28.12.07

Sempre que uma personalidade polémica morre, as palavras dos que comentam o percurso da pessoa desaparecida variam entre o lamentável e o hipócrita. Esquece-se tudo de mau e resvala-se para um caminho de ocultação dos defeitos confrangedor.
Foi o que sucedeu agora com Benazir Bhutto. Foram evocadas as supostas qualidades democráticas da senhora, tida como salvadora da pátria, e esqueceu-se um ligeiro, mas muito significativo, pormenor: das duas vezes que chefiou o Governo do Paquistão foi afastada por suspeitas de corrupção, confirmadas posteriormente em tribunal.
Agora, que Benazir não merecia ser assassinada, isso não merecia, digo eu. Deve ser chato. Mais ainda porque depois de ter levado com meia dúzia de tiros no corpo, teve que suportar que o seu carrasco explodisse. Literalmente. É o que se chama rebentar de felicidade com a sensação de dever cumprido.

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