22.2.08

Anda toda a gente entusiasmada porque Fidel Castro resignou e se abrem perspectivas de mudança. Bullshit. Fidel vai continuar a mandar em Cuba mesmo não sendo presidente e quem lhe suceder, seja agora o irmão e depois os delfins já há muito em fila para o poder, jamais irá abrir mão da soberania socialista do Estado.
Aliás, as alternativas não são muitas: ou Cuba fica uma espécie de China das Caraíbas – comunista em teoria, capitalista na prática –, ou se vende totalmente aos Estados Unidos, o que não me parece que possa acontecer- Da última vez que tal sucedeu, subiu à presidência através de um golpe de Estado patrocionado por Washington Fulgencio Batista. Corrupto, ignorou as necessidades básicas do povo e motivou, directa e indirectamente, a formação de um grupo rebelde que o derrubaria anos depois. Liderado por quem? Fidel Castro, claro está.
Curiosamente, Fulgencio acabou os dias na Madeira. Talvez Alberto João Jardim tenha aprendido alguma coisa com ele quando era novo. Se não aprendeu, pelo menos parece.
Mas o que a mim mais me impressiona é ver os cubanos em Miami festejarem a resignação de Fidel como se tivessem ganho a lotaria. Irão eles regressar à ilha se um dia o regime se democratizar? Hipócritas...

Agora, se me perguntarem o que acho da Cuba socialista e tal e coisa, respondo sinceramente: o ideal não é mau, a conquista do poder é sonho de qualquer romântico que se preze, a aplicação dos princípios básicos do socialismo não foi mal feita. O povo passa necessidades? Passa, embora tenha acesso a sistemas de saúde e educação gratuitos, algo que na Europa tende gradualmente a acabar.
E ainda ninguém me conseguiu convencer que a democracia é o sistema político mais perfeito, sobretudo quando, e basta ver o exemplo da grande maioria dos países europeus, apenas dois partidos com ligeiras, ligeríssimas, diferenças ideológicas têm reais possibilidades de lutar pelo poder e assumi-lo. Isto embora o sistema de partido único também não seja o ideal, claro que não é, estúpido era que alguém que teve familiares por um regime fascista assim o pensasse. A questão está, digo, eu no possibilitar de as pessoas, o povo, poderem ter mais influência nas decisões políticas e não serem apenas consoladas com um simples voto de quatro em quatro anos. Mas também é preciso quererem, o que numa sociedade amorfa como a nossa parece pouco plausível.

2 comentários:

mik disse...

Tudo muito certo... mas eu prefiro ter uma acesso deficiente à saúde e uma educação mentecapta e poder mandar qualquer goivernante à merda sem receio de acabar na pildra. a democracia não é perfeita? não. mas a liberdade não tem preço caro amigo.

Anónimo disse...

como é que canta o outro? "só há liberdade a sério quando houver a paz o pão/ habitação/ saúde educação/ só há liberdade a sério quando (...) pertencer ao povo o que o povo produzir".