25.7.07

Devolvido que estou a condição de viajante by my own, a Sonja partiu hoje para a Lituania e o sueco maluco foi fazer um trabalho qualquer algures aqui na Estónia, resolvi dar um salto até Narva, cidade separada da Russia apenas por um fio de rio. Dar um salto como quem diz, foram mais três horas de viagem de camioneta - a Eurolines vai aumentar os lucros só à minha conta -, mas valeu a pena.
Narva é praticamente russa. Nas ruas, nas lojas, em todo lado, o alfabeto dominante é o cirílico. As pessoas são tambem mais frias, já tinha notado isso nos locais da Letonia onde a maioria da populacao é russa, e falam peva de ingles. Lá tive, portanto, de desenrascar a minha linguagem gestual, que é quase nula e aparentemente ridícula.
Valeu a visita ao castelo, completamente destruído na II Guerra Mundial e agora transformado num museu vivo de Narva. Após subir degraus infindáveis de escadas onde o meu pé tamanho 42 cabia à justa, consegui espreitar todos os espaços do local, bem aprazível, por sinal. E também deitar o olho na outra margem do rio Ivanograd, onde se situa uma cidade homónima que já faz parte das garras do senhor Putin. Aproveitei para ver o movimento da fronteira e deu para reparar que com os guardas fronteiriços russos ninguém brinca. Tudo passado a pente fino, nem que para isso uma viatura tenha que demorar mais de meia hora a preencher todas as formalidades burocráticas.
Antes de Narva, dei um pulinho a Sillullae, uma cidade secreta durante a ocupação da URSS, conhecida por ser um dos principais pontos de exploração de urânio durante os tempos do comunismo. Pouca gente, e triste, muitos velhos e algumas mães que não pareciam ter mais de 16 anos. Valeu uma longa avenida fechada pela copa das arvores para não dar o tempo por mal gasto e nao reclamar o facto de o museu local, que adoraria ter visitado, estar fechado.
Ontem, terca-feira, último dia em que o grupo esteve todo junto, a viagem a Helsinquia acabou por ser abortada. Achámos caro de mais pagar quarenta euros de passagem de barco para estarmos na capital finlandesa apenas duas ou três horas. Tivéssemos combinado para manhã cedo, pensamos todos, num raro exemplo de unidade europeia. Sim, mas não faz mal. Amanhã, sexta, estou a pensar lá ir sozinho.
As horas finais com os meus efémeros companheiros foram passadas no meio de muita cerveja, como não podia deixar de ser, conversas sobre amores e desamores, cada um com o seu caso de fazer chorar as pedras da calçada, perspectivas para o futuro e muita, mas mesmo muita, conversa non-sense sobre o que apeteceu.
Pena ter que me separar deles. Não houve lágrimas de ninguém na despedida e fotos só as tiramos pela metade porque o Thomas insistiu em nao querer aparecer em nenhuma. Esquisito, muito esquisito, o gajo.
No entanto, ficou prometido encontrarmo-nos quando cada um de nós visitar o país dos outros. Como o Thomas é alergico ao sol e eu não aprecio temperaturas estupidamente negativas, é pouco provável que o vá ver outra vez na vida. Com a Sonja é diferente. Ela está a pensar conhecer Portugal e Espanha no ano que vem e eu gostaria de me deslocar à Croacia, assim com à restante ex-Jugoslavia, o mais brevemente possível. Portanto, é bem provavel que partilhemos um copo juntos não tarda nada. Além disso, fiquei a dever-lhe uma cerveja e ela a mim um jantar. E eu nao gosto de ter contas por acertar durante muito tempo.

1 comentário:

Maria Soledade disse...

Estou a imaginar-te levares o polegar à boca inclinando a cabeça ligeiramente para trás, só para entenderem que precisas rápidamente de uma beer!:-)
O tal Thomas deve ter os neurónios um tanto em reboliço pela forma como descreves cenas do gajo, mas já a Sonja...estou a vê-la a conhecer o Mateus!!!...
Rússia e Putin,Putin e Rússia,brrr...dá-me náuseas!
Tira o máximo de fotografias,vê lá, não lixes a mákina!...
Diverte-te/Boas viagens

beijos