31.8.07

Jeff Buckley - Lover , You Should've Come Over

Aqui está outra das melhores mousses de maracujá que jamais absorvi. Especialmente porque é um pequeno resumo do ponto em quem está a minha vida – “too young to hold on and too old to just break free and run” – do que foi o meu passado mais pessimista – “sometimes a man must awake to find that really, he has no-one” – e daquilo que um dia vou segredar à mulher que gostaria de fazer feliz – “my kingdom for a kiss upon her shoulder”, “all my riches for her smiles when I slept so soft against her”, “all my blood for the sweetness of her laughter”, “she’s the tear that hangs inside my soul forever”. Sim, que ainda acredito nessas coisas do amor, apesar de tudo.

30.8.07

Radiohead - Fake Plastic Trees

Eis algo que me deixa como que ligeiramente perto de atingir um orgasmo. Aliás, a partir de agora vou passar a colocar aqui todos os temas que me provocam tal estado emocional. Não é que os que ‘postei’ até agora não mexam muito comigo, mas adicionarei só aqueles que me fazem passar para lá da normalidade. Pensei até baptizar a rubrica, o que eu gosto de rubricas, mas não me lembrei de um nome menos óbvio do que: "as músicas da minha vida", que é parolo que chegue. Por isso, decidi-me por "As melhores mousses de maracujá que jamais absorvi". É estúpido, eu sei, mas eu também sou um bocadinho. Fica a homenagem à minha sobremesa favorita. Eis a primeira.


A única vantagem da passagem da Red Bull Air Race pelo Porto é que o movimento anormal de aviões pelos céus da cidade fez, oh milagre (!), com que as pombas emigrassem para outras paragens. O que é bom para alguém como eu, que gosta de estar sentado numa esplanada sem pensar constantemente que um eventual bombardeadamento dessas aves irritantes pode acertar em cheio na minha pessoa. Pardais ainda tolero, merdita apenas, agora pombas só ao tiro. Além disso, nódoas de coliformes de tal espécie são mais difícieis de sair que gordura sebosa. Bem, é certo que levar com um avião na cabeça também não deve ser agradável. Mas, pelo menos, não deixa manchas na roupa.

29.8.07

Mariza - Há uma música do povo

Arrebatador!!! É só isto que me apraz dizer do concerto da (grande) Mariza a que tive a sorte de assistir. Pena o som não ser grande coisa. Mas ela é muuuito boa ao vivo. Prova disso foi ter subido três vezes ao palco para se despedir do público e ter sido aplaudida outras tantas de pé durante quase dez minutos. Quer dizer muita coisa, não quer?

Há uma musica do Povo,
Nem sei dizer se é um Fado –
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…

Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…

Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…

Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!

(poema de Fernando Pessoa)

27.8.07


Finalmente, vou ver um concerto da Mariza. Uma senhora. Tenho a certeza absoluta que me vou arrepiar. Mas de arrepios destes eu gosto. Aliás, adoro. Venham eles que estou já ansioso. Então quando ela libertar daquela voz quente e potente temas como "Chuva", "Gente da Minha Terra" ou o "Menino do Bairro Negro" aí acho é que vou desmaiar. Ou então saltar para o palco só para a abraçar e agradecer-lhe as tantas alegrias que já me deu ao ouvi-la. Uma senhora, repito. Amanhã conto como foi. Se já não estiver catatónico.
Pareço uma gaja a falar do Robbie Williams, não pareço?
Vou plagiar-te mais uma vez, Rute. Se bem que desta vez partilhamos isto a meias. Ah, e eu é que agradeço a magnífica conversa sobre essa força superior que só nós conhecemos. Por essas e por outras é que um privilégio ser teu Amigo. Quando tiveres que enfrentar de novo o Carvalhas, já sabes com quem podes contar. E não só.
Cá vai a posta do teu berloque:


"Uma bela conversa a meio da tarde no msn sobre essa coisa tão séria que é Deus. Ou deus. Obrigada, Pedro.

