29.2.08

Dúvida filosófica, daquelas que me surgem uns cinco minutos e meio antes de adormecer: bolachas integrais combinarão com rum?
Dúvida palerma, eu sei. Ou de palerma.

Sem título...

... apenas boas memórias. Apesar do 'Bitter End'.

Desde o início da semana que é pública a intenção de aumentar o preço do pão em 50 por cento (50 por cento!!!!!). Só agora, quatro ou cinco dias depois, é que vai ser investigada por um organismo do Estado uma possível irregularidade por parte da indústria panificadora no que à concertação de preços diz respeito.
Quem diria... Cartelização? Oh, não é nada... O que os desgraçados dos empresários querem é aumentar desmesuradamente o produto para amplificarem os seus lucros mais do que amplificaram na última década? Nãaaao... Por favor... Quem diria... Parece impossível vindo de quem vem.

Já agora, é certo que o preço dos cereais aumentou. Mas o peso desse aumento no custo final de produção das panificadoras é de apenas cinco por cento. E elas querem subir a parada para 50 por cento... Espertos os senhores, muito espertos.

É nestes casos que o Estado deve intervir na economia, quando o cidadão está a ser literalmente roubado por um bando de enegúmenos que apenas pensa em engordar os bolsos à custa dos outros. De todos, dos mais ricos aos que não têm onde cair mortos.

Bem diz o meu pai: num país decente já as pessoas tinham saído à rua para fazer valer os seus direitos. Por falar nisso, é bom ver que estás a recuperar o sorriso. E vamos passar um fim-de-semana ao Alentejo, sim. O mais depressa possível, digo eu. Tenho tantas saudades daquilo tudo como tu, mas tenho sobretudo saudades de passar mais tempo contigo. De bebermos um bom vinho juntos, de falarmos até altas horas, de ti.

28.2.08

Ora portanto...

Stock Off, sexta-feira, copos, saco cama, tenda (sem telhados de vidro), bolachas integrais, vinho, paquistaneses, ácaros, boa disposição, parvoíce ilimitada, boa música e paciência para me aturar. Pode ser ou faço um requerimento por escrito?

Smashing Pumpkins - Bodies

Cast the pearls aside, of a simple life of need
Come into my life forever
The crumbled cities stand as known
Of the sights you have been shown
Of the hurt you call your own
Love is suicide

The empty bodies stand at rest
Casualties of their own flesh
Afflicted by their dispossession
But no bodies ever knew
Nobodys
No bodies felt like you
Nobodys
Love is suicide

Now we drive the night, to the ironies of peace
You can't help deny forever
The tragedies reside in you
The secret sights hide in you
The lonely nights divide you in two
All my blisters now revealed
In the darkness of my dreams
In the spaces in between us
But no bodies ever knew
Nobodys
No bodies felt like you
Nobodys
Love is suicide

(E agora com licença que vou dormir como um animal. Se alguém tiver a ousadia de tentar entrar em contacto comigo antes das 13h00 corre sérios riscos de ser insultado)

27.2.08

Frase do dia

Vamos à vida que a morte é certa.

Bem, agora que o pior já passou, ou vai passando, estou a precisar rapidamente de várias noites de copos e muita parvoíce boa. Se alguém estiver disposto a ajudar esta alma caridosa é só apitar. Já sabem o meu contacto por isso não há desculpas...

26.2.08

Posso parecer cínico, mas só quando alguém que me é querido desaparece é que acredito no outro lado. Num lugar de paz e tranqulidade. Não o faço por mim, não o desejo para mim. Desejo-o para os outros. Eu só vou querer as minhas cinzas lançadas ao mar e deixar-me levar pelas ondas um dia que parta. Mais nada, o resto virá por acréscimo, se vier.

