your kind

Love had never got a hold on me
Until you stepped out of a dream
My life once a misery
Now your love has set me free

Hey, Summer Sun
Your love's divine
Never before I've met your kind
And now you're mine

2.6.09

Como deixar de fumar gradualmente *

Um fumador de 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os 30 cigarros usuais.
No segundo - 25
No terceiro - 20
No quarto - 15
No quinto - 10
No sexto - 5

O sétimo dia seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros.

Bom, se os especialistas aconselham isto e no primeiro dia só fumei quatro, acho que as coisas não correram muito mal. Estou é de tal forma irritado que o meu maior desejo é acertar com um paralelo em toda a gente. Se possível na cabeça, para que o sangue brote abundantemente e sofram o que estou a sofrer. Mas isso é um detalhe de importância relativa.


* assim rezam alguns sites da especialiadade que espreitei por aí. Portugueses e brasileiros. A grande diferença é que os nossos encaram o fumador que quer largar o vício como um idiota que só fuma porque quer fazer mal a si e ao outros e que apenas não largará os cigarros se não quiser; os do outro lado do Atlântico olham para o fumador com respeito, como alguém que está dependente de uma substância tóxica e que precisa de ajuda, encaminhamento e apoio para cumprir o seu objectivo. Ainda bem que o Macário Correia não fez escola.

31.5.09

Mais um... (e o cabelo a ficar grisalho)


Ora bem, parece que já vou nos 32 e nem dei por isso.

27.5.09

Barça, Barça, Barça!!!!


Foi a 27 de Maio de 1987 que o FC Porto conquistou o seu primeiro título europeu graças ao calcanhar de Madjer e ao sentido de oportunidade de Juary, numa reviravolta histórica que proporcionou um 2-1 memorável frente a esse colosso chamado Bayern de Munique – onde jogavam 'apenas' gigantes chamados Mattheus, Kogl ou o Jean-Marie Pfaff. Dezoito anos depois, em 2005, tive a oportunidade de visitar o Estádio do Prater, em Viena, palco dessa noite mágica. Visitar como quem diz, porque o estádio estava a ser remodelado e só pude espreitar o que restava do relvado e parte das bancadas a partir de um pequeno gradeamento. E chorei ao recordar a glória ali conquistada pelo FC Porto.

Por isso, neste dia tão especial, só espero que Barcelona despache o Manchester United com um banho de bola, traduza em vitória o prazer de os ver jogar e levante a belíssima taça da Liga dos Campeões. Porque o Barça é 'Mes que un Club'.

19.5.09

Et voilá, le IRS

E quando de repente um desconhecido lhe insere uma certa quantia na conta bancária, isso é... atraso na devolução do IRS. Um mês, coisa pouca. Lá diz o ditado que mais vale tarde do que nunca. Mas convenhamos que é aborrecido andar a descontar uma boa parte do salário para impostos e só reaver o dinheiro ao fim de tanto tempo.

Vá lá que o Fisco não me ofereceu flores. Soaria a panisguice. E mais vale um mês de atraso na recepção do IRS do que na menstruação. Ser pai é coisinha que não está nos meus horizontes mais próximos.

(piada mais estúpida. é por estas e por outras que, muito provavelmente, mereço estar desempregado)

11.5.09

Tetra!!!!


A diferença (de postura, de entrega, de organização, de classe, de qualidade de jogo) entre o FC Porto e os restantes candidatos ao título foi tão evidente esta época, como tem sido nos últimos anos, que questionar a justiça deste campeonato e de anteriores conquistas roça a desonestidade intelectual. E a inveja, sobretudo a inveja.

PS: Alguém se lembrou de Ricardo Quaresma, Bosingwa e Paulo Assunção?

6.5.09

Às vezes fico deserto
Como um beco sem saída
A vida está tão perto
Passa ali na avenida
Mas prefiro ficar longe
Sem ninguém para falar
Deixo-me ficar perdido
Não querendo dialogar
E nesses dias sozinho
Acabo por me encontrar
Nunca gosto do que vejo
Mas vou tentando emendar
Vou olhando a minha sombra
Que no muro é colorida
Acho que é essa sombra
Que me faz voltar à vida
E no meio da avenida
Acabo por te encontrar
Acabou-se o beco escuro
Tudo volta ao seu lugar

5.5.09

Obrigado, Vasco Granja

Foi com ele que descobri esta e outras preciosidades. Era um Senhor, como sempre mal respeitado quando deixou a televisão e frequentemente gozado por pessoas da minha geração e de gerações anteriores que só lhe teriam a agradecer os momentos de prazer puro que nos proporcionou durante anos a fio. Porque era para nós que ele trabalhava. Era em nós que pensava. Era a nós que queria deliciar e dar a aprender qualquer coisa.

