29.3.07

Um estudo de uma universidade britânica indica que os homens altos são mais agressivos que os baixos. Posso dizer por experiência própria que os senhores que fizeram a experiência estão completamente errados. Pelo menos no que à minha parte diz respeito. Apesar do meu 1,85 metros nunca agredi ninguém. Minto, espetei um valente soco na cara a um colega de escola que me acusou de lhe estragar o iôiô – questão de honra quando se tem pouco mais de 12 anos. De resto, nada. Nem um sopapo, nem um pontapé, muito menos pensei em atirar alguém para a frente de um camião TIR em andamento. Quer dizer, pensar até pensei, mas faltou-me coragem. Tirando este pequeno laivo de agressividade imaginada sou um paz de alma. Daí alguns amigos chamarem-me São Bernardo. E tal não acontece porque ando com um pequeno pipo ao pescoço, por me babar estupidamente ou por me deitar pachorrentamente nos seus colos. Acho...

28.3.07

Para o caso de algum membro de uma associação de defesa de animais ter lido o post anterior, quero deixar bem expresso que estava a brincar, ok? Preocupem-se lá com o que se têm de preocupar. Com os coitadinhos dos pittbull e dos rottweiler que andam por aí a matar pessoas porque os maus dos donos só lhes fazem maldades. E outras coisas do género. Já agora, se quiserem seguir um conselho meu façam o seguinte: nas próximas festas de San Fermín, em Pamplona, tentem aproximar-se dos touros que descem as ruas a grande velocidade até à arena e dêem-lhes assim como que um carinho fofinho na testa. Se não tiverem essa sorte e forem atropelados pelo bicho, talvez depois possam reflectir nas posições idiotas que assumem a maior parte das vezes enquanto recuperam na cama do hospital.
Depois de há alguns dias ter constatado que o meu gato anda com uns olhares estranhos, fiquei agora consternado quando o vi deleitado no meio da minha roupa com ar de tarado sexual. Chamei-o à atenção e obtive como resposta um sorriso malicioso seguido de um miar de engate. Porco. Anda um gajo a dar-lhe atenção e recebe traições destas como recompensa. Quer dizer, agora vou andar traumatizado porque tenho um felino gay à solta no meu próprio apartamento? Era o que mais faltava... Talvez o ofereça à Sociedade Protectora dos Animais. Quando ele se vir rodeado de mais três gatos com o cio apurado a tentarem saltar-lhe em cima talvez mude de ideias em relação às suas supostas preferências sexuais. Ou então ofereço-o a um restaurante chinês. Agora que a ASAE anda em cima deles, devem andar com falta de ingredientes. Mas antes disso faço o teste final. Solto-lhe uma gata e observo a reacção. Se se perder de amores por ela, é sinal que merece a minha consideração. Caso contrário, é certo que vai enfeitar muitos pratos de galinha com amêndoa ou de chop soy de vaca. Com um pouco de molho de soja a mais é bem capaz de ninguém dar pela diferença.

27.3.07

Salazar foi eleito o melhor português de sempre e eu acho muito bem. Realmente só um homem com uma inteligência superior como a dele tem a capacidade de transformar um país num manto de gente tacanha, amorfa e resignada e faz prevalecer tais características em sucessivas gerações. Como estas que o colocaram em primeiro lugar no concurso da RTP.

É por isso que eu digo que somos um país engraçado. Para não chorar e corar de vergonha.

26.3.07

Arcade Fire - Une Annee Sans Lumiere

Os moços parece que também são bons ao vivo. Pena que este ano apenas vão tocar a Lisboa. Até estes pequenos prazeres a capital nos rouba.

