30.7.07

O meu codigo genético deve ignorar que sou neto e bisneto de marinheiros de longo curso. Isto porquê, questiona o vasto auditório com pertinência e curiosidade aguçada, tanta como a que teria se estivessem prestes a ser reveladas as novas estatistícas economicas da Bolívia? Porque cada vez que faço uma viagem de barco que mete ondas com mais de metro e meio, começo a soluçar interiormente e só não vomito por, gaba-te Pedro, conseguir controlar o refluxo. Ora aqui esta uma bela tematica, digo eu. Merece ser aprofundada, mas agora o tempo é escasso e falar em vomitado é coisa que não me estimula o intelecto por aí além.
Ora bem, no passado sábado consegui finalmente ir a Helsínquia. A viagem para lá correu bem, fechei os olhos e só os abri já o ferry estava a acostar a capital finlandesa, a de regresso foi o cabo dos trabalhos. Ondulação, enjoo e quase duas horas de suplício. Posso dizer que aquilo abanava tanto que uma das vezes que me levantei parecia que tinha bebido uma garrafa de vodka. Tudo rodava à minha volta e os pés teimavam em querer sair do chão a toda a força.
De Helsínquia, cidade mais pequena do que supunha, posso dizer que fiquei sobretudo entusiasmado com a zona central, a chamada baixa. Alem de ordenada, de ter gente bonita e de ser estupidamente limpa, possuía actividades de rua para todos os gostos. Desde os inevitáveis mimos a saxofonistas, de dançarinos a uma mini-orquestra de musica clássica – composta por quatro violinistas e dois violencilistas – que durante meia hora conseguiu juntar uma plateia de umas cinquentas pessoas. De resto, Helsinquia tem zonas verdes amiúde e respira ares de país civilizado – já tinha tido essa sensação rara em Viena e na Bélgica. E é cara, muito cara. Mas eles ganham bem, que se lixem.
Ontem, domingo, despedi-me de Tallin. Fui aos sítios onde me senti melhor nos dias que ali passei e só tive pena de não poder beber mais uma cerveja na esplanada do Cafe Reval, frente à embaixada de Itália, porque o dito estava encerrado, para meu desgosto. Ainda estive para partir os vidros da montra em sinal de protesto, mas achei melhor nao arranjar complicações. Fui então para a praça que protege o edificio da Câmara e lá fiquei um bom bocado como que a dizer adeus. Emocionei-me, confesso.
Bom, vou acabar de arranjar as malas porque tenho que abandonar o hotel daqui a pouco. Tenho avião as 18h00, em Tallin, e depois as 21h45, em Frankfurt. Se tudo correr bem, pela meia-noite chegarei ao Porto. Caso contrario, se se repetir o cenario da viagem que me levou até Riga, estarei em casa terça-feira a tarde, o mais tardar.

29.7.07

As 10 músicas que vou ouvir mal coloque as patas em casa (sim, que isto de ter vindo de férias sem mp3 foi péssima ideia).

Beija eu - Marisa Monte (andei a trauteá-la durante dias a fio. Só parei quando um velho ficou especado a olhar pra mim no meio da rua)

Passe em casa - Tribalistas

Let´s make love and listen death from above - Cansei de Ser Sexy

Take me down - Smashing Pumpkins

Last goodbye - Jeff Buckley

Ode to divorce - Regina Spektor

It´s not up to you - Bjork

Patchwork - Tindersticks

Rented Rooms - Tindersticks

A gente vai continuar - Jorge Palma (Tira a mão do queixo, não penses mais nisso ; o que lá vai ja deu o que tinha a dar... Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar....)