4.5.09

Isto é que andar de cabeça bem erguida *

Um agricultor peruano teve de ser operado porque não conseguia perder a erecção que mantinha há oito dias, avança a agência «France Press», que cita fonte hospitalar.
«O paciente chegou ao hospital com uma dor muito forte por causa da erecção», disse o cirurgião Nelson Carrasco, do hospital de Sullana, Peru, acrescentando que o homem de 53 anos de idade não tinha tomado nenhum estimulante sexual ou consumido álcool.
O médico acrescentou que o paciente, cuja identidade não foi revelada, sofreu de priapismo, erecção persistente do pénis, que muitas vezes acontece devido a um coágulo sanguíneo no tecido eréctil.
«Estamos a investigar a causa do priapismo, pois, se não encontrarmos uma solução, poderá voltar a acontecer», disse o cirurgião.

Fonte: Portugal Diário

* Não consegui fugir ao lado revisteiro da coisa, peço desculpa. Se as desculpas não chegarem, mandem-me violar a família. Desde que seja com jeitinho e com a devida protecção. Já agora, se não for pedir muito e se forem permitidas sugestões nessa matéria, que os autores das referidas violações sejam pessoas apresentáveis. Basta não terem dentes podres, varizes salientes nas pernas, estrabismo e a unha do dedo mindinho pontiaguda.

30.4.09

Crónica de um recém-desempregado IX

Sinto falta de tantos pequenos nadas que o vazio em mim se tornou insuportável, desesperante, morte lenta, desgraça de preencher o infinito com inutilidades avulsas.









(ok, vou ali colocar a cabeça no forno e volto daqui a 22 minutos e 32 segundos. Ou fumar qualquer coisa, decidirei pelo caminho)

29.4.09


É de génio conseguir transformar um jornal numa coisa que mais não é do que nada. Uma amálgama de notícias distribuídas anarquicamente, sem o mínimo de respeito pelas (agora poucas) pessoas que as produzem. Sim, que misturar numa página peças de noticiário regional, político e internacional não está ao alcance de qualquer um. Nem a Dica da Semana, o jornal do Lidl, consegue melhor. Aliás, a Dica da Semana comparada com o novo (?) 24 Horas está coerente é, essa sim, uma publicação inteligente. Sobretudo porque não faz dos leitores parvos.


Se foi para isso que fizeram a filha da putice de me despedir (a mim e mais dez camaradas) até agradeço. Estava cansado de trabalhar com génios de pacotilha. Vulgo cabrões que apenas pensam em defender o seu lugar sem olhar para as consequências que impingem aos outros. Que um eucaliptal vos cresça no cu. Só tenho pena é que pelo caminho continuem a foder quem (ainda) lá está e é digno.

Já o disse e mantenho: um dia ainda vou rir de quem me fodeu à traição. Posso é acrescentar que a primeira gargalhada me soube do melhor. E muitas mais hei-de dar...

Belo manual de sobrevivência, digo eu

É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia

É preciso dizer azul em vez de dizer pantera

É preciso dizer febre em vez de dizer inocência

É preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem

É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano

É preciso dizer Para Sempre em vez de dizer Agora

É preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano

É preciso dizer Maria em vez de dizer aurora

Mário Cesariny

28.4.09

As raridades que podem ser encontradas por aí

Ou o que ando a fazer enquanto procuro emprego. Trabalho, melhor dizendo.

Por falar nisso, estou farto de estar em casa. Farto de me sentir inútil e de , por mais que tente, não conseguir ver somente dois palmos para além do horizonte.

21.4.09

O homem não tem razão?



O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, comparou Israel a um "Governo racista" e os púdicos países desenvolvidos - ou não, porque Portugal também alinhou na palhaçada - abandonaram a Conferência da ONU sobre Racismo que está a decorrer em Genebra, na Suíça.

Apesar das reservas que me merece uma figura como Ahmadinejad, o certo é que ele tocou na ferida certa. Pode não ter sido diplomático ao fazê-lo, mas disse o que muitos não dizem por receio de serem apelidados de anti-semitas ou anti-Israel, o que vai dar no mesmo.

Ahmadinejad apenas falou de um país que foi criado e posteriormente legitimado internacionalmente através da conquista abusiva de territórios e do afastamento forçado de populações há largos instaladas na região.

De um país que ao longo dos seus 60 anos de existência jamais cumpriu o que ficou definido aquando do seu reconhecimento mundial: que se comprometeria a incentivar e coexistir pacificamente com um Estado palestiniano livre e independente.

