31.12.07

Bom 2008!

E que o novo ano vos traga tantas surpresas como as que 2007 me reservou.

29.12.07

E o meu 2007 foi assim (mais coisa, menos coisa)

Olhando para trás, o que gosto de fazer cada vez menos, só me dá vontade de pensar que se em 2006 dissessem o que ia ser a minha vida em 2007 responderia ou com um sorriso de escárnio ou com uma valente cabeçada, tamanho o optimismo despudorado da perspectiva. A coisa correu bem, bastante melhor do que esperava.

Fiz 30 anos e, ao contrário do que supunha, estou mais compostinho do que há um ano. Mais maduro, mais feliz, com mais amor próprio, com mais vontade de agarrar a vida na mão e deixar-me guiar por aí.

Afastei todos, ou quase todos, os fantasmas de um passado recente que, por ter sido longo, temia que me perseguissem o resto da vida.

Aproximei-me em carne osso de várias pessoas cuja amizade nunca deixara esmorecer mas a quem faltava contacto pessoal para a tornar mais intensa e, que se lixem as lamechices, bonita. E os outros Amigos, aqueles com maiúsula também, continuam bem aqui dentro. Todos eles, todos, à espera de mais cervejas, jantares e muito riso nos próximos 340 anos.

Fiz umas férias absolutamente mirabolantes. Já que ninguém se aventurou a ir comigo correr a costa do Adriático de carro, meti na cabeça que ia sozinho para o Báltico. E lá fui eu. Duas semanas em que cada dia me surpreendia cada vez mais comigo mesmo e com o que via à minha volta. Escusado será dizer que conheci gente fantástica e lugares não menos interessantes. O mais porreiro de tudo foi ter feito coisas que, recuando o filme, jamais pensei que pudesse fazer. Pelo menos sozinho. Testei a minha capacidade de desenrascanço, perdi-me em aeroportos, em cidades que não conhecia, andei para todo o lado de mochila às costas, conversei com pessoas de umas dez nacionalidades diferentes e bebi como um animal. Sobretudo cerveja, acho que tive a minha dose para o ano inteiro. Ah, e até deu para ter o meu pedacinho de "Antes de Amanhecer".

Porque o melhor fica sempre para o fim, aconteceu algo que também sempre pensei que só pudesse suceder com os outros. Caí de cabeça por alguém que está bem longe de mim. Soltei da boca um "adoro-te" como há muito não soltava, vindo mesmo de cá de dentro, e ouvi resposta igual como também já não ouvia faz tempo. E voltei a ter gosto em querer fazer alguém feliz. O pior é que estou a gostar cada vez mais disto, desta estranha sensação de estar longe mas tão perto. Ainda bem. Pode ser que o novo ano me ajude a decidir como seremos nós. Porque se o futuro é um dia de cada vez, há alturas em que me apetecia saltar semanas só poder abraçar quem realmente quero. Paty, foste o meu melhor em 2007. Agora, se não for pedir muito, só quero que sejamos juntos o melhor que nos aconteceu em toda a nossa vida. Pode até ser loucura. Mas é como já te disse: só nos podemos arrepender daquilo que não fazemos.

PS: Só ainda não aprendi a cozinhar como deve ser. Mas consegui inventar uns 15 pratos de massa que faz favor de ver. Ou de provar.

PS2: As coisas más não vale a pena aqui referir. São passado, e recordações que só trazem dor estão bem arrumadas em mim.

28.12.07

Eu: "Então bom fim-de-semana"
Alguém: "Adeus"
Eu: "Porra, isso... Nada, esquece" (isso diz-se a quem morre, ia eu dizer, como sempre digo a quem se despede de mim com um adeus).