Ordem aleatoria

27.7.07

Em Portugal, leio na internet, um rapazola matou o irmão por ciúmes e uma mãe atirou o filho pela janela. É bom saber que o meu país continua na mesma: esquizofrénico e estúpido.
Por isso é que se está tão bem longe dele.
Quinta e sexta-feira foram dois dias sem muita história. Andei por Tallin e arredores, não conheci ninguém particularmente interessante, nem descobri um local que fosse que me fizesse abrir a boca de espanto. Pode ser que amanhã, sábado, passe esta onda mais flat quando, finalmente, for a Helsínquia. Os bilhetes estão comprados - foram um bocado caros, mas férias são ferias e ainda não sou um Tio Patinhas - e falta apenas definir um roteiro. Será como eu gosto: em frente é que é caminho, o que surgir pelo meio será bom.

Acho que começo a ficar um bocado cansado. As minhas pernas parecem dois pesos mortos e já não tenho aquela pica que tinha há uns dias para partir à descoberta de sítios novos e surpreendentes. Sinto também saudades do meu cantinho, dos amigos, da família, de fazer festas no meu gato e ficar coberto de pelos dele - não necessariamente por esta ordem, claro. E de comer alguma coisa de jeito, sobretudo frango com caril, não sei porquê mas apetecia-me atirar-me a um frango com caril e a um vinho tinto do Douro bem frutado. No entanto, não me apetece regressar a Portugal. Sou Gémeos e basta, quem me compreender que me compre.

Aproveitei, entretanto, para fazer uma pequena reflexão pessoal sobre a minha vida. Quem quiser saber pormenores que me pergunte porque não vou estar a detalhar-me num blogue lido sabe-se lá por quem. Enfim, podia ter-me dado para pior...

Quanto a fotos, não se preocupe quem me pediu que as tirasse em quantidade suficiente para satisfazer a respectiva curiosidade. Chegarão umas 150?

Ah, e foi muito bom ouvir-te passado tanto tempo.

25.7.07

Devolvido que estou a condição de viajante by my own, a Sonja partiu hoje para a Lituania e o sueco maluco foi fazer um trabalho qualquer algures aqui na Estónia, resolvi dar um salto até Narva, cidade separada da Russia apenas por um fio de rio. Dar um salto como quem diz, foram mais três horas de viagem de camioneta - a Eurolines vai aumentar os lucros só à minha conta -, mas valeu a pena.
Narva é praticamente russa. Nas ruas, nas lojas, em todo lado, o alfabeto dominante é o cirílico. As pessoas são tambem mais frias, já tinha notado isso nos locais da Letonia onde a maioria da populacao é russa, e falam peva de ingles. Lá tive, portanto, de desenrascar a minha linguagem gestual, que é quase nula e aparentemente ridícula.
Valeu a visita ao castelo, completamente destruído na II Guerra Mundial e agora transformado num museu vivo de Narva. Após subir degraus infindáveis de escadas onde o meu pé tamanho 42 cabia à justa, consegui espreitar todos os espaços do local, bem aprazível, por sinal. E também deitar o olho na outra margem do rio Ivanograd, onde se situa uma cidade homónima que já faz parte das garras do senhor Putin. Aproveitei para ver o movimento da fronteira e deu para reparar que com os guardas fronteiriços russos ninguém brinca. Tudo passado a pente fino, nem que para isso uma viatura tenha que demorar mais de meia hora a preencher todas as formalidades burocráticas.
Antes de Narva, dei um pulinho a Sillullae, uma cidade secreta durante a ocupação da URSS, conhecida por ser um dos principais pontos de exploração de urânio durante os tempos do comunismo. Pouca gente, e triste, muitos velhos e algumas mães que não pareciam ter mais de 16 anos. Valeu uma longa avenida fechada pela copa das arvores para não dar o tempo por mal gasto e nao reclamar o facto de o museu local, que adoraria ter visitado, estar fechado.
Ontem, terca-feira, último dia em que o grupo esteve todo junto, a viagem a Helsinquia acabou por ser abortada. Achámos caro de mais pagar quarenta euros de passagem de barco para estarmos na capital finlandesa apenas duas ou três horas. Tivéssemos combinado para manhã cedo, pensamos todos, num raro exemplo de unidade europeia. Sim, mas não faz mal. Amanhã, sexta, estou a pensar lá ir sozinho.
As horas finais com os meus efémeros companheiros foram passadas no meio de muita cerveja, como não podia deixar de ser, conversas sobre amores e desamores, cada um com o seu caso de fazer chorar as pedras da calçada, perspectivas para o futuro e muita, mas mesmo muita, conversa non-sense sobre o que apeteceu.
Pena ter que me separar deles. Não houve lágrimas de ninguém na despedida e fotos só as tiramos pela metade porque o Thomas insistiu em nao querer aparecer em nenhuma. Esquisito, muito esquisito, o gajo.
No entanto, ficou prometido encontrarmo-nos quando cada um de nós visitar o país dos outros. Como o Thomas é alergico ao sol e eu não aprecio temperaturas estupidamente negativas, é pouco provável que o vá ver outra vez na vida. Com a Sonja é diferente. Ela está a pensar conhecer Portugal e Espanha no ano que vem e eu gostaria de me deslocar à Croacia, assim com à restante ex-Jugoslavia, o mais brevemente possível. Portanto, é bem provavel que partilhemos um copo juntos não tarda nada. Além disso, fiquei a dever-lhe uma cerveja e ela a mim um jantar. E eu nao gosto de ter contas por acertar durante muito tempo.