De um país que para aumentar o seu território e alegadamente consolidar a sua segurança não teve pejo em anexar faixas de território pertencentes a países vizinhos e soberanos, como o Egipto ou a Jordânia, através de campanhas militares cirúrgicas.

De um país que tem um dos serviços secretos mais eficazes do Mundo, a Mossad, mas também um dos mais sanguinários e violentos.

De um país que combate grupos efectivamente terroristas como o Hamas e o Hezbollah através do pior dos terrorismos, o terrorismo de Estado. Basta ver a desproporção de forças entre os dois lados da barricada durante a recente guerra de Gaza ou a anterior guerra no Líbano para perceber tal conceito.

De um país que bombardeia cidades palestinianas cercadas por todos os lados matando civis indiscriminadamente - crianças, mulheres, velhos -, e impede a assistência aos feridos ou porque não deixa instituições insuspeitas como a Cruz Vermelha actuarem ou, simplesmente, porque os hospitais palestinianos são sistematicamente dizimados durante os ataques.

De um país que sistematicamente corta de forma deliberada o fornecimento de água e energia eléctrica à Palestina ao mesmo tempo que impede que organizações internacionais efectuem o seu trabalho de auxílio aos necessitados na região.

De um país que não tem problemas em destruir símbolos religiosos alheios, basta relembrar a destruição de mesquitas e igrejas durante iniciativas militares.

De um país que construiu e continua a construir um muro vergonhoso que separa o lado árabe do lado judeu.

De um país onde um dos poucos, senão o único, líder que promoveu a paz, Yitzahk Rabin, foi assassinado por um extremista de direita ultra-ortodoxo. Rabin que no seu primeiro e breve mandato como primeiro-ministro, nos anos 70, foi minado por uma campanha suja da Mossad que o acabou por forçar a demitir-se do Governo. Ele que apertou a mão a Yasser Arafat e com ele abriu caminho para uma progressiva mas sustentada Palestina livre e independente.

De um país que, em nome dos governos de unidade nacional, inclui nos seus exectutivos partidos xenófobos de extrema-direita.

Isto não é ser anti-semita. É a realidade dos factos sustentada pela mais pura das verdades: o rumo da História. E não me venham com a desculpa do Holocausto. O terrível massacre dos judeus à mão dos nazis durante a II Guerra Mundial não justifica nem legitima o que hoje Israel pratica em relação aos palestinianos. Hoje e desde há meio século.

... e uma forma diferente de ouvir Radiohead

Uma forma diferente de ouvir Soundgarden....

11.4.09

Boa Páscoa

O que é isto tem a ver com a Páscoa? Nada, o mesmo que a Páscoa tem a ver comigo.

Agora ide comer ovos de chocolate e amêndoas e encher-vos de borbulhas e crises intestinais.

29.3.09

White Lies - 'Death' - live on Jools Holland

E agora algo realmente bom. Aliás, muito bom. Particularmente excelente. Óptimo.

Chamam-se White Lies, são de Londres e lançaram há pouco o primeiro álbum.

Obrigado João por me te teres dado a conhecer algo tão poderoso, o melhor que fiquei a conhecer este ano.

Isto só tem é uma coisa quem me intriga. Faz-me lembrar uma banda dos anos 80 que ainda não consegui distinguir qual é. Quem quiser que me ajude que não gosto de viver com dúvidas. Mesmo que não existenciais.

26.3.09

Vendo insónias repetidas

Bom estado

Preço em conta

Sem garantia de devolução

Motivo: procuro a tranquilidade perdida desde o passado dia 15 de Janeiro, o tal em que me comunicaram que tinha sido despedido não por ser incompentente mas apenas porque sim.

25.3.09

Taça da Liga, esse must da polémica

Agora que a poeira assentou e não intoxica tanto como material radioactivo saído de Chernobyl, deixem-me que lance a minha opinião sobre a polémica final da Taça da Liga apitada por esse mestre da manhosice chamado Lucílio Baptista.

É verdade que não havia motivo para marcar grande penalidade, ainda por cima depois de o árbitro não ter a certeza de nada – se a tivesse teria apontado para a marca de penalty sem consultar os auxiliares.

O Sporting tem razões de queixa, sim senhor, mas não deixa de ser curioso e irónico que se tenha atirado forte e feio ao árbitro que mais o beneficiou ao longo das últimas épocas. Basta ver o historial de todos os Sporting - FC Porto apitados por esse senhor em Alvalade. Assim de repente, apenas com o auxílio de memória, lembro-me de um jogo em que Lucílio Baptista não assinalou três castigos máximos a favor do FC Porto e marcou um duvidoso ao Sporting e outra partida em que permitiu um ataque que deu golo ao Sporting quando um defesa do FC Porto estava estendido no chão à espera de assistência médica precisamente do lado onde se desenrolou a jogada. Ah, já para não falar do exemplo mais recente quando inventou duas grandes penalidades para o Sporting conseguir virar o resultado contra a equipa de reservas do FC Porto no jogo das meias-finais da Taça da Liga...