Detalhe: a pessoa em causa perdeu um familiar próximo há dias. Vá lá que o meu cérebro, de vez em quando, antecipa-se à inconveniência do que pode sair pela boca.
Sempre que uma personalidade polémica morre, as palavras dos que comentam o percurso da pessoa desaparecida variam entre o lamentável e o hipócrita. Esquece-se tudo de mau e resvala-se para um caminho de ocultação dos defeitos confrangedor.
Foi o que sucedeu agora com Benazir Bhutto. Foram evocadas as supostas qualidades democráticas da senhora, tida como salvadora da pátria, e esqueceu-se um ligeiro, mas muito significativo, pormenor: das duas vezes que chefiou o Governo do Paquistão foi afastada por suspeitas de corrupção, confirmadas posteriormente em tribunal.
Agora, que Benazir não merecia ser assassinada, isso não merecia, digo eu. Deve ser chato. Mais ainda porque depois de ter levado com meia dúzia de tiros no corpo, teve que suportar que o seu carrasco explodisse. Literalmente. É o que se chama rebentar de felicidade com a sensação de dever cumprido.
Só para avisar, se é que isto interessa minimamente a alguém, que nos próximos quatro dias (quatro!!!!) vou estar de folga. Objectivo: dedicar-me à preguiça total e deixar que pela cabeça apenas passem ideias relacionadas com tal. Palavras como trabalho, preocupação ou aborrecimento estão automaticamente abolidas do dicionário do meu cérebro até à próxima terça-fera. Aliás, daí para a frente farei como até aqui: deixarei que apenas apareçam em casos muito excepcionais.
Aviso, desde já, que quem me ligar antes das duas da tarde arrisca-se a ser insultado por alguém que detesta ser acordado à bruta. Com uma excepção, claro. Que para ela só há sorrisos mesmo que atenda o telemóvel às seis da manhã.

26.12.07

A única versão da "My Way" que eu suporto.

Bom pós-Natal, seja lá o que isso for.

Beijinhos e abraços, carinhos no rosto e massagens nos pés.

24.12.07

BOM NATAL!
E não se empanturrem de doces que dores de fígado são do catano.

Ennio Morricone III

E mais uma vez o Sr. Morricone. Com mais esta belíssima trilha sonora de um estrondoso filme, que me esqueci de incluir na bela da lista por pura estupidez, chamado Era Uma Vez na América. Grande em tamanho e maior ainda em qualidade.

23.12.07

Então cá vai o meu top 5:

Grace - Jeff Buckley
Doolittle - Pixies
Nevermind - Nirvana
The Bends - Radiohead
Achtung Baby - U2

Digam lá que não sou eclético?

Podia incluir mais uns 20 álbuns, pelo menos.
Tais como:
Funeral - Arcade Fire
Vespertine - Bjork
Give Me Convenience or Give Me Dead - Dead Kennedys
Strange Days - The Doors
King for a Day, Fool for a Lifetime - Faith No More
Felt Mountain - Goldfrapp
The Ultimate Experience - Jimi Hendrix
Barulhinho Bom - Marisa Monte
Play - Moby
Murder Ballads - Nick Cave
The Boatman's Call - Nick Cave
With Teeth - Nine Inch Nails
Roseland NYC Live - Portishead
Different Class - Pulp
Ok Computer - Radiohead
Soviet Kitsch - Regina Spektor
Irmãos do Meio - Sérgio Godinho
Melllon Collie and the Infinite Sadness - Smashing Pumpkins
Pisces Iscariot - Smashing Pumpkins
Curtains - Tindersticks
Tribalistas - Tribalistas
Joshua Tree - U2
Circo de Feras - Xutos e Pontapés
Perfil - Zeca Baleiro

E chega...

Vai mais uma corrente, vai?