Posso parecer cínico outra vez, mas é na dor que se revelam os melhores sentimentos, mesmo que para isso não seja preciso expressar palavra alguma. Por isso é que aquele abraço que hoje demos valeu mais do que tudo, pai. Chorámos juntos mas fez-nos bem. Queríamos dizer tanta coisa um ao outro e também não valia a pena. Estava lá tudo. Expressámos os nossos sentimentos à nossa maneira, longe dos olhares dos outros, sem dizeres desnecessários. Afinal, somos iguaizinhos, não é o que a mãe não se cansa de repetir a toda a hora?

Sabes, hoje jurei a mim a mesmo que irás envelhecer com toda a dignidade do mundo. Se é que isso ainda era preciso. Porque tenho orgulho de ti. Da força e serenidade que passas aos outros em horas tão complicadas. Só com o olhar. O teu olhar, que conheço tão bem e tenho o orgulho de dizer que é meu também.

25.2.08

Adeus, avó

Afinal, não demoraste assim tanto tempo a despedir-te. Já estás lá, onde um dia nos encontraremos e eu quererei novamente receber o teu beijo e ouvir-te perguntar como estão as coisas.
Dá um abraço ao avô por mim.
E obrigado por tudo.
Até já.

Johnny Cash - Hurt

Tinhas razão: irredutivelmente belo, irreparavelmente sofrido, insustentavelmente honesto.

24.2.08

Parece que hoje decidiste adormecer e que dificilmente acordarás desse sono. Serena e calmamente fechaste os olhos e começaste a dizer adeus a quem te rodeia. Um adeus sem prazo definido. Mas isso não importa, avó. O que importa é que sintas paz contigo própria e que demores o tempo que desejares a despedir-te. Porque quem cá fica sabe que partirás tranquilamente, sem sofrimento, que é o que mais importa no meio disto tudo.
Ainda me lembro bem quando te fui ver pela primeira vez e disse que não tardaria muito e sairias daquela cama de hospital daí a poucos dias. Sorriste e disseste "oxalá". Já lá vai mais de um mês e está visto que não acertei. Parece que o destino se atreveu a traçar-te outro caminho, talvez eterno. Talvez não, eterno de certeza absoluta. Mas enquanto por aqui estiveres, sabes que nunca estarás sozinha.
Sabes uma coisa? Cá dentro ainda acredito que vais chegar aos 100 anos. Prefiro esquecer o que os médicos disseram ao pai e concentrar-me nisso. Acreditar que vais despertar e sorrir. Acreditar, sobretudo isso.
Até já.

23.2.08

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill
(e um belíssimo fado da Mariza, também)

Beth Gibbons

Com a vossa permissão, vou adormecer com esta senhora colada aos ouvidos. Muito obrigado pela compreensão. Isto de trabalhar há muitos dias seguidos está a dar-me cabo do corpinho e já não tenho 20 anos.

Foi com espanto que vi nos noticiários televisivos que a célebre manifestação dos professores convocada por SMS juntou no Porto centenas de pessoas. E com espanto porquê, questionam os milhões de leitores deste blog – meia dúzia, para ser realista? Porque passei pela Avenida dos Aliados enquanto decorria o protesto e não vi lá mais de cinquenta pobres manifestantes. E estou a ser razoável.
Como não havia câmaras por perto quando com eles me cruzei, estavam quedos e mudos, em pequenos grupos, como se de um funeral se tratasse. Palavras de ordem nem ouvi-las, cartazes apenas para proteger da chuva miudinha. Mas depois, quando assisti à reportagem, era vê-los aos berros, apitos na boca e indignados para lá de bastante.
Habituado a isto estou, acreditem. Há gente que não consegue ceder ao apelo do pequeno ecrã, mesmo que para isso se sujeite a figuras ridículas e transmita uma mensagem falsa sobre o que realmente se passa no terreno.
Julgava é que os professores não desciam tão baixo na palhaçada. Já a sabem toda, é o que é. Infelizmente.