25.3.07


Estes senhores não são maus, muito pelo contrário. Ainda por cima têm um certo ar negro a rodeá-los que me agrada. Pena só os ter descoberto agora, mas acho que não vou tarde.
Ainda bem que a hora mudou num dia em que estava de folga. Caso contrário teria chegado uma hora atrasado ao trabalho.
Irrita-me todo o histerismo que assalta a maioria dos portugueses quando joga a Selecção. A cobertura do jogo com a Bélgica foi mais um exemplo disso mesmo. Parecia que estava em causa a final do Campeonato do Mundo. Directos idiotas para encher chouriços, o povão a debitar postas de pescada como se estivesse a falar de cátedra, os comentadores idem, o Luís Baila a repetir 488 vezes que o "ambiente está fantástico", os jogadores a serem mimados como bebés de berço, o Scolari tratado como um pai exemplar e o essencial a não ser dito a bem dos altos interesses nacionais representados pela equipa das quinas (o que eu gosto de equipa das quinas). Portugal voltou a revelar deficiências colectivas gritantes, o que foi particularmente visível na primeira parte. Teve de vir ao de cima o génio de jogadores como Cristiano Ronaldo, Quaresma e João Moutinho para a coisa se compôr. De resto, muito fraquinho. Mas, a avaliar pelo que se falava após a partida, correu tudo pelo melhor. Por isso é que somos como somos. Perdemos a final do Europeu perante o nosso público e contra uma selecção a Grécia (a Grécia!!!!) e está tudo bem porque fomos à final e batemo-nos como heróis. Eu fiquei envergonhado e assim continuo. Não gosto de ser o primeiro dos últimos, ainda por cima humilhado diante dos meus e por um franganote que não mete medo a ninguém.

23.3.07

Ou no Porto há cada vez mais nordestinos brasileiros, ou a nova pronúncia da cidade é simplesmente horrível. Antes, parecíamos broncos a falar, agora parecemos autistas.
Os Rolling Stones vão tocar a Alvalade ainda este ano. Depois de ter perdido o concerto no Dragão por pura estupidez da minha parte, podia ter ido de graça, pode ser que tenha a sorte de os ver em Lisboa. Ou a eles, ou um coro vocal de um lar da Santa Casa da Misericórdia. Sempre são mais jovens.
Às vezes tenho a sensação que Portugal é um país de mafiosos. Ainda por cima mais feios que o Tony Soprano.
Reinaldo Teles estourou 60 mil contos num casino. A isto se chama amor ao jogo. E aos agiotas.

20.3.07

Agora que fui compulsivamente obrigado a marcar as férias, percebi realmente que as ditas estão aí a bater à porta. E, como sempre, não tenho nada planeado. Ou melhor ideias há bastantes. Gostava finalmente de ir a Londres, viagem que ando a adiar há anos. E também de regressar à Eslováquia para dar mais duas de letra com o Martin, o homem que fez o favor de aturar o meu alemão macarrónico enquanto debitava as memórias dos seus largos anos de funcionário do Slovan Bratislava. Mas desta vez percorreria país inteiro para constatar se a beleza das mulheres da capital é proporcional no resto das cidades. O resto é mesmo paisagem... Bonita também, por sinal. Como os montes Tatra, que só avistei ao longe mas me deixaram de boca aberta. Além disso, é tudo relativamente barato. Pena a comida ser uma bela bosta. Também ninguém me manda ser especialista e pedir logo o mais esquisito que vem no menu. Aliás, desde que me calhou em sorte um prato de batatas mal cozidas com um frango temperado com algo que prefiro nem saber o que é que jurei para mim mesmo ser mais comedido. Valeram as cervejas de meio litro para tirar o mau gosto da boca. Fortes, tão fortes que depois de as beber peguei na minha irmã pelo braço e quase a obriguei a percorrer comigo mais de meia cidade de eléctrico, não fosse alguém dar pelo meu estado de ligeira embriaguês enquanto cambaleava pela rua. O que foi bom, porque fiquei a perceber que os eléctricos do tempo do comunismo ainda funcionam na perfeição. E que o cheiro a suor no Leste não tem nada de diferente do nosso. Só não gostei muito quando nos aproximámos de um aglomerado que faz do Bairro São João de Deus um condomínio de luxo. Mas enfim. Valeu a pena. Já agora, se puder regressar a Praga, nem que seja por dois dias, também não darei as férias por mal empregues. De uma coisa tenho eu a certeza: não me apanham em resorts no Brasil ou em qualquer ponto do planeta onde seja possível cruzar-me com um português em cada esquina. Para isso vou passar férias para a praia de Leça.