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
falando a sério, acho q entrei numa fase em q procuro orientação nesse sentido.... sou agnóstico e n sei em q raio de força superior hei-de acreditar

Rute diz:
acredita em mim. eu sou de confiança

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
deusa rute?

Rute diz:
menina rute está bom. por ser para ti, Rute

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
obg. chamar-te deusa era chato....

Rute diz:
falando a sério. (vais começar tu a avacalhar)

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
n vou, chuta

Rute diz:
eu tive uma educação católica, tive que levar com a treta das missas ao domingo quando andava na catequese

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
tb passei por isso

Rute diz:
ia para a catequese porque os amigalhaços eram porreiros e as festas de Natal eram fexes

Rute diz:
fiz a catequese por isso. se me perguntares o que aprendi: NADA. não me lembro de um único ensinamento. sobre essa força superior, eu sinto que ela existe. não sinto que seja um Deus do antigo testamento, um Deus castigador. acredito que há uma força boa que me move e que me guia. e consegui atingir um estágio bom na minha vida e que me tranquiliza que é saber que o que acontece tem que acontecer. não vale a pena o: "e se eu tivesse ido por ali". não, era este o caminho que eu tinha que seguir, era isto que tinha que acontecer.nada de padres, nem religiões, nem seitas, nem medalhas ou pulseiras com santos

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
eu tb andei na catequese e confesso q n aprendi nada.. aquilo era tudo imposto. dps passei por uma fase em q n acreditava em absolutamente nada...até q cheguei à conclusão q devo ser agnóstico.... n acredito em deus, mas n excluo a possibilidade da existencia de uma força superior. agora só gostava de perceber qual é essa força.

Rute diz:
não sei. chama-lhe Deus. mas chama-lhe o teu Deus que te pôs numa família boa, que te tornou uma pessoa boa, cheia de bons adjectivos. sei lá. deixa-o estar lá. eu não preciso muito dele, mas não o mando embora. está num cantinho da minha mercearia mental.

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
é um bocado como eu.. só n sei se lhe chamarei deus. mas é como tu dizes... n preciso mto dele mas n o excluo

Rute diz:
é como o cremor tártaro ou o bicarbonato de sódio. compro porque de vez em quando faço sconnes. dá-me confiança saber que o tenho lá.

Pedro (sem tempo nem paciência para escrever mensagens estúpidas neste espaço) diz:
é como eu com o chá de menta"
Posso só escrever qualquer coisa para ver se isto ainda funciona? Obrigado, volto já. Quem vier atrás que feche a porta e não se esqueça de limpar os pés antes de entrar em casa, ok?
Por falar em ok, houve uma certa pessoa, por acaso (ou talvez não) especial para mim, que perguntou por que utilizava tantas vezes esta expressão. Ora aí está um belo assunto para me debruçar. Não posso é dobrar-me muito porque senão ficam a doer-me as costas. Prometo que um dia te digo porquê. Mas só pessoalmente, seja para a semana ou daqui a anos. Isto e muito mais, algumas coisas sabes bem o quê. Entretanto vamos falando, que só a tua voz me faz sentir como não sentia há muito. És uma querida.
Ah, e nunca te esqueças daquilo que não me canso de te repetir. Aluada.
Enfim, delírios...

23.8.07

Estou a fazer um esforço de memória para me recordar onde estava exactamente nesta altura do ano em anos anteriores. O ano passado devia estar a trabalhar, há dois regressava de uma magnífica viagem que me levou a Praga e Viena, há três começava a perceber que o meu casamento não tinha volta a dar, há quatro talvez na ilha de Maiorca naquela praia espectacular em Port Colon (acho que se escreve assim, que me perdoem os puristas se não for), há cinco não me recordo, há seis também não, há sete muito menos, há dez menos ainda e há quinze não estou a ver.
Ou é Alzheimer ou o meu cérebro já não é o que era.
E voltei a esquecer-me onde coloquei o fósforo, o que é uma chatice.

