30.5.07

- Aos 20 anos era um tipo idealista, revolucionário e crente no homem político. Aos 30 sou realista e deixei de acreditar nos políticos ao perceber que o poder, seja praticado por quem for e em que sistema for, é sempre corrupto.

- Aos 20 anos tinha consideração por toda a gente, mesmo por aqueles que sabia que à mínima hipótese me espetariam um facalhão nas costas. Aos 30 sei o que é sentir nojo de alguém sem me culpar por isso.

- Aos 20 anos havia quem gostasse do meu sentido de humor. Aos 30 anos sinto que o meu humor está cada vez mais negro, o que até me agrada, e marimbo-me para o que os outros pensam sobre o que digo.

- Aos 20 anos fazia primeiro e pensava depois, quase sempre. Aos 30 penso antes, até de mais, e só depois faço.

- Aos 20 anos adorava cinema. Aos 30 continuo a adorar.

- Aos 20 anos não conseguia passar um dia sem ouvir música. Aos 30 a coisa piorou, chegando ao ponto de me sentir esquisito quando estou em casa sem ouvir nada de interessante.

- Aos 20 anos fumava meia dúzia de cigarros por dia e um maço de Marlboro custava nem 300 paus. Aos 30 espero deixar de fumar o mais depressa possível e um Marlboro custa mais do dobro.

- Aos 20 anos ainda não tinha carta de condução. Aos 30 adoro conduzir, é das coisas que mais me dá prazer.

- Aos 20 anos gostava de estar com amigos e família mas precisava sempre do meu espaço para me encontrar comigo sem melindrar os outros. Aos 30 sinto exactamente o mesmo e acho que vou morrer assim, seja daqui a cinco minutos, seja daqui a meio século.

- Aos 20 anos queixavam-se que não abria para ninguém o que vai cá dentro. Aos 30 idem aspas.

- Aos 20 anos dizia que queria correr mundo. Aos 30 continuo a dizer o mesmo; sou mais viajado um bocado mas falta-me dinheiro e tempo para fazer o que queria.

- Aos 20 anos idealizava que queria ser feliz mas tinha a certeza que ainda não tinha encontrado a felicidade plena. Aos 30 sei que isso não existe; tento tirar da vida momentos felizes e aproveito-os ao máximo antes que a infelicidade bata novamente à porta, o que é inevitável e continuará a ser.

(to be continued)

1 comentário:

Mar disse...

"Nada é o que era, nada foi o que sonhamos, apenas visões esfumadas ao contacto da memória, apenas imprecisas impressões de um tempo gasto pela usura. Tivemos o mundo, fomos o mundo..."

O advogado bracarense é que sabe!