Boa noite (e com licença)

I hurt myself today
To see if I still feel
I focus on the pain
The only thing that's real
The needle tears a hole
The old familiar sting
Try to kill it all away
But I remember everything

What have I become?
My sweetest friend
Everyone I know
Goes away in the end
You could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

I wear this crown of shit
Upon my liar's chair
Full of broken thoughts
I cannot repair
Beneath the stains of time
The feelings disappear
You are someone else
I am still right here

What have I become?
My sweetest friend
Everyone I know
Goes away in the end

You could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt
If I could start again
A million miles away
I would keep myself
I would find a way

* Nine Inch Nails (este vídeo vale mais que a pena)

22.2.08

Bom dia! *

In the middle of nowhere
when we're looking for something
then we raise our heads for the colour red
I am too a spirit and a walker
and I welcomed the dew as much as you did

* The Knife (É favor não olhar para o vídeo. Aliás, é uma ordem)

Pixies

Give me help
Give me help
You can... levitate me

Anda toda a gente entusiasmada porque Fidel Castro resignou e se abrem perspectivas de mudança. Bullshit. Fidel vai continuar a mandar em Cuba mesmo não sendo presidente e quem lhe suceder, seja agora o irmão e depois os delfins já há muito em fila para o poder, jamais irá abrir mão da soberania socialista do Estado.
Aliás, as alternativas não são muitas: ou Cuba fica uma espécie de China das Caraíbas – comunista em teoria, capitalista na prática –, ou se vende totalmente aos Estados Unidos, o que não me parece que possa acontecer- Da última vez que tal sucedeu, subiu à presidência através de um golpe de Estado patrocionado por Washington Fulgencio Batista. Corrupto, ignorou as necessidades básicas do povo e motivou, directa e indirectamente, a formação de um grupo rebelde que o derrubaria anos depois. Liderado por quem? Fidel Castro, claro está.
Curiosamente, Fulgencio acabou os dias na Madeira. Talvez Alberto João Jardim tenha aprendido alguma coisa com ele quando era novo. Se não aprendeu, pelo menos parece.
Mas o que a mim mais me impressiona é ver os cubanos em Miami festejarem a resignação de Fidel como se tivessem ganho a lotaria. Irão eles regressar à ilha se um dia o regime se democratizar? Hipócritas...

Agora, se me perguntarem o que acho da Cuba socialista e tal e coisa, respondo sinceramente: o ideal não é mau, a conquista do poder é sonho de qualquer romântico que se preze, a aplicação dos princípios básicos do socialismo não foi mal feita. O povo passa necessidades? Passa, embora tenha acesso a sistemas de saúde e educação gratuitos, algo que na Europa tende gradualmente a acabar.
E ainda ninguém me conseguiu convencer que a democracia é o sistema político mais perfeito, sobretudo quando, e basta ver o exemplo da grande maioria dos países europeus, apenas dois partidos com ligeiras, ligeríssimas, diferenças ideológicas têm reais possibilidades de lutar pelo poder e assumi-lo. Isto embora o sistema de partido único também não seja o ideal, claro que não é, estúpido era que alguém que teve familiares por um regime fascista assim o pensasse. A questão está, digo, eu no possibilitar de as pessoas, o povo, poderem ter mais influência nas decisões políticas e não serem apenas consoladas com um simples voto de quatro em quatro anos. Mas também é preciso quererem, o que numa sociedade amorfa como a nossa parece pouco plausível.

21.2.08

Hoje acordei assim *

* Smashing Pumpkins - Landslide

Ou seja, para lá de muito bem. Obrigado por tudo.

Às vezes apetecia-me desaparecer daqui e ir para o meio da serra, sentar-me num banco de madeira e olhar o horizonte pensando em nada e tudo ao mesmo tempo.

Às vezes apetecia-me rasgar certas coisas do passado. Mas só olhando para elas é que chego à conclusão daquilo que sou hoje.

