17.6.08

Naquela longa avenida de Sarajevo, os jardins escondiam snipers que não escolhiam alvo certo. Divertiam-se por sadismo. Como quando acertaram em cheio no joelho daquela mãe que passeava o filho num carrinho de bebé, deixando-a a contorcer-se de dor. Ninguém a assistiu por não querer arriscar a morte. Quando alguém mais corajoso a tentou arrastar para local seguro, foi imediatamente abatido. Ela ficou ali, a criança não mais parou de chorar.

Hoje, dizem-me que Sarajevo tenta ser uma cidade normal. Já se bebe nas colinas onde se realizaram os Jogos Olímpicos de Inverno, já se anda normalmente nas ruas, já se frequenta o mercado sem medo, já se visitam familiares e amigos em casa um dos outros sem receio de ser assassinado pelo caminho. Mas ainda se respira respeito, muito respeito, pelo passado. E memória. Fantasmas que Sarajevo se recusa a atirar para trás das costas. O choro do bebé continua bem alto. Para que não se esqueça quão tenebrosos foram aqueles dias e se diga às actuais gerações que a História não pode ser repetida.

2 comentários:

Anónimo disse...

Saravejo????

Pedro Emanuel Santos disse...

Já corrigi. Mas o que queria mesmo escrever era Vila Franca de Xira.