23.7.07

Bem, depois da despedida de Riga, no sábado, só não chorei porque continuo a ser homem, e de uma estafada viagem de camioneta durante cinco horas e meia ate Tallin, domingo, na qual tive a companhia de um curioso japonês, eis que me encontro instalado na belíssima capital da Estónia.
Fiquei um pouco decepccionado quando cheguei ao hotel, um bocado anárquico para meu gosto, mas já recuperei as forças e o ânimo. Hoje aventurei-me pelas ruas do centro, vá la que não me perdi uma vez que fosse, e encontrei duas excelentes companhias num barzito... irlandês: Sonja, uma croata que está em viagem vai para dois meses, e Thomas, um sueco que trabalha aqui mas que diz mal do país a toda a hora - "nao tenho nada que aprender a língua deles, que se fodam. Se quiserem que aprendam sueco", grita ele de cinco em cinco minutos. Ficamos umas horas valentes a falar sobre tudo (dos 45 graus negativos que se fazem sentir no norte da Suecia durante o Inverno, da II Guerra Mundial, de bolinha, claro, dos eslavos que estao a destruir a Suecia, segundo alega o Thomas, da Estonia, disto, daquilo e afins) e depois, embalados pela meia duzia de Guiness que emborcámos para não perder o ritmo da conversa, fomos jantar a uma pizzaria baratucha. Pelo meio, encontrei, pela primeira vez desde que comecei a viagem, um grupo de portugueses. Foi estranho ouvir falar a nossa lingua. Perguntei-lhes de onde eram, responderam que de Lisboa, e mostraram um entusiasmo tão parco por se cruzarem com um compatriota longe da terrinha que me apeteceu cuspir-lhes na cara. Só não o fiz porque sou bem educado e as ruas daqui são limpas de mais para merecerem um escarro que seja.
Eu, a Sonja e o Thomas vamos amanhã a Helsínquia, na Finlândia, duas horas de barco, mais ou menos. Combinamos encontrarmo-nos frente ao edificio da Câmara logo pela manhã. Mas da maneira que estavámos quando acertamos hora e local, duvido que alguém se vá lembrar. A ver vamos.
Beijinhos e abraços, a emissão continua dentro de momentos.