Às vezes apetecia-me adivinhar o futuro para não levar tanta cabeçada dolorosa.

Às vezes apetecia-me apagar certas gavetas da memória. Esvaziá-las e queimá-las para que nunca mais me importunem.

Às vezes apetecia-me deixar de ser eu para ser alguém completamente diferente.

Às vezes apetecia-me não me arrepender de nada do que fiz e prometer a mim mesmo não repetir erros de ontem.

Às vezes apetecia-me deixar de pensar naquilo que estou para aqui a pensar.

Às vezes....

A sorte é que ainda vou tendo quem me vá dando a mão e o ombro para poder soltar estes e outros desabafos . É bom, faz bem e recomenda-se. Obrigado (apesar de aqui ninguém ter de agradecer nada a ninguém, apenas aproveitar estes gestos mútuos de altruísmo e pensar que merecemos mais um bocadinho do que a vida nos ofereceu até agora. E sorrirmos. Sempre).

20.2.08

Assim de repente, e sem pensar muito, eis que me vieram à cabeça uns 30 (28, vá) destinos para as próximas férias. Como por exemplo:

- Fazer a costa do Adritático de carro, da Eslovénia até Dubrovnik, na Croácia

- Visitar Itália de Norte a Sul com paragens obrigatórias em Florença, Roma e Nápoles por mais que um dia.

- Regressar a Praga (a cidade mais bonita que até hoje tive o privilégio de visitar) e depois rumar à Hungria e, talvez, à Eslováquia (Inês, lembras-te das conversas em alemão com o velho Martin e aquelas cervejas poderosas nas esplanadas de Bratislava?)

- Até regressava à Finlândia e depois daria um salto à Suécia e Noruega não fossem os preços asusstadoramente caros.

- Londres (a minha maior falha até hoje)

- Explorar a Islândia inteirinha, da costa até aquele interior gelado, misterioso e belíssimo

- Varsóvia e o gueto judeu. Além de Gdansk e outras cidades mais esquistas por puro egoísmo histórico.

- Percorrer o legado português no Uruguai e atravessar a fronteira para a Argentina.

- Bazaruto, em Moçambique. E aproveitar para visitar a Beira, cidade onde a minha mãe nasceu e sonha ir desde que me lembro.


Daqui a uns meses veremos se acertei algum destino. A julgar pelo ano passado, ainda vou é passar férias à Bielorrússia ou à Arábia Saudita. Só que desta vez quero é a companhia certa. Ir sozinho foi bom mas chegou para exemplo.

Nick Cave - Far from me

For you dear, I was born
For you I was raised up
For you I've lived and for you I will die
For you I am dying now
You were my mad little lover
In a world where everybody fucks everybody else over
You who are so far from me
Far from me
So far from me
Way across some cold neurotic sea
Far from me

I would talk to you of all matter of things
With a smile you would reply
Then the sun would leave your pretty face
And you'd retreat from the front of your eyes
I keep hearing that you're doing best
I hope your heart beats happy in your infant breast
You are so far from me
Far from me
Far from me

There is no knowledge but i know it
There's nothing to learn from that vacant voice
That sails to me across the line
From the ridiculous to the sublime
It's good to hear you're doing so well
But really can't you find somebody else that you can ring and tell
Did you ever
Care for me?
Were you ever
There for me?
So far from me

You told me you'd stick by me
Through the thick and through the thin
Those were your very words
My fair-weather friend
You were my brave-hearted lover
At the first taste of trouble went running back to mother
So far from me
Far from me
Suspended in your bleak and fishless sea
Far from me
Far from me

(Já disse que vou ver Nick Cave ao vivo em Abril? Graças a uma certa pessoa que teve a paciência e a generosidade de me comprar o bilhete. Devo-te um jantar. Apenas no caso de decidires não vender o meu bilhete no mercado negro, claro)

E por falar em Eugénio de Andrade

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


(Acrescento eu: estás a ver como é tão fácil? Está aqui tudo)
Então cá vão mais uns excertos do grande António Botto (sabias que foi ele que incentivou o Eugénio de Andrade a continuar a escrever?)


