28.1.09

Sigur Rós *

Eis oito minutos de puro prazer.

Um lago de paz no oceano de problemas em que estou mergulhado desde há um par de semanas.

* Olsen Olsen

22.1.09

Crónica de um recém-desempregado II

Faz hoje, quinta-feira, uma semana desde que eu e mais uma dezena de camaradas fomos informados do nosso despedimento.

Desde então, limitamo-nos simplesmente a cumprir horário no posto de trabalho que ainda é nosso – para já não temos na mão qualquer proposta final de rescisão de contrato. Tal foi determinado não só pelas nossas consciências, mas também pela própria direcção do jornal, ainda que indirectamente. Além disso, digo eu, não faz sentido pedir tarefas a elementos à partida considerados dispensáveis.

Todos estamos nesta situação. Todos não, há uma pessoa que continua afincadamente a labutar, a oferecer-se às chefias para tal, a tentar obrigar outros companheiros a fazer o mesmo, a vangloriar-se dos seu feito supostamente heróico nesta maré de desgraça.

A situação em concreto já seria ridícula à partida. Mais ridícula se torna quando a pessoa em causa é... delegada sindical.

Enfim...

16.1.09

Crónica de um recém-desempregado

- Tenho a informar que a administração decidiu encerrar a delegação do Porto do 24 Horas.

Foi assim desta forma seca que recebi ontem a notícia que fiquei sem emprego de um momento para o outro. De emprego não, de trabalho. Porque a consciência me dita que passei quase cinco anos naquele jornal a trabalhar e não a simplesmente passar tempo e receber ordenado ao fim do mês.

Eu e mais 11 pessoas percebemos que nos atiraram para um buraco da forma mais inumana possível. Sem preparação prévia, como um soco à traição. E que agora nos resta uma incerteza que ameaça ser eterna. Um túnel onde ainda é impossível descortinar luz possível.

Ficámos prostrados, chocados, impotentes por percebermos que não há retorno imaginável, que não há esperança que faça as nossas vidas voltarem ao que eram, por concluírmos que somos seres descartáveis porque os supostos números negativos do grupo assim o determinam. Sem misericórdia, como animais para abate.

Houve palavras que não saíaram das nossas bocas, olhares que disseram tudo, abraços, lágrimas, revolta. Muita revolta. Assim ficámos durante horas. Temo que assim ficaremos dias a fio. Nada será como dantes. E se já nos olhávamos como um todo que formava uma equipa, a partir de agora iremos olhar-nos como uma família a quem arrancam o que tinham de mais precioso. Ainda por cima de forma violenta, dolorosa.

Mas temos a certeza de uma coisa: que vamos lutar e levantar a cabeça. E que quando daqui a uns tempos olharmos para trás, iremos ter orgulho na forma como superámos tudo isto.

Ao lado, na redacção do Diário de Notícias, os jornalistas a despedir eram chamados um a um a uma sala onde lhes era comunicado por um 'superior' que já não contavam mais. Alguns andares abaixo, no O Jogo e no Jornal de Notícias, exactamente a mesma coisa. A minha solidariedade para com eles, que a também tiveram comigo.

Não é que goste deste tipo de expressões, mas o dia 15 de Janeiro de 2009 foi o pior da minha vida. Sobretudo porque percebi na pele que não interessa de nada a minha competência, entrega, dedicação, que não interessaram os meus sacrifícios, as horas a mais que trabalhei sem nada receber em troca e afins. Sou um número. Apenas.

Há algo que me faz erguer a cabeça e ter vontade de seguir caminho: é ter a certeza que um dia ainda me vou rir na cara de quem agora me fodeu a vida. Não é vingança, que não sou vingativo. É aplicar na prática aquilo que desde sempre me ensinaram: nunca deixar que me calquem.

15.1.09

E não que tinha mesmo razão?

Afinal não era só um feeling. A partir de hoje tenho mesmo que levantar a cabeça e procurar vida nova. A fazer o quê não sei, não faço ideia onde.
Sei é que, neste preciso momento, o futuro parece estar longe, sem perspectivas e pintado em tons escuros que, por mais que tente, não consigo amenizar.

Como alguém dizia: bola para a frente que atrás vem gente. O resto logo se verá, acrescento eu

Um feeling*

Algo me diz que estou a poucas horas de ficar a saber que a minha vai mudar.
Para pior.
Basicamente para muito pior.

* ou talvez não, o que é angustiante e assustador

14.1.09

U2 (Live From Paris) 1987

Enquanto o disco novo não chega, matemos as saudades dos U2 com algo que tem algo de antigo como de extraordinário. Unforgettable Fire, canção do disco homónimo do qual saíram hinos como, por exemplo, o tão badalado Pride.

Por falar nos Xutos...

... e nas letras que me assaltam a memória amiúde, eis que há parte de uma que encaixa na perfeição no que têm sido os últimos tempos. Reza assim:

"Meu amor,
se isto é só um sonho bom
eu não quero acordar"


Agora diz que os Xutos coisa e tal, diz...