21.7.07

Hoje é o meu último dia em Riga, cidade que, desconfiadamente, comecei por olhar de lado e que de que fui gostando cada vez mais. Vou aproveitar a tarde para me despedir dela, percorrendo os cantos que irão deixar em mim mais saudade. Mais fotos, assim a máquina o permita, e, sobretudo, cheiros, rostos e olhares, algo que só a memoria conseguirá reproduzir no futuro.
Ontem, fui a Vilnius e acabei por dar por bem empregues as sete horas que passei dentro das camionetas da Eurolines que lá me levaram e de lá me transportaram ao poiso do costume. Antes de chegar, parei uma meia hora em Panevezys, considerada a capital do crime na Lituânia, sem dúvida um belo cartão de visita. Mas não dei por nada de especial, a não ser com um local que pouco mais tinha do que banal. Rimou e é verdade.
Vilnius é uma cidade branca, com uma zona histórica ampla e bem cuidada, muito luminosa, assemelhando-se a Lisboa em certos aspectos. Almocei num restaurante lindissimo, com bancos e mesas de madeira, um pequeno lago nas traseiras e um alpendre fresco que suavizou o calor que se fazia sentir. Ainda por cima foi barato.
Calcorreei depois as ruas de Vilnius durante quase três horas, parando em barzinhos minúsculos, em bancas de comércio ao livre, em esplanadas. O único senão foi ter dado cabo da máquina fotográfica, ainda estou para saber como. Fui a uma loja da especialidade, o que eu gosto de lojas da especialidade, onde uma solícita lituana que falava inglês bem e depressa me disse, com uma sinceridade questionável, que o melhor era mesmo comprar outro aparelho porque o que tenho está bom para ir para o lixo. "Esta bem grande cabra, belo conselho que me deste, foda-se". Sim, que eu falo mal para mim proprio quando fico furioso. Só não me espanco porque ainda mantenho os sinais de sanidade mental na média, ou acima dela. Acho eu.
Saí porta fora em direcção a estação de autocarros, onde me entretive a tentar consertar o que parecia irremediavelmente perdido. E não é que consegui? Quer dizer, aquilo tirar fotos até que tira, resta é saber como ficarão. Cá para mim será tipo as da Lomo, nunca se sabe muito bem o que vai sair dali.
Bom, agora vou almocar porque a manhã ja la vai... Talvez repita umas filetes de galinha com pimenta e vegetais, o prato que mais gostei no "kafejnica" de que me tornei cliente assíduo. E nao foi apenas por causa dos olhos azulíssimos da empregada ou do licor de ervas.
Obrigado e com licença, que vou ali e já venho.

PS: Acho que vou embora de Riga na altura certa. Chegou ao hotel um grupo considerável de israelitas, identifiquei-os pelo kippah e pelos jornais com caracteres hebraicos que traziam debaixo do braço, que quando se cruza comigo lança olhares desconfiados. Normal, se fosse judeu também ficaria de pé atras com um tipo que tem a barba ligeiramente grande e anda sempre com uma mochila atrás das costas. Por isso, adiós Riga enquanto é tempo e antes que um tipo da Mossad entre quarto dentro e me abata com uma pistola com silenciador. Eles são assim, atiram primeiro e só perguntam depois.