Se, para possuir o que me é dado,
Tudo perdi e eu própio andei perdido,
Se, para ver o que hoje é realizado,
Cheguei a ser negado e combatido.
Se, para estar agora apaixonado,
Foi necessário andar desiludido,
Alegra-me sentir que fui odiado
Na certeza imortal de ter vencido!

Porque, depois de tantas cicatrizes,
Só se encontra sabor apetecido
Àquilo que nos fez ser infelizes!

E assim cheguei à luz de um pensamento
De que afinal um roseiral florido
Vive de um triste e oculto movimento

-------------------------------------

Ouve, meu anjo;
Se eu beijasse a tua pele?
Se eu beijasse a tua boca
Onde a saliva é mel?

Tentou, severo, afastar-se
Num sorriso desdenhoso
Mas aí!,
A carne do assassino
É como a do virtuoso.

Numa atitude elegante,
Misterioso, gentil,
Deu-me o corpo doirado
Que eu beijei quase febril.

Na vidraça da janela
A chuva, leve, tinia...

Ele apertou-me cerrando
Os olhos para sonhar -
E eu lentamente morria
Como um perfume no ar!




E eu não te tenho aturado, bem pelo contrário. Tu é que o tens. Ou melhor, estamos os dois defronte daquela janela de que falamos tantas vezes. Só aproveitamos a claridade que por lá entra, mais nada. O que interessa é que temos feito bem um ao outro num momento particularmente complicado das nossas vidas. É ou não verdade?

19.2.08

Adoro isto *

I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

And I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candlew burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore

Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms

* Nick Cave - Into My Arms

Confesso que apreciei a prestação de José Sócrates na entrevista à SIC. Porque conseguiu condicionar os temas da entrevista, apenas quatro, que bem condensados como foram permitiram que o primeiro-ministro passasse quase uma hora a falar sem nada dizer. O que é de mestre. Sim, que conseguir discursar durante 48 minutos mandando para o ar frases feitas e números bem decorados tem da sua mestria. Mestria dos espertos, mas mestria. Ou uma boa assessoria de imprensa.
Faz-me lembrar algo delicioso que li sobre Adelino Amaro da Costa, o dirigente do CDS que morreu no mesmo desastre de aviação que vitimou Sá Carneiro, o qual, num convívio com colegas da Faculdade de Direito, conseguiu perorar duas horas sobre botões de camisas e casacos. Além de um excelente apelo à capacidade de argumentação, que o é, revelou inteligência. Neste caso inteligência, que o nível intelectual de Sócrates e Amaro da Costa não me parece comparável, apesar de estar nos antípodas das respectivas opções políticas e ideológicas.

Obs: Perorar é bonito, não é?

18.2.08

Morphine...

... o vídeo é mauzinho, mas o que interessa mesmo é a música

"last night I told a stranger all about you
they smiled patienty with disbelief
I' always knew you would succeed
no matter what you tried
and I know you did it all
in spite of me

still I'm proud to have known you
for the short time that I did
proud to have been a step up on your way
proud to be a part of your illustrious career
and I know you did it all
in spite of me
in spite of me

late last night
I saw you in my living room
you seemed so close but yet so cool
for a long time I thought that you'd be coming back to me
those kind of thoughts can be so cruel
so cruel

and I know you did it all
in spite of me
in spite of me"

16.2.08

Madrugada - Majesty

É bom começar o fim-de-semana assim. Muito bom, mesmo. Para lá de muito bom. Obrigado.

15.2.08

E ela aí está...

... a pessoa em quem mais confio;
com quem mais posso contar (e ela comigo);
com quem mais sorrisos partilhei na vida;
com quem realizei a viagem mais fantástica (ai aqueles dias em Praga e Viena...);
a quem quero ver sempre feliz;
a quem tudo o que desejar será sempre pouco;
a quem tudo o que disser será menos ainda.