Anda meio Portugal embeiçado por esta mulher ainda não percebi bem porquê. É feia, digo eu, mesmo correndo o risco vir a ser acusado de ser gay. E não tem classe, pelo contrário: o ar dela varia entre o de uma peixeira com o buço mal rapado e o de uma burra ingénua a quem só falta ser loura. Além disso, os seios são desproporcionais ao resto do corpo, problema, aliás, que aflige grande parte das portuguesas e que daria um bom tema de discussão. Mas agora não tenho tempo.


Pronto, ficou a minha opinião sobre a Soraia Chaves. Vou continuar a sonhar com o Paulo Pires.

22.8.07

Eu juro que gostaria de colocar na barra lateral deste antro de estupidez os links dos blogues dos meus amigos. Mas não consigo atinar com a porra das definições. Se alguém me puder explicar uma forma simples de o fazer, por favor diga algo. Agradecido.

Entretanto, e já que depois de umas 15 tentativas não consegui adiconar vossas excelências, cá ficam os locais onde costumo ir pescar os desabafos de quem tem paciência, e muita, para levar comigo. E de quem sei que me costuma visitar regularmente e confirmar, se é que era preciso, que realmente sou um tipo que muito desgosto deve dar à mãezinha por ter juízo a menos e parvoíce a mais.

Obrigado Natacha, Rute (o teu Capuchinho Vermelho não está linkado porque insistes em fechar as portas do dito ao povão e apenas forneces cartão de entrada a burgueses privilegiados como eu), Mar, João, Filinto, Jorge, Miguel...

Aos restantes companheiros, camaradas, palhaços que não alinham na blogosfera e que de vez em quando aqui vêm espreitar, que serão alguns, desejo também um grande bem-haja, acompanhado de um abraço forte, um beijinho na testa (só na caso das senhoras) e de um copo de vinho tinto. Ou de gin tónico, como prefiram.

Merecem todos um prémio por me aturar. Mas aviso já que não pago jantares a ninguém...

21.8.07

Vanessa da Mata - Não me deixe só

Gosto muito desta menina, que acaba de lançar o terceiro CD, "Sim". Pena ter tido a ideia de partilhar uma canção com o Ben Harper – há dias em que não tenho paciência para o homem e hoje é um deles. A minha favorita (Fugiu com a Novela) ainda não está disponivel pelo que fica uma coisinha do trabalho de estreia, pelo qual me apaixonei mal o ouvi pela primeira vez. A relação continua intensa, aliás. Assim pudesse ser com as mulheres...

17.8.07

Cat Power - The Greatest

Isto é tão bom, tão bom, tão bom, que me dá vontade de chorar. Fico sempre arrepiado quando ouço esta preciosidade. A sério, é mesmo admirável, do melhor que fiquei a conhecer ultimamente. Porra, que já estou com pele de galinha...

Elvis Presley morreu há 30 anos. Uma pena não ter perecido logo à nascença, digo eu. Evitar-se-iam muitas figuras tristes, dele e dos fãs.
Lembro-me que quando andava na escola secundária, aí pelo sétimo ou oitavo ano, tive uma colega que era fã do homem. Tinha tudo o que a poderia fazer recordar o senhor, excepto as patilhas. Se bem que para lá caminhava dada a algo elevada pelugem facial que exibia para o género.
Há uns anos soube que ela se tinha metido na droga, coisas pesadas. Não fiquei surpreendido. Ninguém sai imune a um passado de idolatria a tão viscosa personagem. Eu próprio tenho a certeza que hoje daria na heroína se alguma vez tivesse sido admirador do Elvis. Porque há memórias que nos envergonham demasiado e nos fazem querer partir para outro mundo e por lá andar constantemente tanta a vergonha de enfrentar este.
Rute, com o teu devido consentimento, que não sou gajo de andar para aqui a plagiar prosa alheia, passo a reproduzir o belo do post que escreveste sobre mulheres que adoram humilhar os companheiros em público.
Obrigado, és uma santa. E esquece as caixas de vinho que te impingi por transcreveres o meu outro post, ao menos que tenha servido de pretexto para reveres o "Antes do Anoitecer". Depois pagas-me as próximas férias e fica o assunto encerrado. Amigos na mesma.

