27.2.09

Crónica de um recém-desempregado VII

Há muita coisa que me revolta. Mas o que verdadeiramente me faz sentir um palhaço é saber que vou receber de indemnização pelo despedimento de um local onde trabalhei cinco anos praticamente metade do que pagaram à Rita Pereira por desfilar durante umas horas num Carnaval qualquer na passada terça-feira...

Palavras para quê? Tivesse nascido mulher, possuísse um par de mamas considerável e dois palmos cara e hoje teria uma conta bancária considerável.

Também poderia ser lambe-botas, hipócrita, inculto, traidor, ignóbil e uma besta. Como não sou, tenho as portas fechadas nos altos cargos de chefia de um jornal.

Crónica de um recém-desempregado VI

Agora que a carta chegou a casa e o despedimento se torna oficial, eis que aumenta a sensação de vazio. Como se largasse a mão de alguém condenado à morte mas a quem sempre recusei aceitar o destino.

25.2.09

Só para recordar um dos melhores filmes de sempre, Era Uma Vez na América, com uma das melhores bandas sonoras de sempre da responsabilidade do mestre: o senhor que se dá pelo nome de Ennio Morricone.

Agora vou para o quarto e não incomodo mais, podem ficar descansados

21.2.09

Bom fim-de-semana!

O senhor chama-se David Sandström, ela é Frida Hyvönen. São suecos e uma das melhores coisinhas que descobri nos últimos 15 anos. Seis meses, vá. Fica um dois em um e uma chamada de atenção (o que aprecio chamadas de atenção) para a segunda canção, a partir do 1m10s. Cocaine in your cola assim foi baptizada. Poderosa.

19.2.09

Rendi-me ao Twitter

Algures por aqui

Crónica de um recém-desempregado V

Desde que se passou o que se passou tenho a sensação que perdi a vontade de escrever. Não me apetece atirar-me às letras como dantes, desabafar o que me atravessa o cérebro, partilhar seja o que for com quem for ou, pura e simplesmente, debitar idiotices (algo que faço mais que frequentemente, diga-se).

O que é que isto interessa? Absolutamente nada. Apeteceu-me e ponto.

O que mais interessa, pelo menos a mim, é tentar compreender o vazio que ocupa os dias do calendário e a ameaça de derrota que cada vez mais se instala em mim. Sair de um labirinto cuja luz nem sequer faço ideia onde esteja.

16.2.09

Só para recordar o Slumdog Millionaire, essa obra prima

Curioso que esta canção tinha entrado nos meus dias ultimamente por conter paz, calor, cumplicidade, carinho, prazer, emoção, felicidade, fantasia e todo um conjunto de sensações indescritíveis de bem estar.

Exactamente o que me proporcionas. E mais alguma coisa também...

Sigur Rós - Hoppípolla (do álbum Takk, outra obra prima)

14.2.09

Slumdog Millionaire

Há muito que não via um filme assim. Algo que ultrapassa as fronteiras do cinema e nos traz vida desde o grande ecrã. A verdadeira vida.

Um arrebatador turbilhão de emoções trazidas na dose certa. O mundo real oferecido numa realização magistral. A cor, a fotografia, os actores, os diálogos, tudo tão bem misturado que dá arrepios ao perceber como alguém como Danny Boyle consegue transmitir uma história aparentemente simples de uma forma tão poderosa.

Do melhor que assisti até hoje.

Certinho é que o vou ver pela segunda vez. E não me apetece esperar muito por isso...

Conselho de amigo: não esperem pelo DVD, esta é daqueles filmes que jamais deve ser deixado de ver no cinema.

4.2.09

Tindersticks - The Flicker Of A Little Girl (live)

Porque nem tudo em 2009 é mau, eis que os Tindersticks têm sido presença assídua na minha vida através do seu mais recente álbum. Tão bom, intenso, cúmplice, misterioso como os anteriores. No limiar da perfeição, bem resumido.

O melhor é que os vou ver na Casa da Música no próximo dia 14. Vou não, vamos. Mais intenso será impossível, juro.

Crónica de um recém-desempregado IV

Tamanho é o buraco em que estou enfiado que o fundo do dito é difícil de descortinar.

Pensar em desparecer é coisa que me passa pela cabeça frequentemente, mas que logo se esvai por ser racional o suficiente para perceber que não adianta de nada. Além disso, sempre fui ensinado a olhar os problemas de frente e nunca a fugir deles.

O que mais me aflige é ter a noção que estou a deixar de ser eu mesmo e que me transformo diariamente em algo que não sei bem o que será mas que receio.

Valem-me muitas coisas. O conforto da família, os amigos, os colegas. E, mais do que tudo, poder pegar na tua mão e sentir que ao pé de ti nada mais importa do que ver-te verdadeiramente feliz. É essa a razão principal que ainda me faz sentir uma ponta de optimismo e afasta de vez a palavra desistir do meu dicionário mental. Porque nada irá estragar um bem precioso que me caiu na vida de forma tão incrível. Como que a dizer que a vida tem sentido. E tem. Contigo tem. Bastante.

Crónica de um recém-desempregado III

Triste e lamentável é assistir diariamente a ondas de despedimento como não se via em Portugal desde há últimos 25 anos (se alguém ainda se lembrar dos tempos do governo do Bloco Central – Soares/Pinto Rua – que me diga para não parecer que sou tolo e só eu tenho memória mais ou menos recente), e perceber que qualquer sindicato de merda tem mais força para lutar publicamente pelos postos de trabalho dos seus do que aquele que representa grande parte dos meus camaradas.

Por essas e por outras é que nunca me sindicalizei. Porque me apercebi através de pequenas situações que quando surgisse alguma coisa em grande seria problemático olhar para uma estrutura e depositar nela toda a confiança de defesa do meu emprego.

Sintomático da situação que me leva a tamanho descrédito, é saber que o Sindicato dos Jornalistas (dos Jornalistas!!!!) anda há quase três semanas para definir qual será a melhor forma de luta para que a opinião pública perceba que 122 trabalhadores foram despedidos do grupo Controlinveste (um deles eu próprio). Quando a classe está assim representada, está tudo dito.

Até o Sindicato dos Electricistas consegue delinear acções rápidas que coloquem o desespero dos seus na boca de todos em tempo útil. Pode não resolver nada, a maior parte das vezes não resolve, mas que afaga o desânimo dos seus sócios e obriga os que não têm a ver com o assunto a pensar na situação, isso faz.