Inês, adoro-te! Se não fosses minha irmã, até que gostava de ser pai do teu filho. Só que devia ser chato ao miúdo crescer, olhar para mim e não saber se me trataria por papá ou tio.


O grunho ao lado sou eu, confirma...

14.2.08

Goldfrapp - Hairy Trees

Gostava de me sentir assim tão idílico. Mas ainda não consigo. Vá lá que vou recuperando o sorriso. Mal seria.

Excesso de zelo policial?

Não. Apenas muita estupidez.
Para quem não se quiser dar ao trabalho de ver o vídeo, eis que se passou o seguinte: um polícia atirou um paraplégico cadeira de rodas abaixo para que o homem não resistisse a uma revista.
Onde? Nos Estados Unidos, lá podia ser noutro lado?

Coincidência do catano...

... é o Dia dos Namorados ser comemorado exactamente no Dia Europeu da Disfunção Eréctil.
Quem assim o definiu merece um prémio pela ironia fina.

Coincidência do catano também é o Dia dos Namorados surgir no calendário exactamente numa altura em que tal conceito – casalinhos abraçados aos beijos, coisa e tal e qualquer coisa, muito tresandar a felicidade, etc – faz-me doer por dentro. Não de inveja, apenas de desilusão. Porque esta coisa do amor e da paixão tem tanto de bonito e perfeito como de doloroso e extremamente sofredor.
Felizmente há sempre pessoas com quem vale a pena sorrir outra vez e pensar que a vida nos oferece as mais inesperadas surpresas quando menos esperamos. Por isso é que é engraçado andar por aqui a passar os dias.

Bjork

A primeira. Para começar bem o dia. E agora com licença que tenho muito que fazer logo manhã cedo. Beijinhos, abraços, carinhos no rosto e festinhas no braço.

13.2.08

Gostei (e muito)

Amiga, obrigado pelo miminho. Acretaste em cheio. A letra é perfeita para definir o que estou a sentir.
Obrigado, mais uma vez.

12.2.08

Ensinaram-me a não sentir raiva de ninguém. E não tenho. Nem raiva, nem desprezo, muito menos ódio. Nada disso.
Sinto-me apenas ludibriado por um sonho. Que bateu à porta, entrou e depois saiu sem aviso prévio.
Agora não há volta a dar. Porque há oportunidades, e sonhos, que se agarram na mão com força para que não fujam. Para que se lute por eles. Para que se não percam.
Há barcos que só se cruzam no nosso mar uma vez na vida. Ou aproveitamos para o apanhar e fazemos tudo para o conseguir ou simplesmente desistimos de lutar por ele. Seja por falta de vontade, de entusiasmo, por alguma razão ainda assim válida. Tudo, mesmo tudo, que for feito para o destruir voluntariamente sabendo que se erra deita tudo a perder. Para sempre.
Um dia, pode ser que pares para pensar e te surja o arrependimento. Mas já será tarde. Aliás, hoje, agora, já é tarde. Porque o barco, esse, passou por ti e não o quiseste apanhar por culpa própria. Não o mereceste.
É pena. Podia ter sido uma viagem bonita.

Clash

Mal regressam os dias de calor, mesmo que tímidos, lembro-me sempre disto. Train in Vain, de seu nome. A razão nem eu sei. Ou melhor, fica cá para mim. Como eles dizem:
"But you don't understand my point of view. I suppose there's nothing I can do".

11.2.08

Em Timor, tentou-se assassinar o Presidente da República e o primeiro-ministro, isto depois de repetidas insurreições militares e levantamentos civis. E é o país mais recente do mundo....