Portanto, se há coisa que não tenho é pena do Sporting.

E mais haveria para contar, só que já não tenho paciência para certas tangas do futebol.

É verdade, não será possível a Unicer lançar no mercado garrafas de Carlsberg iguais às que os jogadores do Benfica andaram a verter uns em cima dos outros enquanto comemoravam a vitória? . Fica a sugestão ao sr. Pires de Lima, esse especialista da indústria cervejeira (pelo menos durante dois minutos e meio por semana).

24.3.09

Gostava muito de saber escrever algo assim, gostava mesmo. O David Bowie encarregou-se de o fazer por mim. Because "as long as you're still smiling, there's nothing more I need. I absolutely love you"

I've nothing much to offer
Theres nothing much to take
I'm an absolute beginner
And I'm absolutely sane
As long as were together
The rest can go to hell
I absolutely love you
But we're absolute beginners
With eyes completely open
But nervous all the same

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean/sail over heartaches second time
Just like the films
There's no reason
To feel all the hard times
To lay down the hard lines
Its absolutely true

Nothing much could happen
Nothing we can't shake
Oh we're absolute beginners
With nothing much at stake
As long as you're still smiling
There's nothing more I need
I absolutely love you
But were absolute beginners
But if my love is your love
We're certain to succeed

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean/sail over heartaches second time
Just like the films
There's no reason
To feel all the hard times
To lay down the hard lines
It's absolutely true

23.3.09

Eis quando um homem saltita * de felicidade

Sei que isto não interessa a meio mundo, na verdade só me interessa a mim, mas achei que devia partilhar que após algumas horas (e foram mesmo horas) de intensa e paciente pesquisa consegui recuperar todas as músicas que havia perdido quando o computador resolveu avariar sem aviso prévio.

Agora que estou desempregado, tenho tempo para isto e muito mais. Esta semana, por exemplo, estou a pensar experimentar todo o tipo de drogas existentes por aí. Planeio ainda construir uma réplica do Coliseu de Roma com os parafusos mais pequenos do mercado. E sequestrar uma ou duas velhinhas com uma conta bancária considerável. Só para entreter.

Pronto, estou aqui que não posso e a plateia encolhe os ombros de estupefacção perante escrito tão ignóbil.

Vou engolir uma caixa de Xanax e volto já. Não sei é se será boa ideia misturar aquilo com gin tónico.

* saltita é uma palavra um bocado, gay, admito... o que não quer dizer que agora também vá aproveitar os tempos livres para mergulhar no, para mim, desconhecido mundo da rabice. O ócio tem limites.

20.3.09

Há cinco anos foi assim...

... e o FC Porto acabou campeão europeu. Agora teremos Cissohko vs Cristiano Ronaldo e temo o descalabro. Diferenças de classe.

17.3.09

Abençoado calor...

Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right

Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

(Nina SImone)

8.3.09

Sinal dos tempos

Antes comprava o Expresso para ler notícias.

Agora compro o Expresso para ver anúncios de emprego.

6.3.09

Carlos do Carmo - Estrela da Tarde

Esta é para ti. Resumidamente, está aqui o que significas para mim. Muito, mais que muito, A minha vida.

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

José Carlos Ary dos Santos

Um agradecimento especial ao blog que resolveu publicar isto no Youtube, Merece um prémio e um cafuné. Mais do que isso é abuso.

5.3.09

Crónica de um recém-desempregado VIII

Todos os jornais da Controlinveste, o grupo que me despediu e a mais 118 trabalhadores, entraram em greve anteontem, quarta-feira. De jornalistas a gráficos, da publicidade a simples tarefeiros, toda a gente concordou em parar um dia para demonstrar o seu desagrado com a eliminação ilegal, inesperada e injusta de mais de dez por cento da empresa. E para chamar a atenção de que o pior ainda está para vir e nova leva igual ou semelhante irá ser encaminhada para o desemprego brevemente.

Sinceramente, um dia de greve de pouco ou nada serviu senão para que quem tem a consciência limpa e demontra solidariedade profisssional para com os outros expressar o seu desagrado. Porque o que teria mesmo valido a pena era paralisar durante três ou quatro dias e impedir que jornais como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas e O Jogo saíssem para as bancas. Assim, tal como foram feitas as coisas, houve sempre uma dúzia de lacaios em cada uma dessas publicações que se marimbou de alto e trabalhou como se nada fosse.

