3.12.07

Às vezes penso que a minha vida anda contrário no tempo. Que o aconteceu não devia ter acontecido, que o que gostaria que acontecesse já deveria ter acontecido há muito.
Olho para trás e concluo isso, tento olhar em frente e percebo-o mais do que tudo.
Atirar a toalha ao chão foi lema do passado e resta agora descarregar dos ombros culpas, remorsos e arrependimentos e lutar pelo que quero nem que para isso arranque a pele aos pedaços (a minha, claro está). E não deixar que as dúvidas dos outros me inquietem. Porque também já lá vão as horas perdidas em que me preocupava mais com opiniões alheias e menos com o que sentia e desejava.

Por isso, resta-me acreditar que vou conseguir aquilo a que me propus. É o que sinto agora, não vá isto de viver perder a piada, que é coisa que não me apetecia por aí além. Além disso, são muitos os que me chamam de teimoso. Até que têm razão. Embora prefira dizer que é perseverança. E uma tentativa de ultrapassar aquilo que já conversei várias vezes com alguém cuja amizade me deixa orgulhoso: a falta de confiança em mim mesmo.

Havemos de aprofundar o assunto. No final, vais ver, concluiremos que somos apenas dois seres não alinhados que andam por aqui a esquivar-se de um mundo que está muito longe do dos outros e debaixo de olhares reprovadores de quem ainda não tivemos coragem de mandar à merda como deve de ser. Ou de despachar com um valente pontapé no glúteo. Talvez aí possamos dar mais valor a nós mesmos. Sem violências, claro.

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