19.7.07

Isto de estar de férias tem dias que cansa, porra. Mas cansaço deste eu gosto. Devo ter as pernas pior que as de um futebolista depois de jogar dois prolongamentos num campo cheio de lama e ainda bem. Viva o masoquismo.
O dia de ontem passei-o na zona que antecede a parte velha de Riga. Foi bom porque fiquei a conhecer a Antonija, linda, refrescante, animada, simpatica, bem arrumada e civilizada. Não, não pensem que caí de amores por uma letã, Antonija é uma rua particularmente interessante aqui do sitio. Comprida, coberta de arvores dos dois lados do passeio, com esplanadas a perder de vista e bares porta sim, porta não. Desemboca num... estádio, o do Skonto, onde a selecção de Portugal jogou há pouco tempo uma partida, salvo erro, de qualficação para o Campeonato do Mundo. Nao me lembro do resultado, apenas que uma rapariga de seios desnudados entrou então em campo dentro só para beijar o Cristiano Ronaldo. Ontem não tive essa sorte, ninguém quis oscular em trajes menores este que se assina, mas espreitei o recinto e assisti a um pouco do treino do Dinamo de Minsk, equipa que hoje joga com o Skonto para a Taca UEFA. Aliás, tive à conversa com o Serguei, o fiel organizador do site do clube bielorrusso, e com uns quantos jornalistas vindos de Minsk, para alem do assessor de imprensa do Skonto, o qual mal soube que era portugues ficou a olhar para mim com cara de poucos amigos, culpa dos outros tugas que vieram para aqui roubar bandeiras e deixaram o nome do nosso pais na mais baixa consideração. Pelo sim, pelo não, a partir de agora vou apresentar-me a toda gente como espanhol. Pensei tambem em fazê-lo como sueco, mas estou longe de ter figura escandinava.
Percorrida, literalmente, que está boa parte de Riga, pelo menos a mais apelativa, decidi hoje, manhã cedo, ir para Ventspils, a uns 200 quilometros. É a terceira maior cidade da Letónia e demorei três horas de camioneta a lá chegar. Habitada maioritariamente por russos, não é preciso demorar muito a percebê-lo. São mais carrancudos, mais feios e têm uma forma ainda mais fria ainda de se exprimir que os letões.
Ventspils tem pouco de interessante e acabou por ser uma semi-desilusão. É velha, tem edifícios a cair e apenas o pequeno centro, vedado ao trânsito automóvel, pode considerar-se agradável. Além disso estava um vento particularmente incomodativo.
Como gosto de retirar o mais positivo entre o negativo, fica a boa recordação do almoço. Ou melhor, do quase lanche, eram quatro da tarde quando me sentei à mesa de uma esplanada para afagar o estomago depois de ter andado perdido tempos a fio pelas ruas da cidade. Tinha um mapa comigo, é certo, mas devia ser do tempo da II Guerra Mundial.
Pois que comi um creme de cogumelos como antes nunca tinha comido, o da Knorr que faço em casa fica a milhas de distância, e umas carnes frias acompanhadas por vegetais de toda a espécie e feitio, alguns deles desconhecidos para mim e execráveis, diga-se.
Agora vou dormir que amanhã cedo, pelas 8h00, tenho uma camioneta para apanhar ate Vilnius e quatro horas de viagem à espera. Além disso, ao lado do meu computador está sentada uma russa gordíssima que não para de me chatear porque não consegue aceder à internet.

18.7.07

Bom, não me alongando muito porque o tempo é escasso e isto não tem acentos e outras particularidades, cá vão as minhas primeiras impressoes das férias.
A viagem que me levou ate Riga durou qualquer coisa como dezoito horas. Podia ter ido até à outra ponta dos Estados Unidos, por exemplo, o que até nem teria sido mau. Só que não foi bem isso que aconteceu. Um atraso da TAP fez com quem pusesse aqui os pés após uma eternidade passada em filas para tentar resolver uma situacão que não foi provocada por mim. Resumindo, voei do Porto para Lisboa, até aqui tudo bem, de Lisboa para Frankurt, o tal atraso de quase uma hora que me foi fatal, e posteriormente tive de fazer mais um voo suplementar porque perdi o que teria de me levar de Frankfurt a Riga. Ou seja, lá tive que me desenrascar entre Frankfurt e Berlim, pelo menos deu para conhecer a capital alemã pelo ar, e daqui, finalmente, para Riga. Cheguei todo partido e todo partido continuo porque tenho andado a pé como um tolo a correr Riga, uma cidade classica qb, bem cuidada, relativamente barata e com varios pontos assaz interessantes. Sexta, vou a Vilnius, na Lituânia, e até lá espero continuar a beber tanta cerveja como ate aqui tenho bebido. Meio litro de cada vez, porque o calor é muito e o preço bastante em conta. E ficar desidratado é um risco que não pretendo correr.

16.7.07

É você - Tribalistas

Enquanto espero o táxi que me transportará ao aeroporto, ouço a música de que mais vou ter saudades nas próximas semanas. Vá se lá saber porquê. Quer dizer, há quem saiba. Mas é um segredo só nosso.