Em Angola, terminou uma guerra civil que durou mais de vinte anos, causou milhares de mortos e transformou um país próspero numa manta de sangue. Hoje, espera-se a realização das primeiras eleições democráticas desde há 16 anos – em 1992, as presidenciais foram canceladas devido ao rebentar de novo conflito entre UNITA e Forças Armadas.

Na Guiné-Bissau, está na presidência um homem que regressou ao poder após governar o país com mão de ferro durante duas décadas. Foi apenas intercalado por meia dúzia de golpes de Estado patéticos e sangrentos. E por uma curta guerra civil.

Em São Tomé e Príncipe, houve tentativas de usurpação do poder conquistado nas urnas, algumas mortes e existe corrupção qb. E também comandantes da polícia sequestrados no próprio posto de trabalho.

Cabo Verde está bem e recomenda-se.

Macau é um caso à parte.

O Brasil deixou de ser nosso há mais de um século mas continua um dos países mais corruptos do mundo.

Não há dúvida que o legado colonial de Portugal é um excelente exemplo de como o filho segue sempre os maus exemplos do pai.

7.2.08

Beirut (again)

Porra, gosto tanto disto. Mas tanto. Quase tanto como de geleia de mirtilo.


Está escolhido, escolhido está. Cesária Évora irá desfilar em biquini na próxima edição do Carnaval de Salvaterra de Magos. Falta é convencer a senhora.

Confesso que me sinto ansioso, não consigo conter a ansiedade de ver tamanha musa roliça em cima do palanque a mostrar o corpinho de sereia. Ou de leão marinho. Talvez de rinoceronte bebé.

Mas foram vocês que pediram, não tenho nada a ver com isso.

Sôdade....

6.2.08

É a notícia que abre a coluna de breves da última página do jornal 'A Bola' de hoje. Debaixo do título "Telma passa a dizer: até já", desenvolvem-se pouco mais de uma dúzia de linhas que dão conta da assinatura de um contrato entre Telma Monteiro e a operadora TMN. Entre outras coisas, ficamos a saber que Telma irá passar a usufruir de todas e mais algumas regalias em termos de oferta de material por parte da empresa.
Serei eu muito conservador nesta matéria, ou isto não passa de pura propaganda? De um favor do jornal à TMN, que assim viu divulgada, ainda por cima gratuitamente, a aquisição de uma estrela do desporto nacional como cara de campanha publicitária?
Basicamente, e usando jargão da classe, isto cheira a broche dos maiores. Uma punheta das enormes. Um nojo.

Beirut

Foi como amor à primeira vista. Adoro isto. Tão bom. Estou é arrependido de não conhecer há mais tempo. Mas que ando apaixonado, ando.

5.2.08

Radiohead - Nice Dream

A primeira do dia. Das boas.

Pena é a cabra da gripe não me deixar em paz.

Um dia que tenha um filho, vou sentá-lo no colo e contar-lhe o quão emocionante foi a noite de Carnaval do pai em 2008.
Será qualquer coisa assim:

"Ora bem, isto tem muito que se lhe diga. Ou não. Nessa noite, tinha o teu pai 30 anos e estava numa fase da vida que tinha tanto de excelente como de intrigante, trabalhei como um tolo até altas horas e vim para casa com um princípio de gripe que faz favor de ver. Entrei em casa, afaguei o gato e corri para a banheira para encharcar o corpo em água quente. Estava cheio de febre e, como deves calcular, gripe não combina lá muito com Carnaval. Por isso, em vez de cerveja, bebi montes de chá de limão e fui deitar-me na cama para ver se os arrepios passavam. Só que em vez de adormecer logo, pus-me a pensar num monte de coisas. E sabes como eu sou quando penso em algo mais que a conta. Se a minha cabeça fervilha imagina em dias normais, imagina como será quando tenho o corpo com pouco mais de 38 graus. Pensei sabes em quê? Que complico o que parece fácil e que em vez de seguir as estradas mais simples, opto pelas mais sinuosas. Não sabia se seria masoquismo ou o simples prazer de tentar conquistar o mais díficil, que é o que dá mais gozo. Pensei se outros querem o mesmo o quanto eu quero, pensei o quanto me custa não me arrepender por algo de que me deveria sentir culpado, imaginei onde estarei e com quem daqui a um ano, tentei antecipar cenários de futuro. Mas não cheguei a conclusão alguma. Apenas que a vida se justifica vivendo-a um dia de cada vez sem nada forçar. É isso que te aconselho também. Nunca faças planos mirabolantes de nada. Apenas sonha. É o melhor. E agora vai lá escovar os dentes e deitar-te. Não te esqueças de dar um beijo de boa noite à mãe."