Depois da corrente sobre os cinco filmes favoritos, que tal outra sobre os cinco álbuns de música que mais nos fazem vibrar? É este o desafio que vos faço. Agora está nas vossas mãos, Natacha, João, Rute, Mário, Filinto e Miguel. Quem mais se quiser juntar não paga nada e será muito bem-vindo.
Eu escolho daqui a pouco, agora estou cheio de sono e posso ser traído por isso. Avanço é com uma certeza: no top da minha preferência está o "Grace", do enorme Jeff Buckley.
Sempre que olho para a esplanada deste café, um dos Reval de Tallin, capital da Estónia, lembro-me daqueles três dias em que partilhámos cafés, chás de menta, cerveja, cigarros, bolinhos de amêndoa e, sobretudo, as nossas vidas. Como se tivessemos sido apresentados um ao outro há anos.
Era tão estranho. Eu a desabafar-te tudo o que estava dentro de mim, tu a atirares para fora a ressaca de um amor mal resolvido. Mas era bom, reconfortante. Como foi bom jantar contigo debaixo de chuva naquela pizzaria marada, corrermos atrás daquele eléctrico e fugirmos depois do fiscal que nos perseguiu por não termos pago bilhete, rirmos juntos quando entrámos naquele bar estranhíssimo e insultámos o porteiro que nos proibiu de fumar lá dentro, percorrermos aquelas ruas escorregadias que davam acesso ao porto só para nos sentarmos nos bancos e ficarmos a imaginar as histórias de vida dos que partiam rumo a outros destinos, emprestar-te o meu casaco enquanto congelavas, falarmos um francês macarrónico para as vendedoras de flores só porque sim, pararmos no meio da rua quando de uma janela qualquer saía Faith No More, trocarmos impressões sobre os nossos países e sentirmos que não estamos bem onde estamos e, muito provavelmente, nunca vamos estar bem em lado nenhum.
Foram três dias. Só. Tanto.
Como foi perfeito, também, o olhar que cruzámos no dia em que nos vimos pela última vez. Não foi preciso fazer nada. Porque não quisemos estragar o que foi bonito nem fazer sofrer quem ficou do outro lado. Faltou apenas dizer qualquer coisa, não soubemos o quê. "Thanks for making my days in Tallin happier", escreveste-me tu agora, passado este tempo todo. Foram essas as palavras que então nos ficaram presas na boca. Mas soube melhor ouvi-las agora. Estão mais maduras e significam que aqueles dias irão ficar dentro de nós como uma memória terna, se dúvidas houvesse.
E nunca vou esquecer o que nos prometemos quando te fui levar ao hostel pela última vez: um dia ainda vamos beber outra cerveja juntos. Tenho a certeza que sim. Estou é ansioso para saber onde.

22.12.07

Ennio Morricone

E esta faz-me chorar, admito. Da banda sonora de Malena, o tal filme das punhetas a mais. E da Monica Belluci. Sendo que uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra, digo eu. Ou se calhar até tem, mas agora é Natal e não me apetece pensar nisso.

Ennio Morricone - Cinema Paradiso

Este senhor é responsável pelas mais belas bandas sonoras que tive o privilégio de ouvir. Se o encontrasse à frente, ajoelhava-me e agradecia-lhe todos os arrepios de prazer que me proporcionou até hoje. E foram bastantes.

20.12.07

Cinema Paraíso

E esta é a cena final das cenas finais. Quem não se arrepia ao ver e ouvir isto não é ninguém. Ou é uma grande besta. Um ser merecedor de uma intensa e profunda violação por parte de um mamífero com mais de 200 quilos, vá. E estou a ser brando.

19.12.07

Os 5 favoritos (e outros que tais)

Respondendo ao teu desafio, ora cá vai a lista dos meus 5 filmes favoritos

Cinema Paraíso (porque representa tudo o que é a pureza do cinema, pela banda sonora do Enio Morricone, por aquele beijo poderoso à chuva, pela arrepiante e arrebatante cena final, pelo Alfredo, pelo Toto)

Pulp Fiction (se bem que já o tive mais em conta)

Apocalypse Now (por tudo, sobretudo pelo cheiro a napalm logo pela manhã)

Magnolia (por mostrar que a vida é uma teia tão complexa mas tão cativante ao mesmo tempo)

Antes do Amanhecer (pelo cenário, pelos dois personagens, pela envolvência, pelos diálogos, pelo amor quase proibido à flor da pele, pela paixão, por me fazer arrepiar sempre que o vejo e por me fazer sonhar que quero encontrar uma Julie Delpy)


Com muita pena de deixar de fora filmes como:

Morrer em Las Vegas

O Sentido da Vida

Adeus Lenine (e aquela enferemeira russa linda!!!!)

Mystic River (grande Sean Penn, quando for grande quero ser como tu)

E a tua mãe também (é como eu gosto: uma história simples mas bem feita, sem merdices a mais, com tudo lá)

ET (e não é que ainda me vem a lágrima ao olho quando vejo o moço ir ter com os seus?)

Às vezes sinto uma necessidade inexplicável de voltar a isto. Porque regresso a um tempo bom em que tudo me parecia eterno. Até o que sabia que não tinha futuro.