Amigos, companheiros, camaradas, palhaços, povo em geral. Serve a presente mensagem para informar que a partir deste momento estou de férias. Isso mesmo, moinice total, preguiça absoluta e tudo o que há de bom no reino do ócio.
Daqui a poucas horas parto para Riga, assim a TAP o permita.
Prometo dar notícias. Isto se me entender com os computadores do Báltico e os preços de acesso à internet me agradarem. E, pormenor importante, se não tiver um desastre aéreo que me corte as asas da vida, o que agora não me dava muito jeito até porque a viagem está mais que paga e seria dinheiro deitado ao lixo.
De qualquer forma, se me mantiver calado durante as próximas duas semanas é favor ligarem para os hospitais de Riga e/ou Tallin, os números de telefone podem ser encontrados na internet.
Obrigado, com licença e boas férias para mim que bem mereço, digo eu.

15.7.07

Tallinn - Estonia

As malas estão prontas, há qualquer coisa que me esqueci mas não quero saber o quê, há ansiedade, há nervoso do desconhecido e vontade de lhe abrir os braços também, há planos que vão sair completamente ao lado, há cenários antecipados. E há saudades tuas. Já.

Riga - Latvia

As malas estão prontas, há qualquer coisa que me esqueci mas não quero saber o quê, há ansiedade, há nervoso do desconhecido e vontade de lhe abrir os braços também, há planos que vão sair completamente ao lado, há cenários antecipados. E há saudades tuas. Já.

13.7.07

Por falar em Natália Correia, há um poema dela que eu aprecio e com o qual quase me identifico totalmente.
Chama-se "Creio nos anjos que andam pelo mundo" e consta do seguinte:

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio nos amores lunares com piano ao fundo
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes.

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas
Na ocupação do mundo pelas rosas
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Bonito, não é?
O tema de base de um estúpido programa de televisão era hoje o seguinte: "como vêem os portugueses as praias de nudismo?". Para mim, a resposta é muito simples: "de olhos arregalados, pois então". Mas não, durante uma hora, convidados em estúdio e telespectadores interessados em dar a sua opinião irrelevante discutiram o assunto com uma profundidade tal que parecia estar em causa o futuro do país e até da humanidade. Só faltou citarem Hegel e lerem um poema da Natália Correia para aquilo ficar ainda mais entusiasmante.

Isto é que é a globalização na sua forma mais simples e pura. As meninas são húngaras e cantam Mary Cristo, dos Tribalistas, num português com um sotaque delicioso. Aposto que não perceberam uma só palavra que soltaram da boca. Aliás, gostei quando disseram qualquer coisa como "passarinho jalabade, tassa nu toto ta no". Não entendi patavina, mas deu para ver que se divertiram à grande. E eu também.

Especialistas, pelo menos assumem-se como tal, dizem que os tímidos são mais propensos a sofrer ataques cardíacos. É bom saber que me querem tão mal. Sim, que mora em mim um homem que ruboresce com certa facilidade, portanto alguém a quem está prometido um enfarte um dia destes, segundo a douta opinião dos autores do estudo. Já não bastava fumar, embora cada vez menos, e comer bem pior do que devia e agora vêm estes senhores contribuir para que me transforme num candidato à morte certa por traição coronária só porque não sou um daqueles tipos que chega onde for e começa a falar com toda a gente como se não houvesse amanhã. Irra, que não há quem não me deixe em paz...

11.7.07

Reparei hoje que me nasceram mais uns três ou quatro cabelos brancos. Isolados, praticamente não se notam. Mas eu atribuo-lhes importância. Das duas uma, ou estou a ficar um velho decrépito ou a caminho de me assemelhar ao George Clooney.
Como tenho os pés assentes no chão, alinho pela primeira possibilidade.
Ainda pensei afogar-me numa garrafa de vodka ou atirar-me de uma ponte, só que não gosto de vodka e tenho vertigens. Por isso, prefiro encarar esta nova fase com um sorriso de naturalidade.
Para soltar mágoas escondidas, soltei a famigerada expressão "quando era novo" à primeira oportunidade. E senti-me verdadeiramente um trintão maduro.
Um bocadinho parvo, também. Mas vida sem parvoíce boa não é vida.