Irritam-me as mulheres que escolhem estrategicamente os almoços e jantares de família ou de amigos para dizer à frente de todos que “hoje não há nada para ninguém” ou “olha que vais dormir no sofá”. Gostava tanto que os maridos destas senhoras, em vez do silêncio, se irassem e lhes respondessem à altura com qualquer coisa como: “Ah sim? Que novidade! Mas fica sabendo que no sofá é que eu não durmo. Puta por puta vou à procura de outra que admita que o é, e que, ainda por cima, saiba fazer bicos.”Adoraria.

Assino por baixo...

16.8.07

Pixies-Wave of Mutilation

E por falar em recordações... Esta não me sai da cabeça nem dos ouvidos já lá vão quase 15 anos.


Há exactamente um mês iniciava as minhas gloriosas férias. Parece que foi ontem, o que quer dizer que os dias têm avançado pasmacentos e iguais uns ao outros.
Duas semanas em que descobri gente, lugares, espaços, cheiros e olhares novos e diferentes que ficaram agarrados à minha memória e por lá prentendo que continuem por muito tempo. Porque não há fotos e escritos que substituam tudo isso; só o que tenho dentro de mim sabe como foram bons aqueles momentos.
Foi também a oportunidade de me conhecer melhor, de redescobrir o que julgava perdido, de definir objectivos e até de me reconciliar comigo mesmo em alguns aspectos.
Resumindo, o que faz bem passa depressa e deixa cicatrizes.
Seja o que for.


Obs: Esta é a vista da esplanada do bar onde fui bem feliz. Tallinn, a dois minutos a pé do centro da cidade.

15.8.07

"O senhor condutor bebeu alguma coisa nas últimas horas?"
"Nada"
"Fumou haxixe, liamba ou algo do género?"
"Zero"
"Nem uma passita num charro?"
"Não gosto"
"Um cheiro numa linha?"
"Sou alérgico"
"LSD, ecstasy...?"
"Também não"
"Importa-se que lhe faça o teste com o novo e magnífico detector de drogas que temos agora ao nosso dispor?"
"À vontade"

Cinco minutos depois:

"Realmente está limpinho, está"
"Não lhe disse?"
"Então pode seguir à vontade. Até porque tem de fugir do elefante cor-de-rosa antes que ele o apanhe e o desfaça em pedacinhos. E tenha também cuidado com o leopardo gigante que está atrás de si. Boa noite, senhor condutor. Siga com precaução."

14.8.07

Mal acordo, procuro desesperadamente música para ouvir. Desperta-me os sentidos e faz-me sentir bem. Hoje foi esta a primeira do dia. Melhor que um banho quente e a garantia de que nada irá estragar-me a disposição durante o dia.

13.8.07

Hoje, 13, é o Dia Mundial dos Canhotos, o meu dia, portanto. Fico extremamente sensibilizado pela parte que me toca, esquerdino que sou. Só não saio nu à rua para soltar o contentamento que me assalta porque tenho decoro.
Aproveitando a data, deixo um recado aos que insistem em achar que sou um coitadinho por não utilizar a mão direita para realizar grande parte das tarefas manuais: ide àquela parte e não me consumam a cabeça com tais imbecilidades. Ou como dizem os brasileiros, e deixem-me ser malcriado, vão tomar no cu.
Obrigado e vivam os canhotos, nem que seja por um dia.