Mesmo assim, houve sinais positivos a registar entre a miséria de registar certos comportamentos. Como o facto de no Diário de Notícias ter parado mais de metade da redacção, de editores a pessoal com pouco mais de um ano de casa e com um salário de merda.

Uma excepção em relação ao que aconteceu no JN – onde vieram de novo ao de cima os grupos, grupelhos e grupinhos que por lá abundam – e na redacção do 24 Horas de Lisboa – apenas uma pessoa (uma!!!!) fez greve. Nada que me surpreendesse no jornal onde trabalhei cinco anos, aliás. Porque ninguém em Lisboa foi afectado directamente pelos despedimentos, que apenas atacaram os parolos do Porto que estão lá para cima e não passam de isso mesmo, de parolos. Ou seja, aplicaram na prática aquilo que há muito levo em conta (e não é nenhum provérbio chinês): não te surpreendas com os actos de quem menos esperas.

Esqueceram-se é que grande parte desses parolos tinham mais qualidade que a quase totalidade da redacção de Lisboa, produziam muito mais que a redacção de Lisboa, asseguravam mais reportagens de capa que a redacção de Lisboa, levantavam o cu para se deslocarem onde estava a acontecer a notícia ao contrário da redacção de Lisboa, tinham mais experiência do que a redacção de Lisboa, tapavam os buracos da redacção de Lisboa, tratavam de matérias que a chefia de Lisboa atirava para o Porto quando via que ninguém lá tinha capacidade para as fazer...


Esqueceram-se também é que agora foi o Porto a ser despedido em massa e que, e não é preciso ser muito inteligente para perceber isso, não tardará muito para serem eles os excluídos. Sem piedade ou contemplações, como eu e mais nove camaradas fomos. Aí pode ser que pensem um pedaço na postura que sempre mantiveram para com a parolada. Mas aí terão a minha mais sincera solidariedade. E não estou a ser irónico.

27.2.09

Crónica de um recém-desempregado VII

Há muita coisa que me revolta. Mas o que verdadeiramente me faz sentir um palhaço é saber que vou receber de indemnização pelo despedimento de um local onde trabalhei cinco anos praticamente metade do que pagaram à Rita Pereira por desfilar durante umas horas num Carnaval qualquer na passada terça-feira...

Palavras para quê? Tivesse nascido mulher, possuísse um par de mamas considerável e dois palmos cara e hoje teria uma conta bancária considerável.

Também poderia ser lambe-botas, hipócrita, inculto, traidor, ignóbil e uma besta. Como não sou, tenho as portas fechadas nos altos cargos de chefia de um jornal.

Crónica de um recém-desempregado VI

Agora que a carta chegou a casa e o despedimento se torna oficial, eis que aumenta a sensação de vazio. Como se largasse a mão de alguém condenado à morte mas a quem sempre recusei aceitar o destino.

25.2.09

Só para recordar um dos melhores filmes de sempre, Era Uma Vez na América, com uma das melhores bandas sonoras de sempre da responsabilidade do mestre: o senhor que se dá pelo nome de Ennio Morricone.

Agora vou para o quarto e não incomodo mais, podem ficar descansados

21.2.09

Bom fim-de-semana!

O senhor chama-se David Sandström, ela é Frida Hyvönen. São suecos e uma das melhores coisinhas que descobri nos últimos 15 anos. Seis meses, vá. Fica um dois em um e uma chamada de atenção (o que aprecio chamadas de atenção) para a segunda canção, a partir do 1m10s. Cocaine in your cola assim foi baptizada. Poderosa.

19.2.09

Rendi-me ao Twitter

Algures por aqui

Crónica de um recém-desempregado V

Desde que se passou o que se passou tenho a sensação que perdi a vontade de escrever. Não me apetece atirar-me às letras como dantes, desabafar o que me atravessa o cérebro, partilhar seja o que for com quem for ou, pura e simplesmente, debitar idiotices (algo que faço mais que frequentemente, diga-se).

O que é que isto interessa? Absolutamente nada. Apeteceu-me e ponto.

O que mais interessa, pelo menos a mim, é tentar compreender o vazio que ocupa os dias do calendário e a ameaça de derrota que cada vez mais se instala em mim. Sair de um labirinto cuja luz nem sequer faço ideia onde esteja.

16.2.09

Só para recordar o Slumdog Millionaire, essa obra prima

Curioso que esta canção tinha entrado nos meus dias ultimamente por conter paz, calor, cumplicidade, carinho, prazer, emoção, felicidade, fantasia e todo um conjunto de sensações indescritíveis de bem estar.