19.3.07

Jeff Buckley morreu há 10 anos. Afogado. Editou apenas um álbum, Grace, que é tão bom, tão bom que vale por 50. Os seus originais são esplêndidos. A versão que fez de Hallelujah, de Leonard Cohen, majestosa. Por um lado, ainda bem que o homem foi desta para melhor. Não que lhe desejasse algum mal, pelo contrário. Mas se continuava por aí a lançar obras de igual ou superior qualidade à que deixou ainda me provocava agudas contracções cardíacas motivadas pela audição contínua de algo simplesmente divinal. E o meu coração já não é o que era.

18.3.07

E não é que o Sporting ganhou mesmo? Raio de clube que vence sempre nas alturas mais inconvenientes e perde apenas quando não era suposto perder. Quem o compreender que o apoie...

17.3.07

Eis a cena final perfeita, de um filme perfeito, com uma banda sonora (de Enio Morricone) perfeita. Quem nunca viu "Cinema Paraíso", não sei o que anda a fazer neste mundo.

Não é que dei por mim quase a chorar ao rever a final da Taça dos Campeões Europeus ganha pelo FCP em 1987? Apesar de saber quase todas as jogadas de trás para a frente e da frente para trás, vibrei como se o jogo fosse em directo. O descalabro emocional aconteceu quando o portinho marcou os dois golos que carimbaram a reviravolta no marcador – agora parecia o Rui Tovar nos seus gloriosos tempos. Saltos no sofá, punhos cerrados no ar e vivas ao melhor clube do mundo. Passado este momento de transe, desci à terra e constatei que, ao contrário do que acontecia até há uns anos, agora não entro em estado pré-depressivo antes de um jogo grande. Amanhã jogamos com o Sporting e estou como se nada fosse. Talvez o Sporting não seja tão grande assim.... Mentira, tenho uma particular simpatia por eles e não me esqueço que durante um par de semanas fui sportinguista. Tinha cinco ou seis anos, é certo. Mas podia ter sido irreversível não tivesse o meu pai exercido a sua diplomacia junto da minha inocente cabecinha de então para me convencer a regressar às origens clubísticas. Obrigado papá, poupaste-me uns anos de sofrimento tremendos. E algumas vergonhas também. No entanto, continuo a gostar deles, Um bocadinho de nada, não exageremos. Até torci para que ganhassem o campeonato na época em que acabaram os 18 anos de jejum. Aliás, estive em Vidal Pinheiro no jogo do título – em trabalho – e fiquei siderado com o estado de euforia e emoção de todos os sportinguistas presentes. Caras daquelas só eu vi em amigos horas depois de lhes ter nascido o primeiro filho. E pronto, cá me confesso 0,1 por cento sportinguista. Agora, livrem-se é de ganhar ao FCP.

15.3.07



Não, este tipo não é o Simão Sabrosa. É um dos personagens da mais brilhante série britânica dos últimos tempos. Chama-se Little Britain, a dita, e é simplesmente imperdível. Estas pérolas comprovam-no.
O meu gato tem olhado para mim de forma estranha nos últimos dias. Ou está possuído por um espírito felino qualquer ou já entrou na época do cio. Pelo sim, pelo não, passei a fechar a porta do quarto quando vou dormir.
Se fosse advogado da mulher acusada de raptar uma bebé do Hospital de Penafiel já saberia o argumento a utilizar para a defender durante o julgamento: tentaria convencer o juiz que a senhora tem um grave problema de cleptomania. Quem rouba chocolates num supermercado e frascos de acetona numa farmácia é bem capaz de levar um bebé de uma maternidade. Aliás, parece-me ser o orgasmo total para quem padece de semelhante distúrbio. Ou não será?

PS: a menina vai chamar-se Andreia Elisabete, nome de travesti barato.