Já agora, apresento uma lista de vários canhotos famosos que comigo compartilham, ou compartilharam, esta particularidade física que aflige tanta gente sem razão aparente:

Albert Einstein
Ayrton Senna
Bill Clinton
Bill Gates
Charles Chaplin
Diego Armando Maradona
Friedrich Wilhelm Nietzche
Isaac Newton
Jerry Seinfeld
Jimi Hendrix
Kurt Cobain
Leonardo da Vinci
Ludwig van Beethoven
Nicole Kidman (se alguma vez quiseres desabafar-me as agruras de ser canhota é só dizeres, minha querida)
Oprah Winfrey

12.8.07

Regina Spektor - Hotel Song (live)

Mais uma da menina, das minhas favoritas. Ver aquele sorriso até dói de tão bom.

Regina Spektor

Ela é linda e canta deliciosamente. Regina, és uma querida, nem sabes o bem que me fazes.

Socorro, que acho que estou a ficar senil: acabou de me atravessar a ideia de ir ao IKEA a um domingo à tarde. O que vale é que passou rápido, dois ansiolíticos debaixo da língua fazem milagres.
Acho que vou à praia, deve estar calminho...

11.8.07

Cá vai outra preciosidade da poetisa (?) que me tem enchido as medidas nos últimos tempos. No poema que passo a transcrever, destaco a subtileza que dele transparece. A começar pelo título: Brincadeiras da Rata.
Sustenham a respiração e concentrem-se nas palavras:

"A rata macabra
Macaca cabra
Chama o Zé
Entorta-se zangada
Barra-lhe a entrada
O Zé quer vê-la morta.

Tonto não sabe onde mora
Exige que alguém o namore

Pede à mão que sem pressa
Firme lhe bata com calma
Tenso, que bela peça
Embrulhado na doce palma
Que o amolece e acalma"

Literatura do mais alto nível, caramba. Estou a modos que a chorar de tão feliz por poder partilhar tamanha peça de qualidade.

Cansei de Ser Sexy - Acho um Pouco Bom

Olha os moços ao vivo em Lisboa, olha. Olha os moços em Paredes de Coura e eu a trabalhar, olha. Olha a besta que eu sou por não ter pedido uma folga para os ir ver, olha.

10.8.07

Ofereceram-me, na brincadeira, um livro de poesia que, de tão ridículo, serviu para me rir até às lágrimas, quase literalmente, durante uma recente jantarada, a tal em que quis ir às trombas do empregado mal educado. Não fiz a figura triste de me atirar para o chão como aquando daquela bela sessão de leitura dos escritos dos reclusos da prisão de Izeda, quando me rebolei ao ouvir ler os relatos sobre as respectivas solidões masturbatórias. Mas quase.
Ora, a obra em causa é de uma senhora que dedica pouco mais de cem páginas a transformar em suposta arte todo um vasto rol de temas sexuais. Eu diria que aquilo começa nas preliminares e termina no orgasmo, com muita estupidez pelo meio.
O que mais me impressionou na autora, pelo seu arrojo literário, foi o ter incluído num dos seus poemas uma palavra que penso nunca havia sido antes utilizada na longa e rica história da poesia portuguesa: beiços. Isso mesmo, beiços, esse termo tão carinhoso, terno, que me apetece soltar sempre que tenho uma noite romântica com uma mulher. Haverá algo mais bonito do que dizer: "quero beijar os teus beiços?". Se houver, alguém que me diga.
Eis um excerto do poema no qual me deparei com tão curioso vocábulo:

"E pego-te então
Aperto-to na mão
Que o segue até ao topo
Cabeça de cereja avermelhada
Não to largo, não te perco
Vagueio com a língua molhada
De saliva misturada com teu húmus
Com jeito másculo pedes-me
O que te dou com os beiços"