Exactamente o que me proporcionas. E mais alguma coisa também...

Sigur Rós - Hoppípolla (do álbum Takk, outra obra prima)

14.2.09

Slumdog Millionaire

Há muito que não via um filme assim. Algo que ultrapassa as fronteiras do cinema e nos traz vida desde o grande ecrã. A verdadeira vida.

Um arrebatador turbilhão de emoções trazidas na dose certa. O mundo real oferecido numa realização magistral. A cor, a fotografia, os actores, os diálogos, tudo tão bem misturado que dá arrepios ao perceber como alguém como Danny Boyle consegue transmitir uma história aparentemente simples de uma forma tão poderosa.

Do melhor que assisti até hoje.

Certinho é que o vou ver pela segunda vez. E não me apetece esperar muito por isso...

Conselho de amigo: não esperem pelo DVD, esta é daqueles filmes que jamais deve ser deixado de ver no cinema.

4.2.09

Tindersticks - The Flicker Of A Little Girl (live)

Porque nem tudo em 2009 é mau, eis que os Tindersticks têm sido presença assídua na minha vida através do seu mais recente álbum. Tão bom, intenso, cúmplice, misterioso como os anteriores. No limiar da perfeição, bem resumido.

O melhor é que os vou ver na Casa da Música no próximo dia 14. Vou não, vamos. Mais intenso será impossível, juro.

Crónica de um recém-desempregado IV

Tamanho é o buraco em que estou enfiado que o fundo do dito é difícil de descortinar.

Pensar em desparecer é coisa que me passa pela cabeça frequentemente, mas que logo se esvai por ser racional o suficiente para perceber que não adianta de nada. Além disso, sempre fui ensinado a olhar os problemas de frente e nunca a fugir deles.

O que mais me aflige é ter a noção que estou a deixar de ser eu mesmo e que me transformo diariamente em algo que não sei bem o que será mas que receio.

Valem-me muitas coisas. O conforto da família, os amigos, os colegas. E, mais do que tudo, poder pegar na tua mão e sentir que ao pé de ti nada mais importa do que ver-te verdadeiramente feliz. É essa a razão principal que ainda me faz sentir uma ponta de optimismo e afasta de vez a palavra desistir do meu dicionário mental. Porque nada irá estragar um bem precioso que me caiu na vida de forma tão incrível. Como que a dizer que a vida tem sentido. E tem. Contigo tem. Bastante.

Crónica de um recém-desempregado III

Triste e lamentável é assistir diariamente a ondas de despedimento como não se via em Portugal desde há últimos 25 anos (se alguém ainda se lembrar dos tempos do governo do Bloco Central – Soares/Pinto Rua – que me diga para não parecer que sou tolo e só eu tenho memória mais ou menos recente), e perceber que qualquer sindicato de merda tem mais força para lutar publicamente pelos postos de trabalho dos seus do que aquele que representa grande parte dos meus camaradas.

Por essas e por outras é que nunca me sindicalizei. Porque me apercebi através de pequenas situações que quando surgisse alguma coisa em grande seria problemático olhar para uma estrutura e depositar nela toda a confiança de defesa do meu emprego.

Sintomático da situação que me leva a tamanho descrédito, é saber que o Sindicato dos Jornalistas (dos Jornalistas!!!!) anda há quase três semanas para definir qual será a melhor forma de luta para que a opinião pública perceba que 122 trabalhadores foram despedidos do grupo Controlinveste (um deles eu próprio). Quando a classe está assim representada, está tudo dito.

Até o Sindicato dos Electricistas consegue delinear acções rápidas que coloquem o desespero dos seus na boca de todos em tempo útil. Pode não resolver nada, a maior parte das vezes não resolve, mas que afaga o desânimo dos seus sócios e obriga os que não têm a ver com o assunto a pensar na situação, isso faz.

28.1.09

Sigur Rós *

Eis oito minutos de puro prazer.

Um lago de paz no oceano de problemas em que estou mergulhado desde há um par de semanas.

* Olsen Olsen

22.1.09

Crónica de um recém-desempregado II

Faz hoje, quinta-feira, uma semana desde que eu e mais uma dezena de camaradas fomos informados do nosso despedimento.

Desde então, limitamo-nos simplesmente a cumprir horário no posto de trabalho que ainda é nosso – para já não temos na mão qualquer proposta final de rescisão de contrato. Tal foi determinado não só pelas nossas consciências, mas também pela própria direcção do jornal, ainda que indirectamente. Além disso, digo eu, não faz sentido pedir tarefas a elementos à partida considerados dispensáveis.

