5.2.08

Um dia que tenha um filho, vou sentá-lo no colo e contar-lhe o quão emocionante foi a noite de Carnaval do pai em 2008.
Será qualquer coisa assim:

"Ora bem, isto tem muito que se lhe diga. Ou não. Nessa noite, tinha o teu pai 30 anos e estava numa fase da vida que tinha tanto de excelente como de intrigante, trabalhei como um tolo até altas horas e vim para casa com um princípio de gripe que faz favor de ver. Entrei em casa, afaguei o gato e corri para a banheira para encharcar o corpo em água quente. Estava cheio de febre e, como deves calcular, gripe não combina lá muito com Carnaval. Por isso, em vez de cerveja, bebi montes de chá de limão e fui deitar-me na cama para ver se os arrepios passavam. Só que em vez de adormecer logo, pus-me a pensar num monte de coisas. E sabes como eu sou quando penso em algo mais que a conta. Se a minha cabeça fervilha imagina em dias normais, imagina como será quando tenho o corpo com pouco mais de 38 graus. Pensei sabes em quê? Que complico o que parece fácil e que em vez de seguir as estradas mais simples, opto pelas mais sinuosas. Não sabia se seria masoquismo ou o simples prazer de tentar conquistar o mais díficil, que é o que dá mais gozo. Pensei se outros querem o mesmo o quanto eu quero, pensei o quanto me custa não me arrepender por algo de que me deveria sentir culpado, imaginei onde estarei e com quem daqui a um ano, tentei antecipar cenários de futuro. Mas não cheguei a conclusão alguma. Apenas que a vida se justifica vivendo-a um dia de cada vez sem nada forçar. É isso que te aconselho também. Nunca faças planos mirabolantes de nada. Apenas sonha. É o melhor. E agora vai lá escovar os dentes e deitar-te. Não te esqueças de dar um beijo de boa noite à mãe."

2 comentários:

rute disse...

Tenho, porém, umas fotografias comprometedoras da tua pessoa munida de trancinhas que ainda hoje tenciono tornar públicas e que podem acabar com essa visão grunge do mundo que propalas. Pobre filho.

Natacha disse...

Quão públicas?...