14.3.07

Quando era mais novo quase entrava em depressão quando começava a Primavera dava os seus primeiros sinais. E a espirrar também, que o meu nariz foi, em tempos, algo atreito a pólenes. Agora que faltam míseros dois meses para entrar nos trintas, dou por mim a ficar todo contente com o primeiro dia de calor do ano. Ou estou a ficar velho, ou maricas. Talvez velho. Que me recorde ainda não tive sonhos pecaminosos em que entrassem desunadados corpos masculinos. Mas esta sensação de envelhecimento não deixa de ser curiosa. Além dos primeiras brancas, começo a ter falhas de memória, a ouvir os médicos repetidamente aconselharem cuidados com o colestrol, a ter ressacas, a achar-me hipocondríaco nas situações mais ridículas, a ouvir músicas que há dez anos detestava e agora me caem no goto, a realizar jantares de amigos em que se fala mais do passado que do futuro, mais de arrependimentos do que de projectos, a lembrar-me da infância como uma imagem distante, a dizer mais vezes que o desejável a expressão 'no meu tempo', a preocupar-me com o futuro laboral, com seguros de saúde, que ainda não os fiz mas falta pouco, e com contas poupança-reforma, apesar dos pouquíssimos incentivos fiscais. O que me alivia e me leva a concluir que ainda sou um bocadinho jovem é nunca sequer ter ponderado a hipótese de começar a descontar para o meu funeral. Quem cá ficar que se amanhe. Desde que seja cremado e as cinzas sejam atiradas de um penhasco junto ao mar está tudo bem.

13.3.07

Björk - It's Oh So Quiet

O vídeo é excelente, a canção é melhor, a orquestração superior. Lindo!!!

Eu sei que sou chato. Mas paciência...

O sorriso de uma mãe a quem roubaram a filha dos braços com dias e a viu reaparecer após um ano de angústia é inexplicavelmente belo. De puro, de sincero, de feliz. Compensa olhar para ele e sentir que debaixo de uma pobreza extrema há sempre amor para dar. Inesquecível.
Reconheço que estou a ser lamechas, mas paciência. Isto é bonito e não se vê todos os dias.

12.3.07

Björk

Outra vez ela. Merece...

Björk

E agora que o YouTube me permite postar outra vez, deixo aqui outra menina que me faz sentir a modos que estupidamente feliz.

Volver - Estrella Morente - Penélope Cruz

Cá vai a menina...Não é a Penélope, é a outra, a Estrella.


Dia 29 de Junho já tenho o que fazer à noite. Eu sei que parece impossível dizer isto, eu que sou incapaz de planear alguma coisa com tanto tempo de antecedência. Mas será imperdível perder ao vivo a espanhola que mais me surpreendeu nos últimos anos. Chama-se Estrella Morente e, além de bonita, tem uma voz daquelas que me fazem arrepiar como poucas. Para quem não a conhece, foi esta menina que fez do Volver, do Almodovar, um filme ainda mais brilhante. Ainda por cima os bilhetes são a cinco euros. Que têm a dizer agora os detractores da Casa da Música?

11.3.07

Passaram três anos dos terríveis atentados em Madrid. Dia de chuva tremenda por cá, pelo menos no Porto, levanto-me cedo da cama, havia uma entrevista a fazer em São João da Madeira, e mal chego ao carro ligo ao rádio. Ouço imediatamente tudo o que é comentador a verberar do pior contra a ETA. Que a ETA tinha ido longe de mais, que a ETA tinha atingido limite da indecência, que a ETA isto, que a ETA aquilo. Achei estranho porque a ETA na altura estava bastante fragilizada, altos dirigentes detidos e muito arsenal apreendido, e também porque, verdade seja dita, o grande alvo da ETA nunca foi a população civil, trabalhadores, gente do povo como a que estava degraçadamente em Atocha e Alcalá de Henares naquela manhã. Mesmo assim, recordo-me de ter insultado os etarras. Mas não demorei a pensar de novo que era tudo muito esquisito. Lá fui para São João da Madeira fazer o que tinha fazer e quando regressei, eram umas seis da tarde, a teoria oficial continuava a ser a mesma: a culpa era da ETA. De nada valeu à ETA demacar-se imediatamente dos atentados, o que nunca faz quando os comete, pelo contrário. Das várias pessoas com quem falei, só uma concordava comigo: aquilo não tinha mão da ETA. As luzes começaram a acender-se quando ao princípio da noite foi encontrada uma carrinha com explosivos no parque de estacionamento de uma das estações ferroviárias. Além de ter deixado de ouvir bocas que me apelidavam de perigoso apoiante dos etarras, que nunca fui, percebi, percebemos todos, que o terrorismo atacou à nossa porta. Afinal, Madrid só fica a 500 quilómetros. E aquilo bateu como se tivesse sido por cá.
Hoje, a ETA continua moribunda. Nunca os apoiei, mas reconheço legitimidade aos que lutam nas ruas pela independência do País Basco. Sem sangue. Pelos menos lutam por aquilo em que acreditam. Coisa que os portugueses deixaram de fazer há muito.