4.2.08

Cat Power

Eis a versão mais espectacular que alguma vez ouvi da "New York, New York", de Frank Sinatra.

A actuação foi no programa da BBC "Later with Jools Holland", que em tempos passou na RTP2. Isto sim, verdadeiro serviço público. Na Grã-Bretanha, que aqui retiraram-no sem aviso prévio ainda estou para perceber porquê.

Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar
Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
Cá por mim não mudo a corda,
Seria grande estopada...
Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...
Mudar a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...
Mário de Sá-Carneiro

U2 - Miss Sarajevo

Dici che il fiume
Trova la via al mare
E come il fiume
Giungerai a me
Oltre i confini
E le terre assetate
Dici che come il fiume
Come il fiume...
L'amore giungerà
L'amore...
E non so più pregare
E nell'amore non so più sperare
E quell'amore non so più aspettare

(E é bem verdade. Pena que por vezes o rio tome caminhos mais longos e tortuosos que o aceitável)

3.2.08

A banda sonora a caminho de casa...

... a rezar para que a polícia não se cruzasse no meu caminho.

E o meu Carnaval foi mais ou menos assim...

"Não será melhor chamar o INEM? Ou então, pelo menos, colocar um espelho à frente do nariz para ver se ainda respira".

"Não queria dizer nada, nem tornar-me chato, mas o João encostou a cabeça ao sofá e não se levanta. Acho que já disse isto. Eu sei que sou chato, mas pronto, cá vai".

"Ai... que isto dói tanto sr. doutor. Clisteres e tal.....".

"Portantos, dedinho no gato, que está no cio e coisa e tal, e muito Feno de Portugal, aroma da natureza. Depois diz que é o amarelo é do tabaco, diz. E a Mariza a surgir do nada a cantar a Gente da Minha Terra".

Já para não falar de perucas louras, chapéus de bobo, ou boba, e bigodes de arménio.

Ai, ai... Festas de Carnaval são fodidas. O que vale é que é o calendário é amigo e só as assinala uma vez por ano.

Enfim, vou dormir que amanhã é dia de trabalho. Ainda por cima...

E ressaca de vinho tinto e capirinhas é complicada. Se amanhã me doer o corpo qual mulher a parir quadrigémeos, já sei quem vou culpar. Juro que não peço indemnização, apenas chá de cidreira.

No meio disto tudo, de tanta parvoíce e loucura, foi muito bom falar contigo. Sentir a tua voz doce no meu ouvido soube tão bem que não imaginas. Só faltou estares ao meu lado. Adoro-te.

2.2.08

Céu do Porto visto da janela do trabalho




A foto é de minha autoria. Está engraçadita, não está?

1.2.08

Ele está de volta

O grande Nick Cave (ajoelhem-se, por favor) regressou. Aleluia! A primeira amostra chama-se "Dig, Lazarus, Dig". Como alguém hoje me dizia, há aqui um cheirinho a David Byrne. Também me parece, um ligeiro odor, vá.
E a partir de agora só conto os dias para o concerto que ele vai dar no Coliseu do Porto, em Abril. Já o vi ao vivo há uns anitos, talvez uns quinze, mas na altura a panca não era tão grande como agora. A minha, claro. A dele deve continuar na mesma.