Ora aí está uma bela descrição de um fellatio. Ou de um bobó, como tanto gosto de ouvir dizer. Também gosto de mamada, mas isso era conspurcar este belo momento. Depois de ler a palavra beiços, não tenho vontade de violentar a nossa língua com calão tão boçal.
Agradeço a sinceridade de todos, e foram muitos, os que disseram que fico melhor sem do que com barba. Mas continuo a não estar convencido.
Primeiro, porque parece que não me conheço.
Segundo, porque o meu rosto parece agora de um puto acabado de desmamar. E gordo. Ia escrever rabinho de bebé, mas arrependi-me.
Terceiro, porque fiz um corte junto ao lábio que, além de doloroso, não beneficia a minha aparência.
O que vale é que isto volta a crescer depressa.
Não deixa de ser curioso que o stock de cerveja aumentou consideravelmente em minha casa agora que o futebol a sério vai começar outra vez. Isto de ser homem e morar sozinho tem as suas vantagens. Pelo menos, posso guardá-las facilmente no frigorífico sem partilhar o seu espaço com coisas típicas de mulher como pacotes de sumo de fruta cem por cento natural, iogurtes de fibras que facilitam a regulação intestinal ou montes de folhas de alface e outros vegetais.
Já agora fica uma sugestão: se alguém me oferecer um grelhador em condições, talvez passe a fazer uma churrascada em dias de jogo.
Bem, vou comprar amendoins e cajú, imprescindíveis.
Viva o FC Porto!

Nick Cave - Far From Me

Gosto tanto...

"I would talk to you of all matter of things
With a smile you would reply
Then the sun would leave your pretty face
And you'd retreat from the front of your eyes
I keep hearing that you're doing best
I hope your heart beats happy in your infant breast
You are so far from me
Far from me
Far from me"

Dá para arrepiar, não dá? Ou eu é que ando esquisito?

Não é que seja um moço com maus modos, que não sou e quem me conhece bem sabe isso perfeitamente. Mas se há coisa que detesto é ser mal atendido num sítio público. Por isso, hoje apeteceu-me espancar o empregado do restaurante onde teimo ir frequentemente apesar de, geralmente, sofrer na pele a má disposição e educação de quem lá serve à mesa. Espancar não, era torturá-lo dias a fio, tipo arrancar-lhe as unhas dos pés com uma pinça ou espetar-lhe um ferro em brasa nas costas.
Para ver o cúmulo a que chegou a incompetência, basta dizer que o senhor em causa deixou uma garrafa de água por abrir em cima da mesa e quando lhe pedi, uns cinco minutos depois, que fizesse o favor de lhe retirar a tampa, respondeu: "Ai é para abrir?". "Convém...", disse-lhe eu com calma mas com uma vontade do tamanho do mundo de lhe espetar dois socos no focinho. A sorte é que sou, como alguns dizem, um São Bernardo em versão humana.

9.8.07

Pulp - Something Changed

Que bom voltar a ouvir isto...

Confesso que ir à praia não é dos meus passatempos favoritos. Mas que tomar o pequeno-almoço num belo de um barzinho a olhar o mar e a ler o jornal sabe bem, isso sabe. Até o vento a bater na cara parece agradável. Melhor ainda sabe quando acontecem imprevistos que nos deixam de boca aberta de espanto.
O destino por vezes é tão generoso...
Foi tão bom ver-te passados estes anos todos. Imensos. Ainda por cima assim, no meio de tanta gente, completamente sem contar.

Foi tão bom quando ficámos especados a pensar: "Tu, aqui? Não pode ser!!!"

Foram tão bons aqueles segundos em que nos olhámos em silêncio.

Foi tão bom sorrirmos juntos de novo.

Foi tão bom voltar a falar contigo como se não houvesse mais ninguém.

Foi tão bom sentir o teu cheiro de novo, continua igual.

Foi tão bom sentir-te perto de mim outra vez.

Foi tão bom não estragarmos o nosso passado com algo que hoje não teria o mesmo sabor. E termos percebido isso antes que fosse tarde de mais para nos arrependermos.

Foi tão bom concluir que somos uma recordação bonita um do outro.

Foi tão bom ter-te na minha vida. Pena foi teres aparecido tão cedo nela. Hoje já não te deixaria fugir. Mas se calhar foi melhor assim.