10.7.07

Daqui a uma semana, estarei em Riga a curtir a minha primeira madrugada de férias. A dormir, mais que provavelmente, porque terei que me levantar cedíssimo para apanhar a primeira das três ligações aéreas que me farão o favor de lá levar – ficou mais barato, sim, mas vai ser uma canseira.
Como duas delas serão asseguradas pela TAP, há qualquer coisa que me diz que as grandes emoções vão começar num abrir e fechar de olhos. Talvez percam as minhas malas ou os voos se atrasem. Ou então têm outra surpresa na manga que prefiro nem sequer pensar qual será. Mas qualquer coisa hão-de fazer para que me lembre deles quando um dia tiver que inventar umas estórias para contar aos netos.
Só peço é uma coisa: não sentem a meu lado uma velhinha com medo de voar que na descolagem agarre a minha mão enquanto reza o terço em voz alta.
Já agora, também gostaria que um tipo da Al-Qaeda não rebentasse no interior do aparelho. Se tiver que morrer que seja com dignidade e não desfeito em pedacinhos mais pequenos que areia.

8.7.07

Jorge Palma - Encosta-te a Mim

Tardou mas chegou. O GRANDE Jorge Palma está de regresso. Já não era sem tempo. São pedaços destes que me fazem feliz. As tais coisas simples da vida que sabem tão bem.

"Tudo o que vi, estou a partilhar contigo.
O que não vivi, hei-de inventar contigo".


Os locutores de rádio que apresentam programas depois da meia-noite devem padecer de algum distúrbio de personalidade. Só isso explica que debitem frases sem sentido num tom de voz que convida ao suicídio de alguém ligeiramente, mas apenas muito ligeiramente, depressivo. O que, felizmente, não é o meu caso, senão acho que já tinha cortado os pulsos ou engolido uma embalagem de Valium ao som de expressões inócuas como: "caminhe comigo nas profundezas das estrelas", "acompanhe-me nesta imensidão de negro"ou "só eu e o você no éter da noite".
Eles disseram mesmo isto, eu ouvi.
Ao mesmo tempo que tentava decifrar estes enigmas, lembrei-me a desoras que estava a passar na RTP2 o grandioso "Antes do Amanhecer". Já não fui a tempo de o apanhar. Por um lado, ainda bem. Corria o risco de me emocionar mais que o recomendável com a história bonita daqueles dois. Tenho andado muito vulnerável nos últimos tempos.

7.7.07

Radiohead - Fake Plastic Trees

Hoje foi o meu dia Radiohead. Em casa e no carro, sobretudo no carro. Isto é tão bom que até dei uma volta cinco vezes maior do que o costume no regresso do trabalho só para acabar de ouvir o "The Bends" até ao fim. Por falar nisso, amanhã tenho que meter gasolina. Enfim, sabem-me bem estes pequenos momentos em que a lucidez fica para trás. Apesar do preço do combustível.

Os benfiquistas têm boas razões para andarem preocupados. Se o clube for comprado pelos chineses não vai durar muito mais tempo. Basta uma inspecção da ASAE e era uma vez.

6.7.07

Marisa Monte

A primeira música do dia. Soube tão bem ouvi-la!





Falta pouco mais de uma semana para o início das minhas férias mais planeadas de sempre. Depois vai sair tudo ao contrário, mas isso agora não interessa nada. O que sei é que já começo a sentir aquele nervoso miudinho, aquela ansiedade, aquela sensação de que os dias passam mais lentamente do que gostaria. Até frio no estômago. Só que isso deve ser outra coisa.

Let''s come together, pede a UE. Bute!

Eu achei a ideia bem sacada. Não seria certamente com imagens de filmes do Manoel de Oliveira ou do João Botelho que a UE conseguiria chamar a atenção para o bom cinema que se faz na Europa. Por isso, let´s come together. E que se lixem os puristas e conservadores. O que eles querem sei eu...