30 anos de Xutos

30 anos de Xutos

É a única banda portuguesa que atravessa e marca gerações como se fosse tatuagem, Dá para comprovar isso nos concertos, onde é possível ver público dos 18 aos 58 anos. Mais coisa, menos coisa, que quando os vou ver não ando a perguntar a idade a toda a gente. São os melhores e mais nada! Viva os Xutos e que venham mais 30.

Aqui fica a letra da canção deles que me deixa verdadeiramente extasiado e com vontade de saltar, gritar, vibrar durante uma eternidade . Quer dizer, é esta e mais umas 35, pelo menos. Acontece que não tenho tempo para andar aqui a colocar tudo o que nos Xutos me causa mais que entusiasmo, verdadeira garra que nasce cá dentro inexplicavelmente e que é muito difícil que fuja. São grandes vocês. Obrigado!

À minha maneira *

Em qualquer dia
A qualquer hora
Vou estoirar
P'ra sempre

Mas entretanto
Enquanto tu duras
Tu pões-me
Tão quente

Já sei que vou arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

Por esta estrada
Por este caminho a noite
De sempre
De queda em queda
Passo a passo
Vou andando
P'rá frente

Já sei que vou arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

* confesso que penso nestas palavras sempre que algo corre mal. Porque as forças que me empurram e os murros que me esmurram só me farão lutar. Sempre à minha maneira.

9.1.09

Quase 25 anos depois, parece que é hoje que vou finalmente sentir novamente neve a cair em cima de mim. Ela aproxima-se do Porto, a grande maluca. Espero é que entretanto não se assuste e se recuse a fazer o seu trabalho.

Algo para fazer esquecer que está um frio do caraças

Air - Alpha Beta Gaga

Que se lixe a guerra em Gaza...

...lá fora, a estas altas horas em que escrevo, estão quase zero graus e já não sei mais o que fazer para me sentir minimamente quente. Isto está fresquinho, está. Mais um bocado e o sangue que tenho no corpo congela e viro cadáver sem dar por isso.
Aliás, e isto é daquelas coisas tão importantes de partilhar que toda a gente que perder tempo a ler estas linhas irá ficar chocada, comecei a aperceber-me que ao fim de 31 anos de vida passei a ter frio nos pés.
Foi ou não foi um choque, caríssimos? Não sentiram uma pontinha de comiseração pela minha pessoa? Não? Bem me parecia que não.
Daqui para a frente não me venham é pedir mimo. Após tamanho desprezo, o mínimo que desejo a quem me lê e goza interiormente com os meus desabafos é que passe uma noite igual a esta na rua e completamente nu. Ou apenas com algo a cobrir os genitais, vá, para não passar vergonhas.
Vou calçar uns quatro pares de meias e volto quando me apetecer. E aproveitar para encher mais um copo com esse líquido precioso que dá pelo nome de Jameson.

3.1.09

A silver fuck to welcome 2009

Powerful, very fucking powerful!!!!

2.1.09

É de mim ou desta vez não se fizeram reportagens sobre o primeiro bebé do ano?
Se sim, é um grande passo para o jornalismo português, quase tão grande como o primeiro dado pelo Homem na lua.
Caso contrário, e é bem provável que tenha estado distraído porque tive coisas mais importantes e aprazíveis para fazer a 1 de Janeiro do que ver televisão, manifesto a minha solidariedade profissional para com os camaradas que tiveram que realizar trabalho tão estafado, desinteressante e a fugir para o idiota.

Fiquei também curioso porque não assisti a esse clássico que é o Sequim De Ouro – tradução manhosa do evento extraordinário que junta um coro de crianças com vozes insuportáveis e outras não menos insuportáveis que debitam umas cançonetas ranhosas num italiano sofrível a partir de um magnífico (e não estou a ser irónico) teatro de Bolonha. Ah, e onde apareceu pela primeira vez uma das personagens que fazem parte do meu imaginário de criança: o Topo Gigio.

Bullshit

Quando for grande quero fazer discursos de Ano Novo e dizê-los na televisão como se fosse o Presidente da República. A receita é simples. Misturam-se meia dúzia de banalidades sobre os tempos difíceis que nos esperam, acrescentam-se palavras bacocas de esperança e espera-se pelos elogios deste e daquele. Estes últimos funcionam exactamente como as reacções àqueles jantares oferecidos pelos amigos que não correm lá muito bem: parabéns que está tudo óptimo e depois, costas voltadas, toca a ir buscar sais de fruto porque as dores de estômago não se aguentam mas não se teve coragem para revelar que a carne estava mal assada e a sobremesa uma bosta.

By the way, ao ouvir as palavras de Cavaco Silva vieram-me à memória outras de um outro Presidente que aproveitava a data para enviar tudo o que era recado para um Governo autoritário onde o bem estar dos portugueses estava em segundo lugar. Quem liderava esse Governo, quem era? Se responderam Cavaco Silva acertaram em cheio.