Todos estamos nesta situação. Todos não, há uma pessoa que continua afincadamente a labutar, a oferecer-se às chefias para tal, a tentar obrigar outros companheiros a fazer o mesmo, a vangloriar-se dos seu feito supostamente heróico nesta maré de desgraça.

A situação em concreto já seria ridícula à partida. Mais ridícula se torna quando a pessoa em causa é... delegada sindical.

Enfim...

16.1.09

Crónica de um recém-desempregado

- Tenho a informar que a administração decidiu encerrar a delegação do Porto do 24 Horas.

Foi assim desta forma seca que recebi ontem a notícia que fiquei sem emprego de um momento para o outro. De emprego não, de trabalho. Porque a consciência me dita que passei quase cinco anos naquele jornal a trabalhar e não a simplesmente passar tempo e receber ordenado ao fim do mês.

Eu e mais 11 pessoas percebemos que nos atiraram para um buraco da forma mais inumana possível. Sem preparação prévia, como um soco à traição. E que agora nos resta uma incerteza que ameaça ser eterna. Um túnel onde ainda é impossível descortinar luz possível.

Ficámos prostrados, chocados, impotentes por percebermos que não há retorno imaginável, que não há esperança que faça as nossas vidas voltarem ao que eram, por concluírmos que somos seres descartáveis porque os supostos números negativos do grupo assim o determinam. Sem misericórdia, como animais para abate.

Houve palavras que não saíaram das nossas bocas, olhares que disseram tudo, abraços, lágrimas, revolta. Muita revolta. Assim ficámos durante horas. Temo que assim ficaremos dias a fio. Nada será como dantes. E se já nos olhávamos como um todo que formava uma equipa, a partir de agora iremos olhar-nos como uma família a quem arrancam o que tinham de mais precioso. Ainda por cima de forma violenta, dolorosa.

Mas temos a certeza de uma coisa: que vamos lutar e levantar a cabeça. E que quando daqui a uns tempos olharmos para trás, iremos ter orgulho na forma como superámos tudo isto.

Ao lado, na redacção do Diário de Notícias, os jornalistas a despedir eram chamados um a um a uma sala onde lhes era comunicado por um 'superior' que já não contavam mais. Alguns andares abaixo, no O Jogo e no Jornal de Notícias, exactamente a mesma coisa. A minha solidariedade para com eles, que a também tiveram comigo.

Não é que goste deste tipo de expressões, mas o dia 15 de Janeiro de 2009 foi o pior da minha vida. Sobretudo porque percebi na pele que não interessa de nada a minha competência, entrega, dedicação, que não interessaram os meus sacrifícios, as horas a mais que trabalhei sem nada receber em troca e afins. Sou um número. Apenas.

Há algo que me faz erguer a cabeça e ter vontade de seguir caminho: é ter a certeza que um dia ainda me vou rir na cara de quem agora me fodeu a vida. Não é vingança, que não sou vingativo. É aplicar na prática aquilo que desde sempre me ensinaram: nunca deixar que me calquem.

15.1.09

E não que tinha mesmo razão?

Afinal não era só um feeling. A partir de hoje tenho mesmo que levantar a cabeça e procurar vida nova. A fazer o quê não sei, não faço ideia onde.
Sei é que, neste preciso momento, o futuro parece estar longe, sem perspectivas e pintado em tons escuros que, por mais que tente, não consigo amenizar.

Como alguém dizia: bola para a frente que atrás vem gente. O resto logo se verá, acrescento eu

Um feeling*

Algo me diz que estou a poucas horas de ficar a saber que a minha vai mudar.
Para pior.
Basicamente para muito pior.

* ou talvez não, o que é angustiante e assustador

14.1.09

U2 (Live From Paris) 1987

Enquanto o disco novo não chega, matemos as saudades dos U2 com algo que tem algo de antigo como de extraordinário. Unforgettable Fire, canção do disco homónimo do qual saíram hinos como, por exemplo, o tão badalado Pride.

Por falar nos Xutos...

... e nas letras que me assaltam a memória amiúde, eis que há parte de uma que encaixa na perfeição no que têm sido os últimos tempos. Reza assim:

"Meu amor,
se isto é só um sonho bom
eu não quero acordar"


Agora diz que os Xutos coisa e tal, diz...

30 anos de Xutos

30 anos de Xutos

É a única banda portuguesa que atravessa e marca gerações como se fosse tatuagem, Dá para comprovar isso nos concertos, onde é possível ver público dos 18 aos 58 anos. Mais coisa, menos coisa, que quando os vou ver não ando a perguntar a idade a toda a gente. São os melhores e mais nada! Viva os Xutos e que venham mais 30.