10.3.07

Relato de um sábado à noite inesquecível. Uma constipação a ameaçar rebentar-me as narinas, um belo roupão vermelho, lenço numa viagem constante entre a mão e o nariz, termómetro ao lado para o que der e vier, aspirinas e antigripine também, e uma mantinha nas pernas. Isto tudo deitado no sofá a deitar o olho ao Festival da Canção. Ai que bem se vive no lar da terceira idade... Pena não haver velhinhas para catrapiscar. Não tivessem ido deitar-se depois do jantar, eram umas seis e meia, e teria terminado o serão em grande.

8.3.07



Que Garcia Pereira defende num dia os pobres e os desgraçados explorados pelo capitalismo selvagem e no outro está na Madeira a tentar safar os assuntos judiciais de Alberto João Jardim já eu sabia. Agora, que o Arnaldo de Matos é o advogado do ex-presidente da Câmara da Ponta do Sol condenado por corrupção fiquei a saber há pouco. Quer isto dizer que o Grande Educador do Povo, como o próprio Arnaldo se auto-proclamava no quente e entusiasmante PREC, está rendido a ganhar uns cobres à custa de um cacique autárquico e que o delfim e sucessor faz o mesmo mas com o maior trauliteiro da nossa praça. Que é feito dos velhos ideiais que em 1975 bradavam eles em nome do MRPP? Realmente, deste partido só saíram figuras tristes, excepção feita à Maria José Morgado. Basta ver onde começou Durão Barroso... O curioso é imaginar o que teria sido de Portugal se tivesse sido governado por estes maoístas da treta, que à primeira oportunidade estão colados ao que de mais podre existe na política cá do burgo. O dinheiro fala sempre mais alto, é o que é. O que lhes cai nos bolsos, não o que sai dos bolsos do povo.

7.3.07

Vantagens de apenas partilhar a casa com um gato:
- Chegar a casa e não ouvir a estimulante pergunta: "Então, como foi o teu dia?". Ou seja, a expressão mágica que permite perceber o estado lastimoso da relação de um casal que nada mais tem para dizer ao fim de horas a fio de forçada separação.
- Empilhar jornais sem ouvir uma reprimenda.
- Ter tempo para organizar arquivos sem estar pressionado por ter que ir jantar aos sogros.
- Ignorar a outra parte sem que a outra parte pergunte logo o que se passa e ameace com uma crise de choro convulsivo.
- Poder ler a Maxmen à vontade em qualquer divisão da casa.
- Ouvir a música que quero, quando quero, à altura que quero.
- Dormir na sala sem que isso signifique que houve discussão antes.
- Não ter que ouvir a desconcertante resposta "não foi nada", a que mais solenemente me irrita numa mulher.
- Saber que ninguém altera a disposição das minhas coisas sem pedir autorização.
- Ver filmes até às tantas da manhã sem um corpo dormente ao meu lado e ainda por cima com a cabeça a pesar-me no ombro.
- Fazer experiências gastronómicas sem sujeitar outrem às minhas vergonhas culinárias.
- Jogar Championship Manager mais de duas horas seguidas em dias de chuva e frio. E de sol, quando me apetece.
- Mexer-me na cama sem receber pontapés em troca.
- Falar de gajas e futebol à vontade.
- E outras mais que agora não me lembro mas que cada vez mais justificam que o divórcio só me deu alegrias.
Foi bom ver como uma equipa de tostões quase conseguiu bater o pé a outra de milhões e ainda por cima orientada pelo melhor treinador do mundo. Quer dizer, foi bom até a um certo ponto. Porque já passaram mais de quatro horas desde que o jogo acabou e ainda não consegui tirar uma expressão de enterro que faria assustar velhinhas, crianças e agentes da GNR. Não é cara de cú, digamos que com essa ando sempre. Mas aquela de quem fica 90 minutos a acreditar no impossível, com as pulsações ao máximo e um simpático AVC a ameaçar estragar, ainda mais, a noite e no fim recebe um valente soco no estômago. Ou melhor, uma coça digna dos cobradores do fraque. Eu sei que o futebol não é tudo na vida. Mas foda-se, preferia que o meu FCP tivesse sido goleado ao invés de estar agora a remoer sobre como teriam sido as coisas se o Hélton não mamasse o maior frango da vida dele e o Bruno Alves não tivesse tido a infeliz ideia de se esquecer do Ballack em plena pequena área. Ainda por cima depois de o FCP ter feito o mais difícil ao marcar logo no início do jogo (grande ciganito). Uma coisa é certa. Houvesse golo nos últimos minutos e teria tido uma reacção bem pior da que tive aquando do golo do Costinha em Manchester. Aí, mandei um valente pontapé num banco com o pé descalço e fiquei sem poder andar durante uns dias. Da maneira que a situação estava em Stamford Bridge, um golo miraculoso ao Chelsea talvez me levasse a socar um vidro para libertar a satisfação. Ou a atirar-me de uma janela e só me aperceber da asneira quando o corpo estivesse estatelado no solo. Ou simplesmente a ter a um enfarte. Bem vistas as coisas, obrigado Chelsea por cuidares da minha saúde.