5.7.07

Economia para aqui, economia para ali, economia para trás, economia para a frente, economia sempre. Foi esta a tónica dos discursos de Lula da Silva e José Sócrates durante a cimeira União Europeia/Brasil que se realizou em Lisboa.
Questões culturais, zero.
Reforço dos laços de irmandade, zero.
Divulgação da língua portuguesa, zero.
Elogios aos brasileiros que aqui se matam a trabalhar, zero.
Interessa é captar investimento. Para gerar mais postos de trabalho, admito que sim, mas também para engordar os bolsos dos ficam sempre a ganhar quando se lhes abre as portas de um país com mão-de-obra que pode ser facilmente explorada. E tanto faz ser no Brasil, na Índia ou no Uganda. Interessa é apostar onde o lucro foi mais tentador. No dia em que o deixar de ser, mais portas se abrirão noutras paragens onde há gente com fome e governos apenas interessados em atrair capital.
A globalização é isto. Para mal dos nossos pecados.
O pior imbecil é aquele que julga que todos os outros são imbecis. Não sei quem disse isto mas está de parabéns, acertou em cheio. Puta de vidinha medíocre que alguns têm e insistem em vender aos outros.
É assim tão difícil sorrir com as coisas simples da vida?

4.7.07

Ai, que sou uma jogadora tão maluca!



O Benfica conseguiu, finalmente, encontrar um equipamento tão másculo como o Nuno Gomes e o Simão Sabrosa. Os calções serão substituídos por lindas saias de folhos que farão corar de inveja qualquer travesti que se preze. Quanto às chuteiras, está a ser ponderado o uso de salto agulha. E o patrocínio será da Opus Gay ou da ILGA, assim a Liga o aprove.

3.7.07

Toquinho - Aquarela

Tinha uns 14 anos quando descobri este tesouro. Ainda hoje me toca fundo. Sinal que ainda tenho alguma coisa de bom do passado que começa a ser cada vez mais lá atrás.

Elis Regina e Tom Jobim - Águas de Março

São as águas de Março fechando o Verão;
É promessa de vida no teu coração.

2.7.07

Taxista: "Então, estamos no Verão ou no Inverno?"
Eu: "Não sei... Talvez no Outuno"
Taxista: "O 25 de Abril levou tudo. Até o tempo já não é o que era"
Olho para o homem de lado e calo-me. Nunca mais abri a boca durante a viagem.
Apetecia-me, contudo, ter-lhe dito qualquer coisa do género:
"O senhor cheira tanto a suor que parece um porco a caminho do matadouro. Aliás, os porcos, coitadinhos, emanam um odor corporal bem mais agradável que o seu. Mas compreendo-o. Depois do 25 de Abril, o sabão para arrancar sarro é bem mais difícil de encontrar no mercado. Maldito Salgueiro Maia".

1.7.07

Portugal estará à frente da União Europeia nos próximos seis meses.
Em 2000, durante a última presidência, cobri uma cimeira realizada em Santa Maria da Feira que, além das apertadíssimas medidas de segurança, ficou-me na memória por ter conhecido camaradas de outros países e com eles ter travado belas e longas conversas. Sobretudo com um luxemburguês com um nome estranhíssimo, amante de vinho e do futebol português. Sim, que de política europeia percebia quase nada.
Também apreciei quando um dinarmaquês com ar de avozinho sobressaltou o centro de imprensa ao entrar num site de gajas com o volume do computador no máximo. Gemidos altamente pornográficos inundaram sonoramente a sala enquanto o senhor, vermelho como um pimento, tentava encontrar maneira de desligar as colunas.
Ah, e também posso dizer que urinei ao lado do Romano Prodi. Ou melhor, ele é que deve andar por Itália a gabar-se de ter partilhado comigo os lavabos. Ainda estive para lhe sacar uma entrevista. Mas não costumo levar bloco e gravador quando me vou aliviar.