Aqui fica a letra da canção deles que me deixa verdadeiramente extasiado e com vontade de saltar, gritar, vibrar durante uma eternidade . Quer dizer, é esta e mais umas 35, pelo menos. Acontece que não tenho tempo para andar aqui a colocar tudo o que nos Xutos me causa mais que entusiasmo, verdadeira garra que nasce cá dentro inexplicavelmente e que é muito difícil que fuja. São grandes vocês. Obrigado!

À minha maneira *

Em qualquer dia
A qualquer hora
Vou estoirar
P'ra sempre

Mas entretanto
Enquanto tu duras
Tu pões-me
Tão quente

Já sei que vou arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

Por esta estrada
Por este caminho a noite
De sempre
De queda em queda
Passo a passo
Vou andando
P'rá frente

Já sei que vou arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

* confesso que penso nestas palavras sempre que algo corre mal. Porque as forças que me empurram e os murros que me esmurram só me farão lutar. Sempre à minha maneira.

9.1.09

Quase 25 anos depois, parece que é hoje que vou finalmente sentir novamente neve a cair em cima de mim. Ela aproxima-se do Porto, a grande maluca. Espero é que entretanto não se assuste e se recuse a fazer o seu trabalho.

Algo para fazer esquecer que está um frio do caraças

Air - Alpha Beta Gaga

Que se lixe a guerra em Gaza...

...lá fora, a estas altas horas em que escrevo, estão quase zero graus e já não sei mais o que fazer para me sentir minimamente quente. Isto está fresquinho, está. Mais um bocado e o sangue que tenho no corpo congela e viro cadáver sem dar por isso.
Aliás, e isto é daquelas coisas tão importantes de partilhar que toda a gente que perder tempo a ler estas linhas irá ficar chocada, comecei a aperceber-me que ao fim de 31 anos de vida passei a ter frio nos pés.
Foi ou não foi um choque, caríssimos? Não sentiram uma pontinha de comiseração pela minha pessoa? Não? Bem me parecia que não.
Daqui para a frente não me venham é pedir mimo. Após tamanho desprezo, o mínimo que desejo a quem me lê e goza interiormente com os meus desabafos é que passe uma noite igual a esta na rua e completamente nu. Ou apenas com algo a cobrir os genitais, vá, para não passar vergonhas.
Vou calçar uns quatro pares de meias e volto quando me apetecer. E aproveitar para encher mais um copo com esse líquido precioso que dá pelo nome de Jameson.

3.1.09

A silver fuck to welcome 2009

Powerful, very fucking powerful!!!!

2.1.09

É de mim ou desta vez não se fizeram reportagens sobre o primeiro bebé do ano?
Se sim, é um grande passo para o jornalismo português, quase tão grande como o primeiro dado pelo Homem na lua.
Caso contrário, e é bem provável que tenha estado distraído porque tive coisas mais importantes e aprazíveis para fazer a 1 de Janeiro do que ver televisão, manifesto a minha solidariedade profissional para com os camaradas que tiveram que realizar trabalho tão estafado, desinteressante e a fugir para o idiota.

Fiquei também curioso porque não assisti a esse clássico que é o Sequim De Ouro – tradução manhosa do evento extraordinário que junta um coro de crianças com vozes insuportáveis e outras não menos insuportáveis que debitam umas cançonetas ranhosas num italiano sofrível a partir de um magnífico (e não estou a ser irónico) teatro de Bolonha. Ah, e onde apareceu pela primeira vez uma das personagens que fazem parte do meu imaginário de criança: o Topo Gigio.

Bullshit

Quando for grande quero fazer discursos de Ano Novo e dizê-los na televisão como se fosse o Presidente da República. A receita é simples. Misturam-se meia dúzia de banalidades sobre os tempos difíceis que nos esperam, acrescentam-se palavras bacocas de esperança e espera-se pelos elogios deste e daquele. Estes últimos funcionam exactamente como as reacções àqueles jantares oferecidos pelos amigos que não correm lá muito bem: parabéns que está tudo óptimo e depois, costas voltadas, toca a ir buscar sais de fruto porque as dores de estômago não se aguentam mas não se teve coragem para revelar que a carne estava mal assada e a sobremesa uma bosta.

By the way, ao ouvir as palavras de Cavaco Silva vieram-me à memória outras de um outro Presidente que aproveitava a data para enviar tudo o que era recado para um Governo autoritário onde o bem estar dos portugueses estava em segundo lugar. Quem liderava esse Governo, quem era? Se responderam Cavaco Silva acertaram em cheio.