30.7.07

O meu codigo genético deve ignorar que sou neto e bisneto de marinheiros de longo curso. Isto porquê, questiona o vasto auditório com pertinência e curiosidade aguçada, tanta como a que teria se estivessem prestes a ser reveladas as novas estatistícas economicas da Bolívia? Porque cada vez que faço uma viagem de barco que mete ondas com mais de metro e meio, começo a soluçar interiormente e só não vomito por, gaba-te Pedro, conseguir controlar o refluxo. Ora aqui esta uma bela tematica, digo eu. Merece ser aprofundada, mas agora o tempo é escasso e falar em vomitado é coisa que não me estimula o intelecto por aí além.
Ora bem, no passado sábado consegui finalmente ir a Helsínquia. A viagem para lá correu bem, fechei os olhos e só os abri já o ferry estava a acostar a capital finlandesa, a de regresso foi o cabo dos trabalhos. Ondulação, enjoo e quase duas horas de suplício. Posso dizer que aquilo abanava tanto que uma das vezes que me levantei parecia que tinha bebido uma garrafa de vodka. Tudo rodava à minha volta e os pés teimavam em querer sair do chão a toda a força.
De Helsínquia, cidade mais pequena do que supunha, posso dizer que fiquei sobretudo entusiasmado com a zona central, a chamada baixa. Alem de ordenada, de ter gente bonita e de ser estupidamente limpa, possuía actividades de rua para todos os gostos. Desde os inevitáveis mimos a saxofonistas, de dançarinos a uma mini-orquestra de musica clássica – composta por quatro violinistas e dois violencilistas – que durante meia hora conseguiu juntar uma plateia de umas cinquentas pessoas. De resto, Helsinquia tem zonas verdes amiúde e respira ares de país civilizado – já tinha tido essa sensação rara em Viena e na Bélgica. E é cara, muito cara. Mas eles ganham bem, que se lixem.
Ontem, domingo, despedi-me de Tallin. Fui aos sítios onde me senti melhor nos dias que ali passei e só tive pena de não poder beber mais uma cerveja na esplanada do Cafe Reval, frente à embaixada de Itália, porque o dito estava encerrado, para meu desgosto. Ainda estive para partir os vidros da montra em sinal de protesto, mas achei melhor nao arranjar complicações. Fui então para a praça que protege o edificio da Câmara e lá fiquei um bom bocado como que a dizer adeus. Emocionei-me, confesso.
Bom, vou acabar de arranjar as malas porque tenho que abandonar o hotel daqui a pouco. Tenho avião as 18h00, em Tallin, e depois as 21h45, em Frankfurt. Se tudo correr bem, pela meia-noite chegarei ao Porto. Caso contrario, se se repetir o cenario da viagem que me levou até Riga, estarei em casa terça-feira a tarde, o mais tardar.

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