18.12.07

Gosto de passar tardes ao frio, especado em frente à porta de um tribunal e com uma multidão ávida de bater em tudo o que é jornalista. Tão entusiasmado estava o povo que chegou mesmo a acertar uma valente cabeçada numa camarada de redaccção. Emoções destas dão-me pica. E enregelam-me pés e mãos, o que é particularmente interessante.
Amanhã há mais. Pode ser que seja eu o ilustre contemplado com um soco na cara ou um pontapé nos testículos. Só para não me armar em estúpido. Antes isso que um tiro em cheio na cabeça. Sim, que hoje vi a dois palmos dos olhos gente que saca de fusco com a mesma facilidade com que de manhã pega na escova para lavar os dentes. Ou se calhar mais depressa, a julgar pelo aspecto da dentadura da maioria.
Ao menos que para a semana possa cobrir uma qualquer guerra em África. Sempre seria mais quentinho. Mas acredito mais depressa que o Pai Natal vá descer pela lareira de casa dos meus pais na noite de Natal.
Bem, de qualquer forma, se isto correr para o torto e eu for desta para melhor, deixem que vos diga que foi um prazer andar aqui 30 anos. E que sempre segui um lema que pode parecer idiota mas me ajudou a olhar em frente: "só te arrependerás daquilo que não fazes ou não tentas fazer".
Ah, e já sabem: as minhas cinzas exijo-as atiradas para o mar. Não quero cá saber de burocracias. E livrem-se de ouvir o "My Way" durante as exéquias.

16.12.07

No Porto, 16 mil pessoas saíram à rua para tentar bater mais um ignóbil record do Guinness. Vestiram-se de Pai Natal e desfilaram cidade fora debaixo de um frio que devia estar abaixo dos cinco graus. Os meus sinceros desejos é que todos fiquem de cama durante a consoada para reflectir se tamanha estupidez compensa uma pneumonia ou uma gripe poderosa.
Os organizadores da iniciativa, para além de parvos, devem ter lamentado que a Polícia Judiciária se tenha lembrado de deter os supostos autores da onda de homicídios na noite portuense poucas horas antes do início do desfile. Com a brincadeira, lá se perdeu a oportunidade de juntar mais umas largas dezenas de nomes à lista dos recordistas.
Por falar nisso, noite sem homicídios não vai ser noite. Mas que ninguém se lembre de me apontar uma Uzi, por favor. Um cadáver furado da cabeça aos pés não deve ser muito agradável à vista.

12.12.07

Este blog está parado vai para quase uma semana.
Mas se escrevesse o que me vai na alma não chegariam 500 linhas.
Poupo-vos trabalho e guardo-as para mim.
Há coisas que aqui não cabem.
Prefiro-as dentro de mim, nem que isso me custe e tenha a sensação que vou explodir daqui a cinco minutos.

Volto daqui a pouco, depois de um curto intervalo.
Se me apetecer.
Agora é que não estou muito para isso, peço desculpa.

6.12.07

Zeca Baleiro (ou a letra perfeita para definir como têm sido os meus dias)

Ando tão à flor da pele,
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar "flor na janela" me faz morrer
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras suicido

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que não acredito mais em você
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio
Aquele velho navio

5.12.07

Há muito que não vejo noticiado um atentado suicida no Iraque. É certo que andava mal habituado pois aquilo chegou a um ponto em que cinco minutos sem sangue pareciam uma eternidade. Mas não deixo de andar intrigado. Será que a população iraquiana foi totalmente dizimada e ninguém deu por isso? Se tal aconteceu, o Saddam deve estar todo contente lá no céu, ou onde estiver. Ele bem tentou, sem sucesso digno de registo, limpar os seus compatriotas nos quase 30 anos em que esteve no poder e agora vieram uns amercianos e uns terroristas que explodem como se não houvesse amanhã e limparam aquilo tudo. "Amigos, juntem-se a mim, vamos abrir umas garrafas de vinho, comer umas virgens e comemorar o feito que isto não é para qualquer um", pensará o homem. Isto enquanto tenta desapertar o laço com que o enforcaram. Porque nós daqueles são mais difíceis de desatar que os de marinheiro. E que aqueles que os incompetentes dos governantes aqui do burgo colocaram nos nossos braços e pés nos últimos anos.
Acho que o Governo não tem nada que se preocupar em fixar preços 'ecológicos' aos sacos de plástico que, para já, são distribuídos gratuitamente em quase todas as superfícies comerciais. Da maneira que isto está, não faltará muito para que os portugueses não tenham tusto no bolso para irem ao supermercado. Ou então, terão tão pouco que as compras caberão bem debaixo do braço.