The Arcade Fire- Neighborhood 1 (Tunnels)

E agora, para fechar a emissão de hoje, ficamos com algo bem mais recente mas igualmente poderoso. Voltamos amanhã, no horário de sempre, na mesma frequência. Boa noite. Obrigado pela vossa companhia.

8.8.07

Faith No More - Easy

É música de engate, eu sei. Ou a chamada canção de fazer filhinhos. Mas é tão bonita (snif).
A letra é oferta da casa.

Know it sounds funny but I just cant stand the pain
Girl Im leaving you tomorrow
Seems to me girl you know Ive done all I can
You see I begged, stole and I borrowed
Yeah
Thats why Im easy
Im easy like sunday morning
Thats why Im easy
Im easy like sunday morning
I wanna be high
Soo high
I wanna be free to know the things I do are right
I wanna be free
Just me
Oh baby
Thats why Im easy
Im easy like sunday morning
Thats why Im easy
Im easy like sunday morning

Faith No More - We Care a Lot (live)

Ora tomem lá uma coisinha que animou bastante a minha adolescência e que ainda hoje me sabe bem ouvir de tempos a tempos. Nem que seja para recordar esses tempos.

Obs: Um dia vou contar aos meus filhos que vi estes moços ao vivo no Estádio do Bessa e que adorei. Apenas omitirei as figuras menos agradáveis que fiz. Não quero que eles fiquem com má impressão do pai.

Não é por nada mas as investigações do caso Maddie estão a encaminhar-se no sentido daquilo que sempre defendi desde o início: a polícia nunca procurou bem debaixo da cama da menina. Se os agentes da Judiciária levantarem os lençóis, do lado direito da aparadeira vão encontrar um volume fora do comum. É ela. Ou então é outra miúda que um casal de ingleses lá deixou nas férias do ano passado e até agora não reclamou por continuar a ressacar a bebedeira de então. Averiguem, que é para isso que vos pagam.

7.8.07

Já que não têm mais nada sobre o que falar, porque não querem ou porque não sabem, os tugas gostam de falar do tempo. Quando está calor, ai Jesus que querem frio. Quando arrefece, venha o sol que nos faz falta. E entram num círculo vicioso que só termina quando morrem porque aqui, bendito seja São Pedro, o clima muda a um ritmo assaz regular.
Ora, o que quero com isto dizer? Nada, absolutamente nada.
Apenas que pretendo juntar-me aos 9,9 milhões de tugas que hoje andaram o dia inteiro a protestar contra o vento e a clamar pelo regresso do calor. Amanhã será ao contrário.
E assim corre a espuma dos dias. O que eu gosto de expressões como esta. Sinto-me um Paulo Coelho em potência.
Toda a gente diz que estou mais magro.
Ou estou doente, ou então as caminhadas dão mesmo resultado.

6.8.07

Jorge Palma - A gente vai continuar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar

Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
---------------------
Grande Jorge, és um senhor!

Revolta-me saber que há exactamente duas semanas encontrava-me a esta hora a emborcar umas belas cervejolas em Tallinn com duas agradáveis companhias e agora estou para aqui a escrever merdices depois de um dia de trabalho.... Ora bolas, férias para que vos quero.

Por falar nisso, hoje dei por mim a pensar se a Sonja já terá finalmente regressado à Croácia. "Será que ainda sabes bem onde moras, de que país és? Quando chegares a casa os teus pais já nem te vão reconhecer, vão pensar que és uma pedinte a mendigar esmola", disse-lhe eu tantas vezes (sim, que fico um bocado chato quando bebo mais que a conta) no nosso bar irlandês enquanto o Thomas, com aquele sorriso matreiro, acrescentava: "Desde que não vás parar à Suécia tudo bem... Fartos de eslavos estamos nós". "Não estou perdida, espero eu. Mas têm que me levar ao hotel porque acho que já nem sequer sei ir lá ter", respondia ela a sorrir, como sempre. E não sabia mesmo.
Foda-se que me bateram as saudades e já estou para aqui a emocionar-me. Culpa vossa, amigos.
Vou retirar-me e venho já. Peçam mais uma cerveja para mim, por favor. Preta, com muita espuma e gelada. Quando regressar, brindamos novamente a nós.
Depois de aturada reflexão, cheguei à conclusão que devo ser o único português que:

1 ) Nunca passou férias no Brasil
2 ) Continua a achar que é mais barato viajar para fora do que cá dentro
3 ) Recusa usar camisa por dentro das calças seja em que ocasião for
4 ) Jamais dedicou 30 segundos que fossem a jogar Sudoku
5 ) Gosta de leite frio com canela
6 ) Acha as mulheres portuguesas das mais feias do planeta
7 ) Considera o Scolari um oportunista
8 ) Não pode com os Da Weasel
9 ) Vomita só de ouvir falar em sushi (por acaso conheço mais uma pessoa assim)
10 ) Ri e faz humor sobre assuntos que dão vontade de chorar

Goldfrapp - Utopia

Lindo!!!!!

5.8.07

Olho para trás e parece que as férias foram lá longe no tempo. Incrível como o regresso ao meu canto fez tanta diferença. Acelerou a vontade de mandar isto tudo à merda e começar a vida do quase zero.
Há muito que penso mudar radicalmente uma série de coisas em mim e para mim. Mais para mim do que em mim, porque já não me sentia bem comigo próprio como sinto agora vai para bastantes anos.
Para já, porém, só sei exactamente aquilo que não quero fazer. Aceito sugestões para o futuro. Apenas coloco como condição que me sejam transmitidas partilhando um belo vinho tinto.


Eu não disse que os 30 anos iam provocar qualquer coisinha na minha pessoa? Disse, fartei-me de avisar. Agora aguentem....

4.8.07

Panis et Circences - Marisa Monte

Como sair de casa bem disposto para um fim de semana de trabalho? Ouvindo isto umas duas ou três vezes.

Está tanto calor que me apetece ir para o deserto do Sahara só para apanhar ar fresco.
Pronto, foi um pequeno apontamento de alguém que já não deve ter mais gotas de suor para escorrer pelo corpo e a quem água gelada parece chá quente.
Devo ter é o cerebro atrofiado, às tantas.

3.8.07

Isto há pontapés que custam mesmo levar, porra!
Como dizia o outro: olha em frente, que em frente é o caminho.
O pior é quando não se sabe muito que direcção tomar.
Obrigadinho...

2.8.07

Diz o comandante do avião com evidente paciência pela terceira vez:
"Peço novamente aos senhores passageiros que desliguem os telemóveis".

Responde um passageiro:
"Filho, agora vou desligar que o gajo está a mandar. Isto está atrasado e nem deixam a gente fazer uma chamada a avisar, já viste? Uma vergonha, é o que é".

Não foi num voo da Air Albânia ou da Congo Airlines que assisti a isto. Foi num da Lufthansa composto, maioritariamente, por portugueses.
A minha vontade de regressar ao trabalho é tanta que me apetece dar 47 pulos no escuro. Também daria 54 cabeçadas na parede, só que isso dói um bocado.
De maneiras, o que gosto de ouvir dizer de maneiras, que vou ligar o despertador, se ainda funcionar, dormir e esperar não me lembrar muitas vezes que ainda falta um ano (um ano!!!!) para voltar a ter férias como deve de ser. Já vi muita gente tentar o suicídio quando assaltada por tais pensamentos, aliás. Eu não chegaria a esse extremo, até porque se a coisa falhasse as sequelas poderiam ser aborrecidas. Cicatrizes nos pulsos não são agradáveis à vista, lavar o estômago não deve ser fascinante e ficar um vegetal por causa de uma bala mal espetada na cabeça é, igualmente, desagradável.
Ai, o que a vida custa a um assalariado...