3.3.07

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa, meu remorso,
meu remorso de todos nós...

Alexandre O'Neill
Eu sei que isto pode parecer estúpido, mas quem me conhece bem dispensa prelúdios sobre a minha peculiar maneira de ser. O que quero dizer é que acho que encontrei a forma como pretendo morrer: se puder ser, e se não for pedir muito, gostaria de sofrer um enfarte ao som da 9ª sinfonia de Beethoven, Molto Vivace - Presto, pela Royal Philarmonic Orchestra. Não precisa é de ser para já. Posso esperar mais uns 50 anos, pelo menos.
Se for Wagner também aceito, embora com a certeza de que partirei menos feliz um bocadinho.

2.3.07

Depois de dia e meio entrincheirado na assutadora mas eficaz Loja do Cidadão, acho que estou preparado para fazer compras num hipermercado num sábado à tarde. Ou passear num centro comercial ao fim-de-semana. Mas garanto que não vou fazer o teste. Ainda tenho amor próprio.
Agora que nos vão proibir de fumar em bares e discotecas, está encontrada mais uma justificação para importarmos o botellón, movimento etílico popular muito comum em toda a Espanha. Eu já participei e gostei – pelo menos das partes de que me lembro. Sinceramente, não estou a ver-me passar umas horas valentes dentro de um bar sem fumar um único cigarro. Discotecas dispenso. Há muito que não as frequento e as saudades não são por aí além. Por isso, o botellón seria um excelente argumento para excelentes momentos de convívio (o que eu gosto desta palavra e, já agora, do restaurante homónimo, apesar de caro como o caraças) ao ar livre onde podem entrar conversas non-sense misturadas com outras sobre assuntos mais sérios (tal como eu adoro fazer numa valente noite de copos) cigarros, algumas latas de Guiness e demais conteúdos etílicos agradáveis, como um belo Cutty Sark velho. Há que ter é cuidado com as poças de vomitado. Mas isso é o menos para quem nelas não escorregar.

1.3.07


Há quem a adore, há quem a deteste. Eu há muito que fico arrepiado quando ela se cola aos meus ouvidos. E não me canso de esperar pelo dia em que a verei soltar garra e vida num qualquer palco de Portugal.
"É a vida". Foi este o desabafo/comentário de Gilberto Madaíl à morte de Bento. E a confirmação de que a tinta das madeixas que lhe alouram o cabelo fazem mal ao cérebro.
Já agora, o Bento era um bom guarda-redes, muito bom. Mas sempre preferi a elegância e a classe do Damas e do Vítor Baía.