4.12.07

Moledo


Houve frio de rachar à saída do Porto e um frio doce ao chegar lá.

Não houve Álvaro, mas houve um jantar alternativo com uma ementa superior.
Houve vinho tinto do melhor.
Houve whisky que ajudou a embalar as nossas deliciosas conversas entre um cigarro no exterior e o quentinho da sala (não sou parvo, pois não?).
Houve um sono tranquilo.
Houve um acordar estremunhado com uma voz do outro lado a afagar-me o coração e a fazer-me sorrir o resto do dia.
Houve um pequeno-almoço a desoras.
Houve compras no supermercado quais fadas do lar.
Houve um mar revolto mas tranquilizante no regresso a casa.
Houve a difícil conquista da quase desaparecida hortelã para os belos dos mojitos (santa senhora a que me arranjou a dita cuja depois de minutos de desespero).
Houve futebol e uma sempre especial vitória do grande FC Porto no estádio do maior rival.

Houve lasagnha belíssima.

Houve mais vinho e whisky.

Houve doces, belíssimos também.

Houve prendinhas (e eu ganhei uma que me baba de satisfação qual miúdo que recebe uma bola nova da mão dos papás).

Houve um filme que tem uma das cenas que mais me emocionou até hoje.

Houve mais non-sense (volto a perguntar se não sou parvo).

Haveria Party and Company não fosse uma inoportuna paragem de digestão.

Houve mais conversa.

Houve sono. Muito.

Houve um último almoço igualmente reconfortante.

Houve mar, de novo, agora apreciado mais calmamente enquanto imaginava como serei um dia como pai.

Houve despedidas com promessas de até mais logo.

Houve um regresso a dormir (e sem travagens bruscas para não acordar ninguém).

Houve companhias boas.

Houve vocês.

Houve mais um perfeito fim-de-semana.
Só não houve pijamas para certas pessoas. Mas não se pode ter tudo.

Acordei tão bem, mas tão bem, que mal abri os olhos corri logo a ouvir isto. Não sei porquê. Quer dizer, suspeito. Ou melhor, tenho a certeza. Deixando-me de coisas. Sei bem, sei. E tu também sabes. Acho que é loucura boa mesmo. Ou então fazes-me sentir tão no céu que não quero descer à terra. É bom, muito bom. Obrigado.

3.12.07

Às vezes penso que a minha vida anda contrário no tempo. Que o aconteceu não devia ter acontecido, que o que gostaria que acontecesse já deveria ter acontecido há muito.
Olho para trás e concluo isso, tento olhar em frente e percebo-o mais do que tudo.
Atirar a toalha ao chão foi lema do passado e resta agora descarregar dos ombros culpas, remorsos e arrependimentos e lutar pelo que quero nem que para isso arranque a pele aos pedaços (a minha, claro está). E não deixar que as dúvidas dos outros me inquietem. Porque também já lá vão as horas perdidas em que me preocupava mais com opiniões alheias e menos com o que sentia e desejava.

Por isso, resta-me acreditar que vou conseguir aquilo a que me propus. É o que sinto agora, não vá isto de viver perder a piada, que é coisa que não me apetecia por aí além. Além disso, são muitos os que me chamam de teimoso. Até que têm razão. Embora prefira dizer que é perseverança. E uma tentativa de ultrapassar aquilo que já conversei várias vezes com alguém cuja amizade me deixa orgulhoso: a falta de confiança em mim mesmo.

Havemos de aprofundar o assunto. No final, vais ver, concluiremos que somos apenas dois seres não alinhados que andam por aqui a esquivar-se de um mundo que está muito longe do dos outros e debaixo de olhares reprovadores de quem ainda não tivemos coragem de mandar à merda como deve de ser. Ou de despachar com um valente pontapé no glúteo. Talvez aí possamos dar mais valor a nós mesmos. Sem violências, claro.

Jeff Buckley - Last Goodbye

E logo a seguir isto. Para ter uma sensação próxima do orgasmo entre os 2m47s e os 3m8s.

Nick Cave - Far from me

Ou como acordar da melhor forma para uma semana de trabalho depois de um delicioso fim-de-semana.

Não sou parvo, pois não?